Apoio público ao estacionamento duma cidade semi-falida: Lisboa

Não aguento mais: vou cortar os pulsos…

O conceito de espaço público significa poder ser ocupado de forma partilhada por vários indivíduos, não simultaneamente mas pelo menos de forma alternada e não indefinida. Não existe diferença fundamental entre estacionamento ou banco de jardim por exemplo. Qualquer pessoa poderá ficar sentada por tempo indeterminado ou ocupar um local à sombra indefinidamente. Numa cidade com poucos habitantes e abundância de estacionamento ninguém se preocupa com o tempo que alguém fica estacionado. É simplesmente uma questão de procura e oferta.
Mas o que deduzo do que escreveu é que os fundos públicos devem ser aplicados na criação de zonas de lazer e descanso, mas o estacionamento para alguém que trabalha e realiza uma actividade produtiva deve ser devidamente cobrado,(ainda falta definir o que significa “devidamente”). E ao contrário do que diz, e já o tinha escrito, existem entidades que gerem parques em superfícies comerciais e hospitais, sendo que em muitos destes, o espaço foi cedido gratuitamente pelo município mas usado de forma rentável pelas ditas empresas!

@Three, naturalmente.
Mas que espaço ocupa um carro estacionado e que espaço ocupa uma pessoa num banco de jardim? E quanto tempo normalmente é que cada um ocupa um desses espaços? São dimensões muito diferentes, além de que estar algures num sítio público (e eventualmente na companhia de alguém) é uma condição básica nossa de ser humano e cidadão… o mesmo não se pode dizer do “manter um carro estacionado”. Não interprete mal a minha opinião, eu também tenho carro e está todos os dias estacionado na minha rua que aliás não tem parquímetro… mas se tivesse, talvez as duas oficinas que aqui operam não abusassem e fizessem da via pública um reservatório de carros avariados para benefício próprio (o que como deve calcular, causa grandes constrangimentos aos residentes, especialmente para aquele que optam em tirar o carro todos os dias para ir trabalhar e logo à noite se vêem gregos… ainda que esta zona esteja bem servida de transportes)…
O devidamente cobrado, diria eu, deve estar em consonância com a natureza de cada zona. Tal como aquilo que você está a dizer, há uma grande diferença entre a necessidade de se taxar estacionamento numa urbe muito populada, ou numa aldeia no interior (exemplos extremos). O primeiro, face ao segundo, tem uma carência muito grande de espaço e a ocupação do mesmo deve ser cobrada de modo a desincentivar. A forma mais simples de dizer qual é o custo é simplesmente olhar para o valor do metro quadrado à superfície nessa zona (para parques subterrâneos, o preço deve ser aquele que cobrir os custos da obra), mas parece-me razoável também que hajam outros factores interessantes a ter em conta tais como espaço público envolvente (se é muito ou não, e se tem qualidade), congestão das artérias urbanas (se estão muito regularmente muito entupidas ou não), eventuais problemas de saúde causados pelo tráfego na zona… e provavelmente dará para pensar noutros factores. Lisboa (provavelmente outras cidades do país também, mas só posso falar do que conheço bem) já há muito tempo que está extremamente afectada por estes problemas, e isso acaba por explicar porque é que há muitos mais parquímetros em Lisboa do que (exemplo) em Mértola! E se calhar faz sentido haver diferença.
Não se trata de cobrar estacionamento a quem trabalha(!)… logicamente que quando se cobra, devem ser propostas alternativas sustentáveis de mobilidade. A cidade de Lisboa é muitíssimo bem servida de transportes, e mesmo quem more numa zona da periferia mal servida, consegue-se deslocar até uma outra zona que tenha mais transportes e fazer o resto do trajecto a partir daí… simplesmente normalmente ninguém o faz, a partir do momento em que pega no carro, as pessoas fazem o resto do caminho com ele.

Se há espaços cedidos gratuitamente, está mal!
O exemplo de que me tinha lembrado e estava a referir era de parques subterrâneos, que têm grandes custos de construção (não é só o terreno). Não me refiro a empresas estilo BragaParques que vivem desse negócio, mas por exemplo de parques de Pingo Doce (que em Lisboa são cobrados) ou de centros comerciais tipo Colombo. Esses parques são bastante mais caros que os da EMEL porque o preço tem de pagar o custo, já os da EMEL são pagos pelos contribuintes. Convenhamos… há se calhar muito mais coisas onde era mais importante e urgente aplicar o dinheiro público do que em parques de estacionamento. (e o exemplo não tem de ser só a saúde, segurança social ou educação, pode passar por melhores transportes públicos para que as pessoas sejam menos dependentes do carro).

