Aqui tenho de concordar com o Aonio, mas percebo o que o Paulo quer dizer e também não acho que esteja totalmente errado.
Sim, o sistema é financiado através de receitas que provêm de taxas que incidem sobre o uso do automóvel. Contudo, essas taxas visam (penso eu de que) compensar as externalidades negativas. Isto acaba por não acontecer porque, nem as tais taxas são assim tão significativas, nem o dinheiro é direccionado para uma boa parte das áreas que essas externalidades afectam. Por cima disto, e para ser correcto, o ideal é as taxas igualarem as externalidades negativas, e os subsídios igualarem as externalidades positivas. As externalidades positivas do uso da bicicleta, globalmente falando, parece-me que estão muito longe de ser compensadas… contudo, as que são geradas estritamente pelo sistema da EMEL estão "sobre"compensadas.
Não me oponho ao sistema todavia porque, se globalmente as externalidades positivas não estão compensadas mas no sistema da EMEL elas são muito subsidiadas, na minha óptica era como se “uma mão lavasse a outra”… até porque, na minha óptica (tal como o Aonio também estudei economia e partilho da mesma familiaridade com muitos conceitos… o que também significa embora, não sendo uma ciência linear, possamos muitas vezes discordar e ter a nossa própria visão), o conceito de externalidade é muito abrangente e ao mesmo tempo subjectivo, no sentido de que não se lida com elas actuando apenas sobre uma “frente” ou numa parte da realidade, mas como um todo. O que eu quero dizer é que, neste sentido, é muito possível que as externalidades positivas da GIRA estejam subestimadas quando as tentamos equiparar às externalidades globais do uso da bicicleta, isto porque ao que se tem verificado elas produziram um aumento do número de bicicletas em circulação em Lisboa mesmo muito grande - o todo é mais do que a soma das partes. Tudo é relativo: eu sozinho produzo mais externalidades positivas a pedalar em Lisboa que a pedalar em Amesterdão.