Sinistralidade rodoviária

Os acidentes com vítimas (32.299 em 2016), distribuem-se de forma desigual conforme o tipo de via - estradas municipais, IC’s, IP’s, auto-estradas, estradas nacionais e outras - o que seria de esperar, pois o volume de trânsito e as condições diferem bastante.
Essa diferença reflecte-se nas percentagens: enquanto que os acidentes em vias secundárias representam uns 3,5% do total, nas estradas nacionais atingem 6%.
Porém, nos arruamentos, essa percentagem sobe para uns incríveis 62%, tendo aumentado mais de 20% desde o ano 2000.
Tivemos então em 16 anos mais 20% de acidentes com vítimas, nas vias urbanas?

Nada disso. O surpreendente é que em números absolutos o valor se mantém em cerca de 20.000!

Isto aparentemente significa que a redução de sinistralidade se deu nas restantes vias e quer também dizer aquilo que se refere com insistência aqui no site da MUBi: há velocidade a mais e fiscalização a menos nas vias urbanas!

Se o número anual de mortos no trânsito anda perto do meio milhar, poderíamos reduzir a catástrofe para menos de metade, intensificando a fiscalização nas zonas urbanas.

A polícia sabe onde ocorrem os acidentes!
Limites de velocidade mais apertados, radares e câmaras nos cruzamentos e nos troços que convidam os inconscientes ao excesso. Parece que certas pessoas só entendem o significado de civismo quando sentem o problema na carteira e quando se lhes inibe a faculdade de conduzir.
As pessoas têm de perceber que a carta de condução é uma licença que é atribuída a quem prova ter aptidão e responsabilidade.
Se não reúne condições físicas e psíquicas, se é incompetente para conduzir veículos na via pública, retira-se a licença; temporariamente ou em definitivo . Será que isso lhes dói?

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A meu ver nas zonas urbanas existe muita pouca fiscalidade policial do codigo da estrada. Situacoes que vejo diariamente:

  • Carros estacionados em cima de curvas, passadeiras, paragens de autocarro, em plena faixas de rodagem e passeios. Reduzindo a visibilidade de quem circula e/ou obrigando pessoas a circularem pelas estradas.
  • Carros em excesso de velocidade. Ja vi carros a circularem a cerca de 90-100 em zonas limitadas a 30 km/h em Alvalade.
  • Carros que nao param em passadeiras, mesmo com peoes ja a atravessarem-na e muitas vezes em excesso de velocidade.

Essas sao as infraccoes principais que aumentam significativamente a probabilidade de provocar acidentes directos com peoes ou indirectamente com terceiros. Acontecem porque nao sao fiscalizadas pelas autoridades, porque se cada pessoa que realiza’-se uma contra-ordenação destas tivesse uma consequencia adequada entao o numero de irregularidades seria bastante menor.

O que se ve regularmente e’ apenas a EMEL a multar e a rebocar carros apenas em parques da propria EMEL.

E’ preciso haver um reforço de fisicalizacao e obrigar as pessoas a cumprir as regras porque a falta de civismo e’ sempre mais forte, sobretudo quando nao existem consequenciais.

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Não estás completamente certo. A Polícia Municipal de Lisboa é, actualmente, a responsável pelo trânsito na cidade. A maior parte das vezes, não têm mãos a medir para todas as solicitações, quer de reboque, quer de bloqueio.

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Provavelmente não prestou atenção ao que eu escrevi, por isso transcrevo:
“A polícia sabe onde ocorrem os acidentes!” Alguém duvida?
“Limites de velocidade mais apertados, radares e câmaras nos cruzamentos e nos troços que convidam os inconscientes ao excesso”. Estas são medidas que, como toda a gente sabe, nem sequer são competência das polícias.
Quanto a essa outra questão que levanta sobre os poucos efectivos policiais (e não percebo porque pensou unicamente em Lisboa, já que é um problema nacional e infelizmente não exclusivo das grandes cidades…), é uma questão de políticas públicas.
Investir mais 300 ou 500 milhões de euros com mais polícias, se isso contribuir para a redução de dezenas de mortos e de uns milhares de feridos, mesmo até de um ponto de vista estupidamente economicista, deveria ser ponderado face aos encargos actuais com a mobilização de ambulâncias, urgências hospitalares, intervenções cirúrgicas, medicina de reabilitação, subsídios de doença, inaptidão para o trabalho e situações de invalidez permanente, que garantidamente têm custos públicos e sociais incomparavelmente maiores.
Enquanto para si (e infelizmente para muitas outras pessoas) a palavra ‘arruamentos’ estiver associada à palavra ‘Lisboa’, vai ser muito difícil modificar mentalidades.

