O estado e o automóvel - mobilidade, capitalismo e socialismo

Achei a analogia fantástica. Uma provocação para a malta de “esquerda”, que acha que a questão se reduz à dicotomia esquerda-direita, ou estado-privado, quando as questões são muito mais abrangentes.

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O que quero dizer é que o paradigma pró-automóvel vs. cidade mais humana, não se reduz à clássica dicotomia socialismo/capitalismo.

Capitais de países comunistas ou ex-comunistas (ou socialistas)

Moscovo

Esta á uma imagem de Moscovo em plena vigor da URSS:

Havana

Está uma imagem de Havana

Pyongyang

Bucareste

Capitais de países capitalistas

Amesterdão

Bruxelas

Copenhaga

Conclusão

Não quero com isto inferir que o capitalismo é melhor que o socialismo, nem o contrário, quero apenas referir que são variáveis independentes. De facto, considerando o caso português, os partidos mais à esquerda no poder local têm um programa político mais humano e mais pró-pessoas e menos carros, mas não é assim no poder central, e nem sequer é assim nos restantes países da Europa.

Na Matemática uma forma de refutar um teorema supostamente universal, é apresentar um caso onde tal não se verifica. E há vários casos que demonstram que a clássica dicotomia esquerda/direita nada nos diz sobre o que pensam para as cidades. É certo que em Portugal, no poder local, a esquerda tem um ideário político muito mais pró-mobilidade sustentável, pró-transportes públicos e anti-automóvel, mas não é assim no poder central nem muito menos noutros países da Europa. A Holanda, um caso interessante, é dos países economicamente mais liberais da Europa, aqui não há SNS, mais de metade das escolas da rede pública, são privadas, e têm uma lei laboral extremamente flexível. Não digo que é perfeito, têm muitos críticos a este sistema, mas é o país da Europa onde mais gente usa a bicicleta, isso é um facto. Por outro lado, em Portugal, temos os partidos de esquerda que são por exemplo contra a Uber, por ser “capitalista”, quando a Uber já demonstrou ser uma excelente alternativa ao automóvel particular. Em acréscimo, a esquerda defende os transportes públicos desde que estes sejam detidos e geridos pelo estado, caso contrário já não têm o seu apoio. Ora em muitos países europeus, como Holanda ou Suécia, os transportes públicos são geridos por privados (como a Fertagus por exemplo). Mais uma vez, eu não quero com este texto dizer que a direita é melhor que a esquerda ou vice-versa, quero deixar isso bem claro. Quero apenas demonstrar que apresentar os problemas e soluções da mobilidade urbana e sustentável, na clássica dicotomia política esquerda/direita é redutor e não nos ajuda a encarar os problemas de forma mais séria e eficaz.