Apoio público ao estacionamento duma cidade semi-falida: Lisboa

Enquanto em Lisboa a EMEL continua a considerar que estacionamento na via pública é “direito constitucionalmente consagrado”, oferendando aos munícipes com automóvel, 12 metros quadrados de espaço público pela simbólica quantia de 12 euros por ano, ou seja, 1 euro por metro quadrado-ano na capital de Portugal, na mesma capital onde um apartamento de 50 metros quadrados ultrapassa os cem mil euros; nas cidades onde os apartamentos são igualmente onerosos como é o caso de Amesterdão, o preço do espaço público e do estacionamento obedece, justamente, ao mesmo paradigma de preçários sem qualquer tipo de discriminações injustificadas.

Pois em Amesterdão uma avença anual para estacionar o automóvel no centro da cidade 24 horas por dia, custa 13281 euros. Escrevo por extenso pois temo que podeis não ter percebido bem: treze mil, duzentos e oitenta e um euros por ano, é o que custa uma avença anual de estacionamento em Amesterdão. Já a avença congénere em Lisboa nos parques da EMEL, não chega aos 80€ por mês, cerca de 960€ por ano, cerca de 14 vezes menos que em Amesterdão. E não, não há paridade-poder-de-compra que alguma vez justifique estes números.

Já estacionar uma bicicleta na cidade de Lisboa, é tarefa muitas vezes praticamente impossível, mesmo considerando que no espaço onde cabe um automóvel, cabem em média 9 bicicletas.

fontes:
-http://www.q-park.nl/nl/parkeren-bij-q-park/per-stad/amsterdam/de-bijenkorf
-http://www.veraveritas.eu/2015/04/retorno-sobre-investimento-dos-parques.html

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Gostava de ter o serviço de transportes públicos em Lisboa equivalente ao de Amsterdão. Gostaria que existissem silos de parqueamento automóvel em Lisboa tal como existe no Porto. Convém comparar as coisas com contexto e não de forma avulsa conforme dá mais jeito para a argumentação.

Por acaso, uma das coisas que os estrangeiros que passam por Lisboa (turistas ou trabalhadores) mais elogiam, é precisamente o sistema de transportes públicos.

O problema é que para “nós”, bons transportes seria termos todos uma carreira directa da nossa rua para o centro da cidade… eu não creio que isto aconteça em lado nenhum no Mundo.

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Devem ser turistas do Bangladesh e trabalhadores das avenidas novas.
Estou à vontade para falar da rede de transportes públicos de vários países europeus e digo sem rodeios que nosso é mediocre. Os autocarros da Carris não são de confiança de todo, nunca se sabe quando chegam nem onde andam. O Metro está sempre avariado ou com perturbações, A Oferta da CP é neste momento minimalista e os parques empresariais continuam sem oferta mensurável e completamente esquecidos.

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A estrangeirada com quem mais convivo são europeus de diversos sítios…
Eu não sou muito viajado, a única capital que visitei até hoje foi Roma. E os nossos transportes dão tipo… mil a zero aos de Roma.

Discordo do que diz da CP. Uso todos os dias a CP para me deslocar a Lisboa, e além da frequência ser muito boa (a rondar os 5 a 7 minutos de intervalo por comboio), os atrasos são raros.

Quais parques empresariais em Lisboa é que estão esquecidos e têm pouca oferta?

E vale a pena ver o trânsito em Roma, exemplar, não ?

Parques empresariais: Alfragide, Lagoas Park, Quinta da Fonte, Tagus Park onde reina o monopólio da Vimeca com oferta minimalista e onde não chega o comboio, metro ou a carris. E não vale a pena vir com a conversa de que não é Lisboa e é Amadora e Oeiras, têm um fortíssimo impacto no trânsito e no tráfego de passageiros em Lisboa porque tudo é centrado em Lisboa. Em várias cidades europeias concorrem nos mesmo percursos metro, comboio, TRAM e autocarro e ninguém fica escandalizado com a “duplicação” de oferta, antes pelo contrário, os trânsito reduz-.se a um mínimo.

Aqui para o número 3 do burgo ciclista, os TP só serão bons quando houver
bailarinas russas a bordo. Realmente o que os TP necessitam é de uma boa
campanha de marketing. O automóvel custa em média 320 euros por mês e
ninguém bufa; o L123 custa 90 euros e dá para todos os transportes da AML e
a malta está constantemente a berrar que são caros.

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Bem, chegamos à mesma conclusão então…

Não percebi se quis dizer se o trânsito em Roma é maravilhoso ou caótico. Nem sei qual dos casos é… mas não me pareceu tão mau como o de cá, nem de perto nem de longe (mas em artérias na periferia talvez a conversa seja outra, não faço ideia).

Então porque é que nos centros empresariais lisboetas, tais como Eixo Central - Avenida da Liberdade e Parque das Nações, onde os transportes públicos que distribuem as pessoas pela cidade e de e para a periferia são realmente bons, o trânsito consegue ser tão mau ou ainda pior que nos parques periféricos?

O plano actual de remodelação das praças e ruas de Lisboa vai lentamente reduzindo o espaço para o automóvel.
Moro em Campolide e eliminaram muitos lugares de estacionamento. Entretanto o parque no subsolo, pago, continua muito vazio.
Globalmente haverá tendencia, mesmo se a acho lenta demais, para eliminar esse privilégio lisboeta do espaço público a borla para os pópós…
Quanto aos TP, foram esquecidos durante anos e falta projectos com visão alargada. Ter uma capital sem metro que vá a todas as zonas da cidade é sinal que se perdeu tempo.

