Bicicleta ou car sharing? O mais barato e veloz em Lisboa

Bicicleta ou car sharing? O mais barato e veloz em Lisboa

22/10/2019

A Deloitte fez o teste para avaliar quais os serviços de transportes partilhados mais rápidos e económicos. Nos percursos curtos é a bicicleta que ganha, mas, quando as distâncias aumentam, o car sharing é o mais vantajoso. A micromobilidade aumentou exponencialmente na capital com dez operadoras a surgirem entre 2018 e este ano.

A mobilidade em Lisboa não é só viajar no transporte individual ou público. Toda a gente que vive, trabalha ou visita a capital sabe disso. O carro próprio ainda é o meio convencional, mas, nos últimos cinco anos, os serviços partilhados de bicicletas, scooters, automóveis ou trotinetes ganharam terreno nas estradas da cidade.

A oferta é diversificada e, portanto, há mais opções. O difícil é saber agora qual o mais vantajoso, mas a consultora Deloitte fez o teste para simplificar a viagem. O exercício faz lembrar a clássica competição entre a lebre e a tartaruga. Só que, nesta fábula urbana, o troféu não calha sempre aos mesmos. Tudo depende da perspetiva. Se o tempo for a moeda de troca, então, o car sharing e as plataformas de transporte privado são os primeiros a cortar a meta. Mas se são os custos que mais contam, o campeão para os percursos curtos é a bicicleta partilhada e o vencedor para distâncias mais longas é o car sharing.

Percorrer 1,7 km entre a Av. Eng. Duarte Pacheco – onde está localizada a sede da Deloitte, em Lisboa – e a Praça Duque de Saldanha demora seis minutos com um automóvel partilhado e dez minutos com uma scooter ou uma bicicleta. No fim da corrida, o transporte mais económico será a bicicleta, com um custo total de 1,50 euros. #E os mais caros são as plataformas de transporte privado que, neste percurso, atingem os 2,70 euros. #A scooter implica um gasto de 2,50 euros, mas é a taxa de bloqueio de um euro que encarece esta opção. No ranking dos custos, o car sharing acaba por ser a escolha mais barata, logo a seguir à bicicleta (1,80 euros).

Alargando a distância percorrida para nove quilómetros – com o ponto de partida a manter-se na Av. Eng. Duarte Pacheco e o de chegada a deslocar-se para a Gare do Oriente –, o tempo e os custos aumentam, tornando o car sharing não só no transporte mais económico (4,50 euros) mas também no mais rápido (15 minutos).

O boom da micromobilidade

As novas formas de mobilidade chegaram às cidades há menos de uma década, mas não foi preciso muito tempo para perceber que, não somente vieram para ficar como é expectável que cresçam exponencialmente. Se dúvidas ainda houvesse, basta espreitar as previsões da consultora Deloitte. Os utilizadores das plataformas de transporte privado e de car sharing já rondam atualmente os 500 milhões em todo o mundo e a expectativa é que dos atuais 3% da população mundial passe para 15% numa década.

A micromobilidade, que tanto inclui a bicicleta, como a trotinete ou a scooter, vai ter um aumento de passageiros na ordem dos 50% em 2030 nos países da OCDE. E o mercado mundial, nessa altura, representará qualquer coisa como 500 mil milhões de dólares.

São as perspetivas da Deloitte para uma escala global, mas a consultora também avaliou o impacto e a evolução destes transportes alternativos em Lisboa. Recuemos, então, ao ano de 2014. Não foi assim há tanto tempo que a Uber surgiu na capital portuguesa, sobressaltando os operadores de táxis e obrigando o governo a legislar as novas formas de fazer negócio com a mobilidade.

As bicicletas partilhadas são cada vez mais uma solução para percorrer distâncias curtas nos meios urbanos.

Hoje, e passados cinco anos, há mais três empresas a operar em plataformas eletrónicas. Os primeiros serviços de car sahring chegaram dois anos mais tarde, mas rapidamente recuperaram terreno, atingindo, no ano passado, o mesmo número de empresas do que os primeiros operadores de transporte privados. Ambos são atualmente responsáveis por mais de seis mil veículos registados, sete mil condutores inscritos e um milhão de apps descarregadas.

Mas é a micromobilidade que tem agitado as estradas. A primeira operadora surgiu em 2017, mas, só entre outubro de 2018 e abril deste ano, apareceram outras dez (nove empresas de scooters e uma de bicicletas partilhadas). As cerca de duas mil bicicletas e seis mil scooters fazem à volta de 20 mil viagens por dia e contam com cerca de 150 mil utilizadores.

Texto: Kátia Catulo | Foto: Miguel Pereira / Global Imagens