A uberização da mobilidade aumenta o impacto negativo do automóvel

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E entretanto: https://money.cnn.com/2018/07/19/technology/uber-jump-electric-bikes-san-francisco/index.html

@anabananasplit estou totalmente de acordo. A tecnologia é uma boa ferramenta e que poderia ajudar. O problema é que raras vezes sabemos fazer bom uso dela. Porque acima de tudo, isto não é um problema tecnológico, mas sim político.

https://mobilitylab.org/2018/07/24/uber-and-lyft-are-lobbying-states-to-prohibit-local-regulation/

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@anabananasplit li o artigo mas confesso que não o compreendi na totalidade. Confesso que li rápido

Mas se repararmos neste gráfico, o panorama não é mau: anda-se menos de autocarro, mas por outro lado anda-se mais a pé

Além disso a grande vantagem para a cidade que empresas como a uber ou cabify trazem, não se relaciona com distância percorrida (no artigo travelled miles), mas com desocupação do espaço público, visto que ao se usar uber, ou táxi, prescinde-se do uso do espaço para o estacionamento do carro no local de destino.

Neste artigo, já tinha sido referido que

O automóvel exige muito espaço, cerca de doze metros quadrados, sendo um enorme sorvedouro de espaço público, quer para estacionamento, quer para infraestruturas rodoviárias. De mencionar que uma garagem, que visa solucionar o problema da falta de espaço, tem custos por unidade de lugar de estacionamento de cerca de 20 mil euros. Em 95% do tempo de vida útil do carro, este está parado, resultando em mais ineficiência. Ao se poder andar de transporte público individual de forma barata, mais pessoas deixarão de ter viatura particular e mais pessoas deixarão de precisar de trazer os seus automóveis para os locais de destino, prescindindo assim de espaço para estacionamento. Por conseguinte o número de carros na via pública diminui, libertando o espaço público para o seu objetivo fundador, o de servir as pessoas, como jardins, esplanadas, praças ou ruas pedonais. Resulta que com sistemas como os da Uber e similares, o rácio de 5%, que faz referência ao tempo médio em que um automóvel nos dias de hoje está realmente na estrada em funcionamento; com sistemas como os da Uber, esse rácio aumenta, melhorando-se mais uma vez a eficiência na mobilidade e nos transportes.

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@Aonio_Lourenco um carro em andamento ocupa mais espaço do que estacionado. O problema nisto tudo é que não se vai utilizar uma boa tecnologia para resolver um problema. Se estás registado no DriveNow, sabes que estás sempre a receber ofertas e descontos para andar de carro, seja para ir ao ginásio, à praia, etc.
No limite, se nada mais for feito, o número de carros na cidade manter-se-á o mesmo, inclusive os estacionados. Só que em vez de pertencerem a particulares, irão pertencer a empresas.

Imagina um casal com 2 filhos que usam 2 carros para ir trabalhar e levar os filhos à escola. Com Uber autónomos a baixo custo podem passar a usar 4 carros. Cada um vai num Uber diferente até ao destino.

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O que os políticos deviam fazer é, ao mesmo tempo que legalizam estas plataformas e serviços e liberalizam o sector dos táxis (para aquilo não ser uma coutada em que há licenças à venda por milhares de euros), garantir que o custo de utilizar automóvel na cidade sobe drasticamente, seja em carro próprio ou não. De outra forma, esta tecnologia não resolve nada e até pode piorar a situação.

Boas João
Mas nesse caso tinhas de demonstrar que plataformas como a uber trazem mais quilómetros percorridos de carros (e não de pessoas) na globalidade. E isso tenho dúvidas, porque a grande maioria dos kms percorridos vem de movimentos pendulares feitos de automóvel particular.

Não será que há pessoas que deixaram de ter carro, que já o usavam pouco, e passaram a usar sistemas como a uber? Repara que o problema do trânsito não fica sanado se o número de kms for o mesmo. A questão é unicamente na questão do espaço para estacionamento, que diminui bastante.

