Gira ou feia - a saga das bicicletas partilhadas da emel

Neste momento estou numa zona da cidade de Lisboa altamente povoada. E o que me diz a app da Gira? A prestadora de serviço público, pois afinal de contas é detida pelo estado?

E a Uber

DriveNow

eCooltra

Assim sim, dá prazer pagar impostos. Sempre em prol do interesse público. Vês @JoaoBernardino o que acontece quando colocamos o estado a “defender o interesse público”.

Um passo de cada vez…

não é uma questão de “passos”

O modelo de docas está totalmente ultrapassado pois a flexibilidade geográfica é muito baixa. Mas como o dinheiro é de todos, o rigor no uso do dinheiro é muito baixo.

Quanto é custou aos contribuintes a Uber, a eCooltra ou a DriveNow? Zero!
E quais as que prestam melhor serviço público de mobilidade como alternativa ao carro particular?

1 Curtiu

Se queres ser justo nessa comparação, se calhar é preciso considerar o custo para o utilizador para cada um dessas opções, o custo do espaço público que ocupam, e o custo para a saúde pública por serem usados. Seria interessante.

3 Curtiram

A eCooltra funciona com motas eléctricas.

E a mesma emel que detém a gira (bicicletas partilhadas) em “prol do
interesse público”, é a mesma emel que não considera nenhum desses custos
que mencionas quando oferece lugares de estacionamento aos residentes por
12 euros por ano.

E se o estado não oferece comida, porque há de oferecer bicicletas?

Pimentel, com tanta coisa onde gastar energia porque te focas nas migalhas?
Eu, e muitos, concordamos com essa tua visão… Mas há tanto, mas tanto, por onde pegar e para mudar que esse tema acaba por ser de somenos… Pick your fights wisely.

2 Curtiram

Frustrei-me porque queria mesmo usar a gira. Sou turista, não tenho carro particular e dar-me-ia muito jeito. Mas o serviço por enquanto é geograficamente medíocre.

1 Curtiu

Por enquanto… Vai crescer. Stepping stones…

Desde quintaf 21 até sababo 23 o sistema Gira esteve out of order…
Mas ha alternativas agora.

O problema principal da gira é de projeto ao basear-se em docas fixas o que reduz drasticamente a flexibilidade geográfica para o utilizador. É um modelo antigo dos anos 90 que prescindia até de apps pois o utilizador podia fazer todas as operações de checkin e checkout num painel em cada estação. Usei sistemas desses há 10 anos em Paris ou Viena de Áustria.

Em plena ascensão da quarta revolução industrial, onde quase todos têm smartphones com sistemas de localização, e uma antena e descodificador GPS a instalar nos veículos, custa cerca de 20 euros; usar um sistema de bicicletas com pontos de partida e chegada fixos e predefinidos, é inaugurar um sistema que parte logo à partida desatualizado em relação ao estado da técnica.

Um importantíssimo upgrade ao sistema - a @MUBi poderia refletir sobre isso - seria espalhar pela cidade vários pontos de estacionamento convencionais onde as bicicletas gira poderiam ser estacionadas e bloqueadas. Esses pontos de estacionamento seriam de um modelo padrão e poderiam ser usados também por outras bicicletas convencionais. Só se poderia fazer checkout
quando a bicicleta gira estivesse bem estacionada e bloqueada e dentro de uma determinada área da cidade, tal como acontece com a eCooltra.

Tento fazer a minha contribuição construtiva para melhorar o projecto se bem que creio que na emel ignoram completamente a opinião dos outros. Até
agora, o projeto revela-se medíocre e caro, havendo também soluções ambientalmente sustentáveis (eCooltra) que prestam melhor serviço e a custo
zero para o contribuinte.

Ademais tal remete-nos para uma outra questão a qual toda a gente ligada à mobilidade sustentável e ambientalismo deveria reflectir profundamente.
Reduzir o debate político no campo da mobilidade e ambiente à clássica dicotomia esquerda-direita, além de pobre e redutor, tem sido trágico para
o ambiente e para a mobilidade pois todos aqueles que não se identificam com as ideologias clássicas da esquerda, guardaram, por contágio ideológico, uma repulsa a qualquer debate sobre a defesa do ambiente, quando deveriam ser eixos e matérias totalmente independentes. O exemplo paradigmático é o do PEV, Partido dito Ecologista os Verdes, que na prática mais não tem feito que dar voz, em eco disforme, às bandeiras da
esquerda, desde a libertação da Palestina (talvez os palestinianos sejam mais verdes que os israelitas) até ao aumento dos funcionários públicos (andarão os funcionários públicos mais de bicicleta que os trabalhadores do setor privado?).

Considero também por isso que caso queiramos ser politicamente mais ativos devemos ser claros no domínio político-parlamentar: defender e promover partidos como o PAN, e atacar veementemente partidos como o PEV, pois criam ruído e confusão no debate político sobre o ambiente e mobilidade sustentável.

Como conclusão deixo as seguintes perguntas para reflexão:

Serão os funcionários públicos mais respeitadores do ambiente que os trabalhadores do setor privado?

