A Spinlister vai encerrar

Lá vou eu bater novamente no ceguinho, mas é assim no mundo privado; não foi lucrativo, fechou!

A Spinlister, um excelente serviço que usei em Berlim, de bicicletas alugadas e partilhadas entre pessoas, vai fechar por falta de dinheiro e investidores. Entretanto na capital da Lusitânia, gasta-se 20 milhões de euros para bicicletas partilhadas (à custa de todos como é óbvio).

Todas as vantagens que apontais à GIRA da EMEL - externalidades, menos carros, menos poluição, etc. - este sistema da Spinlister também providenciava e estimulava.

É uma pena, porque esta plataforma era muito boa!

Atenção - para que fique bem clara a minha posição - que não digo que o estado não deva estimular formas mais sustentáveis de mobilidade. Claro que deve; mas deve fazê-lo taxando e internalizando os custos do automóvel nos automobilistas, e não imputando os custos das bicicletas a toda a gente.

A Farewell Message from Spinlister
Dear Spinlister community: our loyal listers, renters, and bike shop partners,

I don’t have great news, after 5 years since we re-launched the Spinlister platform into the market, we will unfortunately be shutting down our services on April 22nd, 2018. We were not able to raise new funding, so our board of investors decided that the best option was to close shop.

That being said, we will be honoring all booked rentals during the next 30 days. Meanwhile, rentals that are already booked for after April 22nd will be cancelled and the money will be fully refunded to the renters.

For any rentals booked after 5PM PST on March 23rd, we unfortunately cannot honor the Spinlister Guarantee and Renter protection option for these rentals.
For any rentals booked before 5PM PST on March 23rd, we will honor the Spinlister Guarantee and any Renter protection that was purchased.
For rentals after April 22nd, communication will still be open until end of day April 22nd, so if you would like to continue future rentals, this will be at your own risk.
For our Listers, any unclaimed funds in your account will be distributed shortly, so please make sure your payment settings are up to date.

If you have any operational questions regarding your rentals (payments, communications, etc.), please contact us at [email protected].

It is not a happy moment for us, but know we did everything we could to keep Spinlister a thriving community for users to safely rent bikes all over the world. We are glad that we always had a great and supportive community that shared our love for adventure - renting bikes, surfboards and snowboards wherever they traveled.

I hope you all keep riding, staying active, and meeting amazing people on the way. I know the rider spirit will live on through you all.

Na verdade, todos (ou os principais, suponho) modos de transporte são financiados pelos estados. Com o automóvel à cabeça, como modo mais financiado.

Se fizeres as contas: 20M€, para 8 anos, para 1400 bicicletas, se cada bicicleta em média for utilizada 10 vezes por dia (o q penso q é algo optimista, mas talvez não assim mt longe do real) … dá 0.50€ por utilização.
Se não houvesse fontes de receita - q haverá dos passes e das utilizações individuais e julgo q tb de publicidade (mas q não faço ideia, nem uma nem outra, de q ordem de grandeza poderá ser) - o Estado estaria a financiar em 0.50€ cada uma das utilizações das Giras.

O facto de internalizar nos utilizadores ou ser o Estado a suportar … aí já me parece q é uma questão de ideologia política.

Isto para dizer, q o estado português acaba for não financiar assim tanto cada utilização das Giras.
Mas concordo plenamente q os sistemas privados de bicicletas sem doca são tb uma grande opção.

Mas no meio disso há uma grande questão q tenho: Pq não existem entidades públicas (autarquias) a implementar sistemas públicos de sistemas sem docas?

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Boas @Rui

na verdade, não queria voltar à contabilidade :slight_smile:
Pelos motivos de que já expus essa mesma contabilidade variadíssimas vezes, sem que tivesse, de facto, sido contestado com números e cálculos. Aliás, acho que és o primeiro a contrapor números! Podes acompanhar todo o debate e cálculos aqui:

Assim de repente, parece-me que, em média, 10 viagens por dia por bicicleta, é algo mesmo exagerado. Em qualquer caso, regresso às contas, porque agora já temos dados.

Em um mês de GIRA, foram percorridos 5 mil km de bicicleta, de acordo com esta fonte que cita a EMEL.