Pensa que se a taxa de utilização de um carro anda neste momento nos 5%, ou seja, em 95% do tempo o carro está parado. Se aumentares esse rácio para, p.e., 20%, o trânsito será o mesmo pois o trânsito depende apenas de km percorridos por carro (e não por pessoa), mas o espaço e recursos para estacionamento diminui drasticamente.

Dou-te ademais o meu exemplo: eu não tenho carro há há 7 anos, e não me faz falta nenhuma, mas sistemas como a uber vieram tornar a vida sem carro muito mais cómoda. Quando digo uber, digo táxi ou qualquer transporte público individual.

Ademais esqueces-te que a Uber tem um sistema de car sharing que é cada vez mais usado, o UberPool e que não é abordado no artigo, visto que a tecnologia permite a partilha de carro de forma muito mais fácil.

In August 2014, after a beta testing phase in the San Francisco Bay Area, Uber launched UberPOOL, a carpooling service. In November 2014, the service launched in Paris. In December 2014, UberPOOL launched in New York City. In October 2015, it launched in Washington, D.C. In June 2016, it launched in Singapore. In December 2015, it launched in London. It was launched in Hong Kong but was halted in May 2017.

Para que fique claro, eu sou a favor de todas estas plataformas e serviços, incluindo carros autónomos. Mas a longo prazo, a minha opinião (ainda não há dados para perceber se estou correto ou não) é que estas tecnologias por si só não vão resolver nada. Apesar das vantagens, é um caso de induced demand de utilização do automóvel.

Mas eu acho que vão resolver, mas apenas e unicamente, na questão do espaço para estacionamento. Não imaginas a quantidade de recursos que as sociedades modernas alocam para estacionamento.

A sério, lê este artigo, vasto mas muito esclarecedor.

Sim, a questão é o saldo final disto tudo. Tenho menos espaço alocado a estacionamento, mas se tiver o mesmo ou mais espaço alocado a circulação, e se, mesmo que não haja alteração do espaço total alocado, esse espaço for usado para mais tráfego, é negativo. Maior risco rodoviário, maior poluição sonora e atmosférica, maior sedentarismo (os carros tornam-se como as motas, permitem um porta-a-porta literal). E tirar utilizadores do TP, tal como o bikesharing faz, é negativo pois enfraquece a rede.

Além disso, é estúpido permitir ou incentivar um sistema que se torna barato para pequenas deslocações na cidade - justamente onde o andar a pé, de TP ou de bicicleta será mais viável, mas continuar a ser pouco competitivo para deslocações interurbanas.

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Ana, falas de TP, mas Uber e Táxis são TP, são Transportes Públicos Individuais (TPI), mas presumo que te refiras a Transportes Públicos Coletivos (TPC). Embora os TPC sejam de facto menos poluentes e mais eficientes que os TPI, tal depende sempre da taxa de ocupação. Um autocarro à noite é muito mais poluente e barulhento por passageiro transportado, do que um automóvel.

Mas sim, tens razão, tal dependerá sempre do saldo final disto tudo. Mas de facto, o artigo aponta para a evidência, fazendo uso do paradoxo de Jevons, que mais kms percorridos de carro virão.

Nesse aspecto, como também já referenciou o @jmpa, importa onerar o uso do carro dentro das cidades. Mas também não podemos entrar numa lógica anti-empresarial, como faz demagogicamente Louçã, de querer apenas severamente sobre-taxar estes sistemas, sem sobre-taxar na mesma medida o automóvel particular.

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Mesmo relativamente ao número de carros estacionados, tenho dúvidas se a longo prazo o resultado será uma redução. Os táxis, Ubers e DriveNows também passam tempo estacionados. Se não tiverem de pagar para estacionar, não vejo nenhuma limitação ao aumento de dimensão das suas frotas.

Claro, mas muito menos tempo! Conheci em tempos um taxista, e como o investimento tinha sido tão grande, eram três condutores para o mesmo táxi, distribuídos por turnos, para fazer render o investimento. Neste ponto caro @jmpa, a redução do espaço para estacionamento é mesmo um facto inegável. Interessa todavia perceber se esse espaço ganho, não é ocupado por mais kms percorridos, considerando ademais que o espaço de circulação é maior que o espaço de estacionamento. E continuamos a desconsiderar projetos como o UberPool.

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