Comem os funcionários públicos e pensionistas menos carne que os demais?

Melhoram-se os índices ambientais ao se aumentarem os salários dos professores?

O ambiente muda pelo facto dos CTT serem públicos ou privados?

Têm mais respeito pelos direitos dos animais e ambiente os funcionários públicos que os demais?

Reafirmo que não quero com isto dizer que o ambiente deve ser de direita ou liberal. Apenas insisto veementemente que o debate sobre mobilidade e ambiente deve ser totalmente INDEPENDENTE das clásicas dicotomias
esquerda-direita. Tenho para mim que tal redução inquinou o debate político em Portugal nas últimas décadas, com trágicas consequências para o ambiente e para a mobilidade sustentável. O caso das bicicletas partilhadas é apenas mais um exemplo.

Bom solstício de Inverno e boas festas!

1 Curtiu

João,

Não há um sistema perfeito. Se é verdade que a existência de docas impõe alguns limites, também é verdade que os sistemas dockless estão a gerar enorme controvérsia e, até, alguns anti-corpos nas cidades onde já estão instalados.

Por outro lado, parece-me injusto estares a comparar um sistema como as Giras, com alguns meses de instalação, com um sistema como a Uber, que já existe há vários anos e está mais que testado (ou mesmo a eCooltra).

Além disso, o Estado não dá comida (mas até dá) mas fornece transportes públicos, e é disso que se trata ao fornecer um serviço de bicicletas partilhadas. E é normal que tenha um custo para o contribuinte. A eCooltra só tem custo para o utilizador, e eu nunca experimentei, mas já me disseram que não é acessível a todas as bolsas.

Quanto à conversa entre esquerda e direita, não acho que apoiar o PAN seja a solução. Já votei neles há uns anos, quando surgiram, e depois de seguir a actuação deles arrependi-me, pois a maior parte da actividade deles era focada em touradas e defesa dos animais domésticos. Nos últimos tempos, parece que mudaram um pouco…

Mas é verdade que nunca me passaria votar nos Verdes, pela associação deles ao PCP.

abraços

RF

2 Curtiram

Sim também acredito que preocupações ambientais não tem bandereira política definida.
Estamos a espera da implosão do sistema partidário. Há algum candidato a Macron “bis”? :rofl:

Ontem vi uma coisa muito GIRA (eheh), e que não é nada de novo, apenas a verificação de algo que já muitos pensaram…

De manhã e durante o inicio da tarde choveu bastante, por volta das 18h ja n chovia, e na parte do trajecto entre o Campo Pequeno e o Saldanha vi 4 (quatro!) Giras em que os utilizadores levavam guarda chuvas nos cestos

Ora, a não ser que eles andem de guarda chuva (aberto) na bici, o que aconteceu deve ter sido:

a) de manhã foram a pé, TP, boleia, mas aproveitaram para voltar de Gira (com uma bici tradicional n dá

b) foram de Gira numa aberta da chuva, mas sabendo que se estivesse a chover de tarde podiam voltar de TP, etc, mas calhou a estar bom e fizeram 2 viagens nas giras

é óbvio que isto é uma vantagem do sistema, mas foi giro confirmar (ps: quando vi a 2ª pensei logo em vir escrever o post, a 3ª e 4ª foram só bonus, segui viagem bue contente :slight_smile:

2 Curtiram

sim sem duvida nesta fase tao a ser usadas em alternativa a ir de transportes (ou a pe)

pode ser que com a expansao da rede e com mais gente a andar se comece a ganhar alguns condutores … mas por agora diria que deve ser proximo de 0 o numero de pessoal que passou do carro para as gira

não era essa a mensagem que queria passar,
imagino que alguns deles, sem ter as giras, (e mesmo tempo bicis próprias), ontem teria ido de carro, porque chovia e tal, mas como as giras dão uma oportunidade extra, aproveitaram

2 Curtiram

Está mais que documentado: para que as pessoas larguem o carro não basta melhorar os transportes públicos ou infraestruturas cicláveis. É preciso mesmo retirar espaço ao automóvel.

4 Curtiram

Ontem fui de Drive Now porque chovia e voltei pra casa de Gira e o resto a pé.

3 Curtiram

Concordo em absoluto! Apenas realço que projetos como a gira contribuem muito pouco para isso. Não digo nada, porque de facto roubou alguns lugares de estacionamento.

E insisto nessa tua frase, porque concordo em absoluto com ela, ainda para realçar, que retirar espaço ao automóvel custa zero euros ao erário público. É uma medida estritamente política, e não orçamental.

E a esquerda, por norma, apenas gosta de medidas “focadas no investimento público”, ou seja, gastar dinheiro; ou como referia o @MarioJAlves, “é preciso pensar políticas públicas”, ou seja, gastar dinheiro e esperar retorno sabe-se lá quando no futuro. Além de não resolver o problema, pois como referes, e cito novamente, “é preciso mesmo retirar espaço ao automóvel”, é por conseguinte, gastar dinheiro do erário público sem um propósito eficaz.

É uma medida estritamente política, e não orçamental.