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E ainda o aumento de falta de segurança rodoviária o que está diretamente ralacinado com o aumento de feridos e mortes derivadas de colisões/desastres, aumento do ruído, aumento da ansiedade, aumento da fadiga, aumento de peso, e aumento de custos relacionados com a saúde e o tratamento das ditas maleitas.

Olha que há ainda assim quem consiga ir para o Tagus de bicicleta!! :slight_smile:
Mas faltam mesmo muitos transportes para essa zona…

By the way: Mas vocês ainda dão trela a trolls?!
Já viram o tempo e energia que se gasta com UM troll que poderiamos todos estar a usar para potenciar outras iniciativas?

(just saying)

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@Nuro_Carvalho eu percebo o que queres dizer. Mas eu também acredito que às vezes mostrar um pouco de nós, tentar perceber o outro lado e falar de igual para igual pode trazer consequências gratificantes. Eu não acho que a generalidade das pessoas avessas à mobilidade suave o sejam por estupidez ou falta de intelecto… antes, foram “bombardeadas” por uma série de ideias pré-concebidas que deturpa por completo o que é andar de bicicleta numa cidade e o que todos conseguiremos ganhar se houver mais gente a pedalar. E acredito piamente que quando temos a humildade de dedicar tempo a ler as opiniões dos outros e a dar respostas elucidativas sem que no processo façamos uso da linguagem-tipo “eu estou certo, tu estás errado” ou “tu automobilista que só pensas em ti mesmo”, em geral iremos obter a mesma cordialidade e as nossas reflexões chegarão mais facilmente aos outros, porque não nos terão como hostis. Eu próprio noto no Three alguma ligeira mudança de discurso em relação à mobilidade suave desde que aqui chegou e, não querendo isso certamente dizer que começou a andar de bicicleta ou que partilha na íntegra com as ideias, já entende melhor certas posições nossas (o que por si só é sempre uma vitória), e isso certamente só acontece quando temos a humildade de debater com quem pensa de maneira diferente, sem inferiorizarmos ninguém por isso. Além de, pessoalmente, não ter razão de queixa na conduta que ele tem levado aqui.
Eu sei que o Three é só uma pessoa mas ei… isto é um fórum, discutem-se ideias, partilham-se experiências… e o Three não é apenas uma pessoa. Certamente tem amigos, família, colegas de trabalho, e possivelmente até filhos, uma esposa e uma opinião própria na sociedade. Vale o que vale. E tenho a certeza de que se não tivesse um mínimo interesse ou curiosidade no assunto não estava aqui… Além de que isto é a internet, estará aqui informação e ideias disponíveis a todo o tipo de pessoas.

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Então podemos sentar-nos por tempo indeterminado em cima ou dentro do seu carro? Não existindo “diferença fundamental” como diz, parece que qualquer carro que esteja na rua é um bom local de descanso público! Ou quererá dizer que qualquer lugar de estacionamento é bom para colocar um banco de jardim com árvore para fazer sombra?!

Não se trata de abundância de estacionamento mas abundância de carros, nem sequer é uma questão de procura e oferta, termo da economia. É uma questão de ética e de bom senso.
Mesmo em cidades com poucos habitantes (vilas? Aldeias?), se calhar quer dizer poucos carros, mesmo abundando o estacionamento LEGAL, continuar-se-á a ver carros estacionados em passeios, em passadeiras e em mais uns quantos lugares ilegais.

Se acha mesmo um luxo e uma realização pessoal ter um (ou mais para o resto da família) lugar na rua pública frente à sua casa para estacionar o seu carro, pois considere que outros acharão que um verdadeiro luxo é viver numa rua segura, sem ou com pouco trânsito, com espaços verdes e de lazer propícios à interacção e convívio das pessoas.
Depois do trabalho gostava de chegar e ter logo um lugar grátis para estacionar frente à sua casa? Então e os outros? As crianças? Os idosos? Os debilitados? Os que usam transportes públicos? Os que vão a pé? Os frequentadores do café? Das esplanadas? Da cabeleireira? Os outros “utilizadores” da sua rua que é pública e que são seus vizinhos? Ficam em casa porque o seu também espaço está ocupado de carros de pessoas que exercem actividades produtivas?

Há que pensar mais amplo e global.

