Carros verdes (?)

Olhando para o total de emissões de CO2 ao longo do ciclo de vida de um automóvel, somando todas as emissões pela qual é responsável, vê-se que um carro híbrido ou elétrico (com o mix energético atual) é apenas ligeiramente melhor que um automóvel convencional.

A ideia das emissões zero para os veículos elétricos, é um embuste da indústria para aliviar a consciência ambiental do consumidor no ato da compra de mais um carro.

Fonte: Relatório da Agência Europeia para o Ambiente sobre Transportes

Retirado do blogue menos um carro.

Nota: devido ao espírito censório de alguns membros da casa, talvez inspirados por Tomás de Torquemada, pois alegadamente o título original seria misógino e machista, alterei o referido título tendo alterado uma única letra, mormente a que define o género gramatical do substantivo que gerava polémica, esperando eu que agora a referida alteração suplante as mencionadas objeções, e que o título atual já não incorra nem em machismo nem em misoginia, nem muito menos, espero, em feminismo ou misandria, considerando o meu género biológico. Ainda bem que o Português permite estas subtilezas heteropatriarcais.

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Gráfico muito interessante. Já salvei o documento, para futuramente o partilhar com alguns amigos. Isto demonstra bem que o ganho ambiental dos carros eléctricos é uma coisa muito residual…

Gostava que esse gráfico tivesse também incluído os carros a GPL. Se calhar os eléctricos até poluem pouco mais que o GPL!
Existe também uma questão, que é a da durabilidade dos carros. Um carro eléctrico é capaz de durar muitos mais anos… se bem que pode precisar de substituir as baterias na mesma com alguma regularidade, e o seu fabrico deve ser a componente que mais agride o meio ambiente.

Todavia, acho que o carro está a perder em termos definitivos o seu papel na cidade, não estou muito preocupado que apenas se substitua os a combustão interna pelos eléctricos sem se reduzir substancialmente o número de carros. Desde novo, sempre imaginei que o conceito de “mobilidade sustentável”, tem a ver com todos os factores de sustentabilidade que existem, não só o ambiental, como o económico, e sobretudo o nível de movimentação que as nossas cidades são capazes de «sustentar». Quando olhamos para o trânsito diário e constante nas nossas cidades… percebemos que as nossas cidades não têm capacidade para nada disto. Mesmo que um carro eléctrico fosse tão verde como uma bicicleta, continuaria a não ser um meio de transporte sustentável na maior parte das nossas cidades.

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Bem, também se pode fazer o mesmo para bicicletas: entre o fabrico, transporte, manutenção e o bife que comi ao almoço para fazer os 22km de regresso a casa, também há um balanço de CO2 a ser feito.

A propósito deste tema, vejam este vídeo da GCN: https://www.youtube.com/watch?v=YN1i2a5wtuo

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eu passei a comer mais quando vendi o carro?
não dei conta.

do vídeo:
o condutor do carro não come?
NOx HC CO PM da bicicleta e do carro?

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Vídeo muito interessante. De facto, todo o rigor extra que podemos incrementar na análise… é rigor. E, à partida, passamos a comer mais se trocarmos o carro pela bicicleta. Pelo menos, devemos supor que sim, as nossas necessidades energéticas aumentam. Talvez nalgumas pessoas não se note muito.
Eu acho é que o aumento do gasto de comida, face ao que já naturalmente comemos, não é significativo. Neste aspecto, o que há-de ser mesmo importante, é o que comemos e não a quantidade que comemos.

Cuidado com esses gráficos.
Muitos deles são falsos, elaborados pelas petrolíferas para continuarmos com carros a combustão.
Mesmo se um carro electrico é mais poluente ao ser fabricado (o que não acredito), ele é uma enorme vantagem a nível poluíção atmosférica nas urbes. Menos carros, sim. Os poucos que circulem que sejam electricos.

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“Mesmo se um carro electrico é mais poluente ao ser fabricado, ele é uma
enorme vantagem a nível poluíção atmosférica nas urbes.”

Sem dúvida. Mas se a energia utilizada para produzir a electricidade for
nuclear, ou fóssil, o problema é igual ou pior do que o petroleo. A única
diferença é que em vez de poluirmos a cidade, poluímos onde a electricidade
é produzida…

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Exactamente. A energia produzida tem de ser verde. Na minha ultima fatura pareceu me ver que Portugal atingiu 80% de energia electrica produzida a partir de fonte renovável.
O lobby do nuclear avançava com esse argumento: “a energia nuclear nao emite CO2 e vai ser preciso muita electricidade para carregar os carros electricos.” É falso. Não utilizemos os argumentos deles.

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Na minha opinião, o que este gráfico nos diz, é que a solução passa por mais investimentos em transportes públicos e infraestruturas cicláveis. Simples.

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Sim sem duvida alguma, sobretudo nos países do Sul da Europa, onde há décadas de atraso, pois investiu se nas estradas (era preciso) e, no mesmo movimento, apostou se no carro particular, quando já se sabia, nos paises “desenvolvidos” que, nos centros urbanos, este era e é uma praga.