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Sim, concordo que isso possa muito bem acontecer.

Dai ter começado o texto por “a meu ver”. Isto nao e’ o resultado de um estudo mas sim uma opinião. Uma opinião do que vejo diariamente em Lisboa, nao falo do resto do território porque nao falo do que nao sei.

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Para ver a seriedade com que este problema é abordado pelos nossos (ir)responsáveis basta ver a embrulhada que está a ser a implementação do sistema de carta por pontos…

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@LUISB a resposta, tentava ser, ao comentário do @Andre .

Para complementar (ou reforçar) o meu comentário inicial:

Em termos de vulnerabilidade no trânsito, peões e ciclistas (embora com algumas diferenças), estão no fundo da tabela, muito abaixo dos motorizados.

Do Núcleo de Investigação de Acidentes do IDMEC/IST (Instituto de Engenharia Mecânica do Técnico), pela palavra dos seus responsáveis, permito-me destacar alguns dos dados que reforçam aquilo que a MUBi tem vindo a evocar e reclamar junto dos órgãos governamentais:

_A sinistralidade em meio urbano “…representou 51% do número total de vítimas mortais no ano de 2015” _
A média anual de atropelamentos em Portugal, tendo por base os últimos cinco anos, é de 5108.
A redução da sinistralidade pedonal só será possível com o controlo da velocidade apertado, com radares fixos.
Nas grandes metrópoles europeias com sinistralidade baixa as vias de distribuição de tráfego têm limites de 50 km/hora, mas nas vias secundárias esse limite desce para 30 km/hora. Um bom exemplo: Berlim.
Quanto ao reforço da fiscalização pelas forças de segurança, estas não são omnipresentes. Fazem falta sistemas automáticos de detecção de passagem ao sinal vermelho, por exemplo.

O que aqui se diz para peões é válido para ciclistas, pois o excesso de velocidade de alguns motorizados, leva qualquer deles pela frente com o mesmo desrespeito.
Nas muitas estradas que atravessam povoações, onde o espaço disponível não permite diferenciar faixas para peões, ciclistas e veículos motorizados, deveria existir sistema de radares fixos, pois nem basta uma placa a limitar a velocidade a 50 ou a 30 km/hora, nem um carro de polícia ocasionalmente estacionado num beco a fotografar os ‘velozes e furiosos’.
Ou seja, investindo em mais (muito mais) meios de fiscalização electrónica, poderíamos passar a enviar sistematicamente aos infractores multa e foto por correio (com portes pagos pelos destinatários), sem que fosse necessário um acrécimo significativo de recursos humanos.

Esta medida pesará mais no Orçamento de Estado, do que as vítimas na consciência dos governantes?

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Mais um…https://valorlocal.weebly.com/azambuja-atropelamento-e-fuga-8203ciclista-morre-atropelado-a-caminho-do-trabalho.html

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Desde quando os governantes têm consciência ?

Acidente completamente estúpido e injustificado num troço de via bastante amplo com boa visibilidade e bermas generosas.

estou a perceber bem? o tipo arrastou a bicicleta desde a azambuja até vila nova da rainha?

Ao que parece só ia com 1,43…isto quando lhe fizeram o teste…

A pergunta que volto a repetir é: Quantos mais têm que morrer para que nós enquanto lobby façamos alguma coisa?!
Amsterdão nos anos 70 não era o “paraíso” das bicicletas que é hoje.
Na Irlanda esta semana ocorreu uma vigilia por mais um que morreu atropelado.
Nós por cá temos os politicos de 4 em 4 anos a pegar na bicicleta e dizerem-me muito amigos do ambiente e da mobilidade, mas a realidade é que a sinistralidade rodoviária neste ano disparou.

noticia mais completa

“Na Irlanda esta semana ocorreu uma vigilia por mais um que morreu atropelado.”

Por cá as vigílias só se fazem na internet.

Continuamos , todos, em catarse estática, à espera que algo caia do céu.
A sinistralidade no geral continua a subir mas ainda é um tema que não consegue mover a população para uma maior consciencialização do problema que tira a vida a muitos Portugueses e que faz sofrer milhares.
Consegue-se estar uma semana a falar 6h por dia de um jogo de futebol mas sobre isto, ou outros problemas do país, nem por isso.