O L123 só chega a Alverca e se forem 3 já são 270 Euros. Adiciona o resto e lá se foram os 320 €, par não falar do tempo de percurso e mudanças. Mas nem era isso que estava em discussão

Simples. Ao contrário do que o senhor ali de cima quer fazer crer, eu gostaria de ter transportes públicos para o local de trabalho, infelizmente como não tenho, sou metido no saco dos Lisboetas que pegam no carro para fazer 3 ou 4 Km de rabo sentado porque isso dos TPs é só para pobres e a tiazona que mal consegue levantar a peida do assento não está para cansar as pernas a dar a volta ao quarteirão!

@Three, você já anda aqui por este fórum faz algum tempo… não sei se já há mais de 1 ano, mas certamente vários meses e com uma participação de regularidade razoável. E, não partilhando (pelo menos da generalidade, segundo me parece) da visão que muitos dos associados da MUBi têm para o que seria uma melhor qualidade de vida urbana, consigo ver que algumas coisas no seu discurso foram mudando com o tempo e certamente se apercebeu que esta malta aqui não são os radicais, os excêntricos e os maluquinhos que às vezes por aí se diz… pelo menos não será a regra.

Eu acho que percebe que nós (ou eu) quando falamos da malta que pega no carro todos os dias, não me refiro certamente àquela parcela da população que são francamente mal servidos de transportes. Eu não vivo numa redoma, tenho amigos, familiares, conhecidos, razoavelmente distribuídos pela área metropolitana de Lisboa, comunicamos, partilhamos experiências, e há sem dúvida várias realidades. E se conheço gente que é mal servida de transportes entre a sua habitação e o local de trabalho, conheço ainda mais gente que é bem servida no seu percurso, mas opta por pegar no carro. A “chamada de atenção” é precisamente dirigida a estas pessoas, não àqueles cuja alternativa aos 30 minutos de carro são as 2 horas divididas entre comboios e autocarros.

Pense no seguinte. A praça do Marques de Pombal, onde trabalham milhares de pessoas, tem duas linhas de metro a atravessá-la, tem mais duas nas suas proximidades e que ligam rapidamente (a vermelha no Saldanha e a verde no Rossio). Através do metro liga em pouquíssimos minutos a todos os comboios que servem Lisboa (incluindo o comboio da ponte), assim como aos barcos que ligam as margens. Não sei quantas carreiras de autocarros passam ali… mas serão certamente na ordem das dezenas! Inclusive alguns que vêm directamente de alguns locais da periferia… um que cheguei a usar mas desisti, por ficar tanto tempo preso no trânsito.
Contudo… está a A5 completamente entupida todos os dias para aquela zona. Naquele caso, é muito difícil argumentar com “falta de alternativas”.
E o mesmo digo da Ponte… com comboios frequentes a passar debaixo da Ponte, autocarros frequentes a passar por cima da Ponte, e também barcos a passar lá em baixo no rio… todooos eles a desembocarem directamente no centro de Lisboa.

Não é claro o caso do TagusPark. Isso a gente já sabe. Para ali, a solução tem de ser mais transportes públicos… mas olhe, não lhe consigo dar grandes notícias, que só vejo os candidatos a Oeiras a falar de viadutos, túneis, e mais estacionamento. TP nickles batatóides. As pessoas passam a vida a queixar-se dos TP, mas a verdade é que isso não dá votos.

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Se forem três pessoas provavelmente a família tem dois carros, ou seja,
640€.

Provavelmente, mas a sua posse não significa que circule em simultâneo e portanto essa estimativa de custo carece de fundamento.

A constituição Portuguesa concede o direito à propriedade privada e isso inclui todos os bens incluindo automóveis. A posse é um direito que não pode ser taxado de nenhuma forma, (ainda que os sucessivos governos insistam em taxar a posse de bens como imóveis e automóveis apenas para saque financeiro). Não interessa se tem 2 carros, dois frigoríficos ou três corta-relvas, é um direito inalienável independentemente dos custos que tenha com isso.É simplesmente do domínio privado!
No caso dos automóveis o que deve ser taxado é a sua circulação na medida em que utiliza espaço público e emite gases poluentes

Espaço público ocupado por propriedade privada também é um direito inalienável?

É que eu geralmente tenho a máquina de lavar dentro da minha casa, mas o carro tem de ficar na rua, a ocupar espaço que não é meu.

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Mais carros para a cidade…:persevere:

Não foi isso que seu disse, evidentemente que para a posse de múltiplas viaturas terá de se ter um estacionamento/espaço privado para tal, e aí sim, aplica-se o que eu disse. Apesar disso a posse de garagens, apesar de libertar espaço público, é penalizada com aumento no IMI

Propaganda populista!

Atribuição de uma segunda zona de estacionamento gratuito na cidade a todos os moradores, além da zona de residência;
Estacionamento gratuito nos primeiros 20 minutos em qualquer zona da cidade, para residentes;
Desconto de 50% para moradores nas tarifas da EMEL — que “deve ser amiga dos lisboetas e não uma caça-multas como até agora”.

espera, ou seja, escolhe como segunda zona a zona do trabalho.
os lisboetas são os mais beneficiados em transportes públicos (quando trabalham em lisboa) com isto parece-me que vão utilizar ainda mais o carro

Claro que muitos lisboetas vão ficar bastante felizes com esta medida

Interessante ver como são resolvidas algumas questões relativas ao estacionamento em Lisboa

https://www.publico.pt/2017/09/01/local/noticia/emel-muda-bicicletas-de-sitio-para-nao-roubar-espaco-aos-carros-1783989

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