Culpabilização das vitimas

Já muito se tem falado neste tema, nomeadamente devido a certas publicações da psp/gnr sobre os peões a atravessar passadeiras com fones e afins, mas hoje vi uma nova que me deixou mesmo surpreendido

Num dos programas da tarde da tvi (zapping e tal :smiley:

Estavam a falar na decisão do juiz de atenuar a sentença para o gajo que bateu na mulher que o tinha traido

E depois falam noutra decisão, desta vez um condutor que tinha sido absolvido depois de atropelar mortalmente uma idosa de 80+ anos, que ia a passar numa passadeira

E eu a pensar, wow, assim tá bem, vão falar de problemas que acontecem todos os dias, matando muita gente, e não apenas em coisas excepcionais

Qual não é o meu espanto quando a apresentadora e o convidado, qual labregos do facebook, se metem a falar dos que se “atiram para a passadeira”, dos “jovens com fones que nem olham”, do que “passam na diagonal”

E acabam com um grande conselho, que é, olhar sempre muito bem, mesmo na passadeira com verde, sempre muito cuidado, porque pode vir alguém com pressa, levam uma trolitada, e depois o juiz não vos defende porque a culpa também é em parte vossa

Bom, isto depois do ponto da agreção mostra bem que nisto dos popos estamos mesmo muito atrás, e infelizmente não é só por causa de 1 juiz, é mesmo um mal generalizado

É mesmo triste… eu já não tenho palavras para comentar este tipo de coisas. Somos muita bons em saber ser atrasados.

É assim tão difícil pensar que a idosa muito provavelmente quando começou a atravessar não havia carro nenhum? Mas que depois devido à sua má mobilidade ainda vai a meio quando aparece um carro… que por azar, além de mais depressa do que devia, o condutor não vai também tão atento quanto devia, ou porque vai ao telemóvel ou porque vai a mexer no rádio…

Uma velha, ou um velho, com mais de 80 anos, não se “atira” para passadeiras, pelo menos com a mesma energia que pessoas mais jovens. O mais provável era ela ter começado a travessia quando não estava lá nenhum carro.

É um tema não exclusivo da sinistralidade rodoviária. A classe dos advogados e juízes parece saída da nobreza do séc XVI sem qualquer noção da realidade vivida pelo cidadão comum.

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Concordo. Mas existem certas particularidades.
Por exemplo o caso do juiz que “desculpou” a violência doméstica porque a vítima cometeu adultério choca o País todo, mas num caso destes a maioria da malta apressa-se a concluir que provavelmente foi o peão que não acautelou devidamente as condições de segurança. Numas coisas o pensamento da generalidade dos portugueses parece-me acertado e lógico, noutras coisas é completamente sem sentido…

Precisamente por isso os Juízes devem ter a capacidade de balancear essa percepção dentro da lei senão voltamos à “justiça” medieval