20M€ para 8 anos, dá 208 mil euros por mês, o que a 5 mil km por mês, resulta em €41/km. De acordo com a literatura (vê o debate anterior aqui do fórum, pois também cito essa literatura, aliás usada pelos holandeses), uma transição do carro para a bicicleta implica um ganho económico-social de €0,50/km. O estado (todos nós) está assim a pagar 83 vezes mais, do que devia, pela utilização da GIRA. Se alguém num café, te pedisse €41 por uma bica, o que responderias?

Perdoa-me a arrogância (não é contigo nem contra ninguém aqui do fórum), mas sempre que se fala em Portugal de “políticas públicas”, as pessoas, normalmente de esquerda, grosso modo perdem qualquer réstia de racionalidade económico-financeira.

no meu entender, em vez do estado colocar uma empresa pública a gerir um sistema de bicicletas partilhadas, o estado deveria financiar sistemas privados de bicicletas partilhadas, pagando-lhes exatamente isso, ou seja, 0,50€ por cada km percorrido. Mas aqui já entramos em matéria ideológica.

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Olá @Aonio_Lourenco

Eu tenho alguma dificuldade em acompanhar essas contas (até porque se espera que o número de quilómetros por mês aumente significativamente nos próximos meses/ano).

Por outro lado, posso estar a ser muito redutor, a experiência na área da mobilidade activa (bicicleta) em Portugal é quase nula. Tiremos os casos recentes de Lisboa, Tavira, Aveiro (um caso seminal importante mas falhado) e é um deserto autêntico.

Ainda, a iniciativa privada em Portugal é tradicionalmente fraca.

Ainda, os exemplos (que conheço) de iniciativa privada de transportes colectivos são maus ou insuficientes - o caso de Setúbal e arredores é gritante.

Porque não pode o sistema público criar e gerir recursos de mobilidade (sem impedir o desenvolvimento de iniciativa privada) procurando a sua sustentabilidade ou rentabilidade? Ou mesmo como estímulo inicial?

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@Aonio_Lourenco, segue uma análise em contas mt redondas:

Segundo essa fonte (de Outubro 2017), há 100 bicicletas em funcionamento. Por isso: 5000km/mês = 1.6 km / bicicleta / dia … do q concluo q cada bicicleta é actualmente usada apenas uma vez por dia.

O número de bicicletas Gira vai aumentar cerca de 10 vezes (para 1400). Por isso, mesmo com uma utilização de cada bicicleta por dia, o custo será de €4.1/km.
Se cada bicicleta for usada 10 vezes por dia, e a distância percorrida por cada bicicleta passar assim a ser de 16 km, o custo passará a ser de €0.41/km … o q bate quase certo com os €0.50/utilização q eu tinha referido.

Como bem disseste, 10 utilizações por dia é um valor optimista. Do q eu já li, os sistemas de Lyon e Taipei têm esse turnover de cerca de 10. Mas por exemplo, e se não estão em erro, o sistema de Seatle fechou pq nem um turnover de 1 consegui ter.
Este é um dos factores chaves de um sistema de bike-sharing … e imagino de qualquer-outra-coisa - sharing.

Um outro, q tu de certo modo abordaste, e de q nenhum político gosta de falar, é se as pessoas deixaram de utilizar o carro para utilizar as bicicleta partilhadas, ou se os utilizadores das bicicletas partilhadas antes andavam a pé e/ou usavam o transporte público.
Se cair mais para este lado, então o ganho de transição do carro para a bicicleta não se aplicará a uma grande parte das viagens em bicicleta partilhada.

Na esfera mais política: em Portugal assim como outros países Europeus, acho q nunca correu mt bem os Estados pagarem a empresas privadas para gerir sistemas de transporte públicos. Quero dizer, nunca correu mt bem para os cidadãos.

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Rui, o facto de aumentares a oferta, se não for alargada a outras zonas da cidade, não implica obrigatoriamente o aumento da procura. Os meus cálculos baseiam-se naquilo que já é conhecido, os teus baseiam-se em previsões. Mas admito que a procura possa subir, pois um mês é um intervalo de tempo insuficiente para uma análise mais abrangente.