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Porventura senta-se em cima de alguém que esteja a ocupar um banco de jardim ? Se o fizer será falta de educação ou mesmo agressão! e sim, qualquer lugar de estacionamento é bom para colocar o banco de jardim e uma árvore. Mas é precisamente por ser uma questão de ética e bom senso que não se pode excluir por completo todos os automóveis e seu estacionamentos. Não sei em que aldeia viu carros estacionados nas passadeiras existindo estacionamento legal. Em muitas simplesmente não existe nada, nem habitantes
Parece que todos esses habitantes têm tempo para actividades de lazer, todos a passear, no café, na esplanada, no cabeleireiro… ninguém trabalha!
Parece que o seu ideal é suprimir todos os automóveis e voltar à idade média onde até se usavam cavalos, imagine-se, para deslocações…

Ya, tipo esta cidade mediaval de cerca de 350 mil habitantes que ainda não chegou à idade moderna!!


(com comentários muitos claros e perspicazes!)

Ou neste video onde se pode ver que querem reduzir faixas de rodagem de 3 ou mais vias para uma!!
Querem acabar com os carros?!! They bastards!

Oh @Nuro_Carvalho, toda a gente sabe que Portugal é um país do mais moderníssimo e do mais desenvolvido que existe… em todas as matérias! Esses carochos desses nórdicos percebem alguma porra do que quer que seja? (alguns desses países até permitem a venda de certos estupefacientes… ai ai ai)
Já olhaste para o índice de felicidade desses países? São miseráveis!! Aposto que devem perder horas e horas em viagens entre a casa e o trabalho… a fazerem-no de transportes públicos ou de bicicleta, faço ideia!

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Porque não mostram a rede de TRAMs, metro e autocarros que existem nessas cidades ? Mas mostrem também Paris, Londres, Berlin, Roma, não vale ficarem-se apenas pela Holanda

Tem noção que Paris e Londres são só as duas maiores áreas metropolitanas da Europa, certo? Ainda que fossem pior servidas que Lisboa (certamente não são) continuariam a ter uma rede mais alargada e com maior oferta. Lisboa não está na mesma escala.
Todas essas cidades (à excepção de Roma) estão décadas à frente de Lisboa no que diz respeito quer a transportes públicos quer a mobilidade suave. Veja só que em Paris até substituíram uma das vias na marginal por uma ciclovia loool. São outras mentalidades… por cá quando se fala em privilegiar transportes públicos que disputam o espaço com os carros abre logo uma guerra do caraças. Ninguém aqui quer ver o espaço para o seu automóvel circular reduzido em virtude de libertar mais espaço para os transportes públicos… e isto é uma democracia.

Roma… já existem transportes públicos lá?? :thinking:

Por cá nem se fala em privilegiar transportes públicos. Só a expansão do eléctrico 15 até St. Apolónia vai demorar um anos de estudos e só o vão fazer por causa do terminal de cruzeiros.

Até que se fala.
Há mais eléctricos que vão voltar a circular. O metro vai ser expandido. Fala-se no transporte rápido em faixa dedicada na A5… só que o único concelho que tem preocupações reais com isto ainda vai sendo o e Lisboa.
Lembro-me de no debate na TVI24 quando falaram de transportes públicos, o actual presidente de Oeiras limitou-se a dizer que não são da competência da câmara… por isso, está tudo dito.

Cá nem com propostas semelhantes a ganhar orçamentos participativos se consegue tal coisa :confused:

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Em Oeiras “vamos” reeleger o mesmo gajo que teve lá décadas… e que rigorosamente nada fez em termos de transportes públicos e de mobilidade suave. Porque nos haveremos de queixar da falta de transportes no concelho? É uma opção política que tem o apoio dos eleitores. Se as pessoas quisessem mesmo mais transportes públicos, elegiam outro gajo.

Parece-me que a questão se prende com a crónica “falta” de alternativas. É realmente uma pena ver o mesmo tipo à frente do concelho. Mas a velha história irá perdurar: apesar de criminoso fez muito por Oeiras e isso é uma troca que compensa (dizem os sábios).

Pois… o que é que ele fez mesmo? :thinking:

O investimento nos transportes públicos não pode ser feito em função da vontade popular senão é o resultado que temos porque existem consequências que vão muito além das questões locais…

Mas se a questão local for superior ao interesse de meia duzia, respeitando
a lei, e não for satisfeita, então de que serve vivermos em democracia??