Um ou outro estudo realmente refere que no tempo da crise houve uma ligeira diminuição da sinistralidade. Agora que somos “novos ricos” outra vez, voltou a subir. Parece que o dinheiro traz ignorância. Mais carros. Mais ignorância. Será que a crise nos trouxe alguma racionalidade?
Pensamentos meus…

Uma coisa é certa, e com alegria escrevo que nunca vi tanta bicicleta em Lisboa (e não falo só de turistas e domingueiros) como se vê nos dias de hoje! Lamentavelmente, tenho a mesma ideia com os automóveis, não só os que circulam mas todos os que enchem as ruas desta cidade. Tenho várias vezes a sensação que qualquer hora é hora de ponta.
Mas Portugal não é só Lisboa…

Concluo dizendo que acho que faltam mais acções na rua para reivindicar melhores e mais soluções para os meios de mobilidade mais suaves. Não ficar só pelo nosso teclado (exactamente como estou neste momento a fazer) mas ter uma acção mais directa e unidos porque em grupo temos mais força. Esta morte na estrada vai-se juntar às estatísticas mas se houver uma vigília será mais do que um número ou percentagem. Percebem?

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Conheces a http://www.facebook.com/groups/MassaCriticaLisboa ? :wink:

Concordo em tudo contigo, e’ muito importante sermos activos na net mas e’ fundamental ser activo nas ruas!

“Esta morte na estrada vai-se juntar às estatísticas mas se houver uma vigília será mais do que um número ou percentagem. Percebem?”
Perceber, percebe-se. A questão é sobre o seu resultado prático.
Podem evidentemente fazer-se vigílias, mas pese embora o seu significado, nunca terão força para impor restrições à circulação automóvel, nem sensibilizar quem o pode fazer (esses aliás já sabem perfeitamente o que está mal). Muito menos as vigílias poderão levar a que se altere a lei, mesmo que se trate do mais óbvio e imediato que é estabelecer limites de velocidade mais rígidos e eficazmente fiscalizáveis, a começar pelos chamados pontos negros.
Claro que os carros, para qualquer governo, são as galinhas-dos-ovos-de-ouro: IA, IVA, IUC, Impostos sobre combustíveis, multas, IRC das oficinas, portagens e etc e tal. Portanto as ruas estarem entupidas de carros só os incomoda quando vão para casa ou a caminho de férias; de resto, devem vê-los como impressoras de notas!
Se, por exemplo, consideramos que a fiscalização electrónica e a redução dos limites de velocidade (imitando o que de bom e racional é praticado noutros países), é um passo importante e realizável, então porque não promover, subscrever e apresentar à A.R. uma ILC - (iniciativa legislativa de cidadãos) que terá de ser obrigatoriamente discutida!?
Isto, naturalmente, não invalida que as pessoas se manifestem como entenderem mostrando a sua solidariedade para com as vítimas evitáveis e denunciando as suas causas.

Luís o que eu penso é que os eucaliptos também são umas “galinhas-dos-ovos-de-ouro” mas entretanto houve uma tragédia, não por causa dos próprios mas por causa da negligência e ignorância das pessoas, em geral, juntamente com a sede de lucro fácil. Peço desculpa esta comparação.
Portanto esses impostos que falas não darão efectivamente dinheiro a quem governa. Ou se por um lado dão, por outro terão que gastá-lo para investir no combate à poluição, em energias renováveis, na saúde, em infraestruturas e outros causados pelo excesso de automóveis.
As pessoas têm que se educar, consciencializar, serem informadas. Mais leis não vão trazer isto. Leis têm baixado a taxa do grau alcoólico para se poder conduzir mas todas as semanas se lê nos jornais que dezenas de pessoas são apanhadas a conduzir com níveis superiores ao que a lei permite.
Quem governa tem que ter a perspicácia de saber informar e formar a população, não é criando leis e mais leis e mais fiscalizações que a vai educar… E a população estando mais consciente e informada, conseguir decidir mais por ela própria, ter um bom nível de senso-comum na tomada de decisões, que tenham consideração do todo e não só individuais, não estar tão dependente de decisões políticas.
Mas isto é uma grande utopia…

Resumindo, todos temos que saber agir mais e melhor para antecipar as tragédias, não ficando à espera que elas aconteçam para que só depois se mude algo que sempre esteve mal ou a piorar. O Mundo foi-se construindo a longo prazo, não é agora destruí-lo a curto prazo.

(Normalmente sou mais descontraído e tolerante do que estas minhas opiniões possam transmitir!)

Tenham um bom dia!

Conheço pois e espero que brevemente venha a ter novamente a força e os participantes que já teve em outros anos, e que contagie as outras Massas por esse país fora!
Seja a Massa sejam outras actividades que promovam o ciclismo urbano e a mobilidade suave! Necessitamos de mais números, mais visibilidade.