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O tempo de vida das baterias de iões de lítio é curto. Em 5 anos perdem metade da capacidade, em 10 devem ser substituidas

Acho piada chamar praga ao automóvel quando foi precisamente este que permitiu que as cidades chegassem ao que são hoje. caso contrário seriam ainda burgos medievais.

Tenho um amigo com um carro 100% electrico com 6 anos e a carga efectiva atinge ainda 99%…
Chamei praga ao automóvel nos centros das cidades. Nas outras zonas são prodigiosos.

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E antes do automóvel foram os pioneiros da bicicleta que fizeram lobby para termos arruamentos melhores e deixarmos a era da carroça e do transporte animal.

E o que são para si as cidade de hoje? Amalgamas de metal? Filas e filas de trânsito? Auto-estradas urbanas? Poluição?

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Hmm… É preciso ser pragmático. A massificação do automóvel só ocorreu na primeira metade do século XX.
Muuuuito antes disso, já tínhamos assistido à industrialização das principais economias. Ainda mais cedo já alguém tinha iniciado o crescimento económico moderno. Quando o automóvel se massificou, já íamos aí em quê… dois ou três ciclos de Kondratiev?
Havia “vida” muito antes do automóvel. O automóvel não foi, nem pouco mais ou menos, o que fez a diferença entre um vilarejo medieval e uma cidade moderna. Foi apenas 1 das muitas inovações-chave, que ocorreram nalgum período do tempo. Agora, é preciso cuidado porque não existem invenções milagrosas. Existe um nível de uso a partir do qual o bem-estar retirado de uma inovação não é máximo e começa a decrescer. Parece-me óbvio, a mim e a muita gente, que no caso do automóvel estamos já muito para lá desse ponto.

Uma coisa é eu usar o carro para ir de Lisboa ao Porto… outra coisa é eu usar o carro para ir todos os dias de Cascais a Lisboa… São cenários totalmente distintos, é preciso ter isso em mente.

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Hoje tive a necessidade de trazer o carro para o trabalho, no centro de Lisboa. Eis a milagrosa média que fiz nos cerca de ~8km de percurso.

Mais valia ter vindo a correr…

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Já se viram médias piores…
Mas é evidente que no automóvel, está se a passar da utilidade ao pesadelo. Ele é útil até à entrada na urbe…onde a média cai. Por isso deve articular se com os outros transportes.

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Se a urbe for o concelho de Lisboa, e à volta forem os subúrbios… eu diria que até na generalidade dos subúrbios :slight_smile: tendo em conta o trânsito diário que existe em toda a linha de Cascais e Sintra, e para atravessar a Ponte. Se não tivermos o estigma de pegar numa bicicleta para nos colocarmos rápido e eficazmente no meio de transporte público mais próximo que nos leva para o centro de Lisboa… em quase qualquer zona dos subúrbios esta é uma opção muito mais competitiva que o automóvel. A maior parte das pessoas que não moram suficientemente perto de uma estação de comboios para irem até ela a pé, e que por isso acabam por levar carro para Lisboa… ainda não se aperceberam do quão fácil é ultrapassar a distância que separa a nossa casa da estação de comboios mais próxima.

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Exatamente, tudo explicadinho aqui:

Claro, concordo contigo. Nenhum transporte é zero-emissões, até a andar a pé se emite CO2. A crítica é à indústria que nos quer fazer passar a mensagens que carros elétricos são zero-emissões.

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A sério? E Amesterdão, é um burgo medieval? As cidades a pensar no automóvel não são cidades, são fábricas! Peço-te que reconsideres bem o conceito de cidade: O automóvel, um alienígena na cidade[quote=“pmmsanches, post:16, topic:3855”]
Hoje tive a necessidade de trazer o carro para o trabalho, no centro de Lisboa. Eis a milagrosa média que fiz nos cerca de ~8km de percurso.

Mais valia ter vindo a correr…
[/quote]

E de carro, vieste com uma tonelada “às costas”. Como é que alguém pode considerar isso “eficiência”? Repara que não estou contra carros per se, cada um faz uso do transporte que acha mais conveniente em função das suas necessidades e infraestrutura, ataco é a indústria pelo seu embuste verde.[quote=“ZeM, post:15, topic:3855”]
Existe um nível de uso a partir do qual o bem-estar retirado de uma inovação não é máximo e começa a decrescer. Parece-me óbvio, a mim e a muita gente, que no caso do automóvel estamos já muito para lá desse ponto.
[/quote]

Por ano morre no mundo 1,23 milhões de pessoas de desastres rodoviários! Fora os muito mais que morrem de sedentarismo e poluição. Somado estes três fatores, está no top5 no mundo na causa de morte. O automóvel no séc. XX matou tanta gente, apenas em sinistros, quanto matou a segunda grande guerra. E ainda há gente que acha que o automóvel é uma excelente invenção. Não é! É uma praga, um cancro civilizacional!

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