António, quanto é que recebe a Carris do erário público e quanto é que recebem essas empresas de Setúbal? Recebem o mesmo por passageiro-km de indemnização compensatória? Lá está, sem dados não posso fazer avaliações.

Não esquecer que as giras não contribuem apenas com os km que são usadas…

Quantas pessoas, depois ter a hipótese de experimentar uma gira, de forma bastante fácil, vão optar por ter a sua própria bicicleta? (para não depender do sitio das estações, meter uns alforges, etc

E a emel retira muito $ dos automobilistas, não é “de todos” apenas

finalmente, o que achamos daquelas propostas de TPs gratuitos (sempre ou em condições especiais de poluição?

Pois, vejo essa pergunta mt vezes. Mas nunca vi uma resposta.
Quantas?

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para cima de uma dúzia certamente :stuck_out_tongue:

a sério, nunca vi dados sobre isto, mas tem algum impacto certamente… mas não vejo como é que é possível medir sem mega inquérito daqui a uns anos

O Sr. Dias já devia era ter os dias contados aqui no fórum pela sua constante trollagem e verborreia ignorante.

Numa pesquisa rápida e nem sequer muito aprofundada:

“A report published earlier this year confirms, in tremendous detail, a very basic fact of transportation that’s widely disbelieved: Drivers don’t come close to paying for the costs of the roads they use. Published jointly by the Frontier Group and the U.S. PIRG Education Fund, “Who Pays for Roads?” exposes the myth that drivers are covering what they’re using.”

“The negative externalities seem to be the most obvious to confirm, since the driver does not take into account, for example, the negative effects of air pollution on third parties, when they opt to drive their car. The legislators and the regulators shall, therefore, internalize those external costs, either by taxes on fuels for example, either by any kind of limitation to car usage, such as parking meters or urban tolls. Nevertheless, it seems the drivers in some countries, already pay some external costs with taxes. Road taxes in the Netherlands for instance, have a relatively high yearly value, which covers the maintenance of the infrastructures. Nevertheless, in the majority of western nations, the external costs of driving, are not covered totally either by taxes, or by any kind of car usage limitation.[2]”

E o estudo da Universidade de Dresden de 2012 diz:

“Based on the assumptions described in this study, the cars used within the EU-27 externalize about 373 billion e per year (high estimate) on to other people, other regions and other generations (low estimate: 258 billion z). This is a considerable sum, and it leads to a level of car use that is ineffi cient from the perspective of society. Because “others” pay for large parts of the costs of transport, Europeans travel by car too much to enable an effi cient situation. This in part also explains why there is a high level of congestion in parts of the EU.
(…)
The findings of this study clearly show that the frequent claim “that cars cover all their internal and external costs” 60 cannot be sustained. Although no detailed estimation of charges and earmarked taxes of cars attributable to external costs has been made in this study, it is obvious that a sum in the range of 300 to 400 billion z of earmarked funds against these costs cannot be reached. On the contrary; it must be stated that car traffi c in the EU is highly subsidized by other people and other regions and will be by future generations: residents along an arterial road; taxpayers; elderly people who do not own cars; neighbouring countries; and children, grandchildren and all future generations subsidize today´s traffic. They have to pay, or will have to pay, part of the bill.”

The_true_costs_of_cars_EN.pdf (3.5 MB)

Já era tempo de chutar o troll do fórum!

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O seu carro anda sem estradas?

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Antes de vir com o argumento bacoco do custo das estradas:

  • É função de qualquer governo garantir a coesão territorial garantindo a existência de vias de acesso dentro do seu território independentemente dos meios de transporte utilizados nas mesmas por forma a permitir a igualdade de oportunidades e a a redução da discriminação social. É algo que existe desde o tempo do império Romano.
  • Existem muitas empresas que utilizam a rede viária para realizar negócios lucrativos, incluindo empresas cujos veículos pesam 35 toneladas, os quais como se sabe, são responsáveis por mais de 80% do desgaste e consequente manutenção das mesmas vias.
  • Achar que a receita fiscal do sector automóvel, cerca de 20% do total, é insuficiente para manter a rede viária e ainda alimentar PPPs com lucros chorudos é no mínimo redutor para não chamar ignorante.
  • Continuar a insistir numa solução do séc. XIX como solução para os problemas de transporte demonizando o automóvel e seus utilizadores, e querendo realojá-los em barracas e bairros operários como se fazia na Sibéria é revelador de uma patologia grave chamada “Fundamentalismo Radical”
  • Agora conceba um país sem estradas( o regresso ao neolítico), ou com estradas onde só podem circular os ricos e os líderes ( tipo Arábia Saudita). Ainda acham que esse país conseguiria produzir alguma coisa ?
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Dos 3 pontos apresentados, os 2 primeiros são aceitaveis para discussão.
Já classificações morais dos defensores das opiniões contrarias não parecem nada produtivos. Tanto mais quanto se fazem analogias despropositadas.
Este último ponto, sem ser directamente insultuoso aproxima.se muito do tipo de discurso inapropriadoo… atenção

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O Nuro apresenta fontes, estudos e literatura científica. O trol apresenta desejos e achismos.

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Aplica todo esse argumentário para o transporte marítimo, para as marinas, para os iates e navios de carga e verás que também faz sentido. Logo o estado deve financiar marinas e navios de recreio.

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Queres fontes :

Truck operators should pay for the road damage they cause

Ainda é pior do que escrevi. “The federal government has estimated that a 40-ton, 18-wheel truck causes the same damage as 9,600 midsize cars.”

Ou por ser americano já não te serve? Gostas é de estudos à medida .

Quanto ao resto lê a constituição!

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A ignorância impera…

Fala-se nos mais variados custos e… os ignorantes… apenas sabem falar num deles: as estradas.

Depois vêm os ignorantes questionar soluções à século XIX. Quais? A do automóvel?? Mandar pessoal para a periferia e ligar tudo com vias rápidas e auto-estradas, como os americanos fizeram e nós, portugueses pequeninos, quisemos seguir em vez de seguir o modelo europeu de maior coesão territorial. Ele é bairros de operários (podia dizer pobres, mas preferi usar a tua linguagem) de um lado, bairros de classe média ou média alta do outro, autoestradas a ligar estes bairros aos núcleos urbanos atravessando os pobres (dividindo-os) para não se ter que passar por aquele horror, e para estes pequenas estradas nacionais… ao invés de uma maior coesão territorial onde a gestão da mobilidade seja mais equilibrada e íntegra, de modo a ligar tudo, servindo as pessoas com transportes públicos de qualidade entre outras opções de mobilidade mais democráticas, vulgo, de mais igual acesso à população. E depois alguns que se revêem nisto gostam de bradar aos 7 ventos que são de esquerda (sendo que nunca é de mais lembrar que a mobilidade não tem cor política)!
Pouco me importa se as pessoas são de esquerda ou de direita. Acho que alguns acabam por nem ser de uma coisa nem de outra… são somente parvos.

Homem, pare lá de ter sonhos molhados com o carro mas é, e deixe de ter pesadelos com a redução de espaço dedicado ao seu automóvel particular em virtude de mais espaço para soluções mais equilibradas para todos. Chega! Consulte um especialista! Nós aqui não o conseguimos ajudar…

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Posso estar enganado, mas segundo sei não é o estado que vai pagar os vinte e tal milhões que se fala do projeto Gira. É um investimento da própria EMEL feito ao longo dos tais 8 anos.
E de onde vêm os rendimentos da EMEL? Dos estacionamentos.

Significa que se os administradores da EMEL gastassem o dinheiro em orgias, não haveria problema, porque a EMEL tem fontes próprias de financiamento? Claro que não! A EMEL é uma empresa pública e em última análise poderia devolver essas receitas de estacionamento à câmara, para que esta por sua vez baixasse as taxas municipais.

Isso é uma falácia. Tu disseste que era o estado que pagava. Eu disse que acho que não. Que quem paga são os automobilistas que tu tanto detestas.
Agora já dizes que esse dinheiro tinha que ir para a câmara ignorando, talvez, que a Emel já tem feito isso.
Em que é que ficamos?