Censos 2021

Este estudo tentou perceber também os hábitos de deslocação dos portugueses, principalmente a questão ‘casa-trabalho’. Em 2021 aumentou a população empregada, com o valor a bater nos 4,4 milhões de empregados. Mas menos 28,5% da população trabalha na freguesia em que reside, o que significa que as deslocações casa-trabalho são mais frequentes.

E como se deslocam as populações? Nos últimos dez anos, o automóvel ligeiro (como condutor ou passageiro) continua a ser o principal meio de transporte para as deslocações casa-trabalho, principalmente nas regiões de Leiria, Viseu Dão-Lafões, Aveiro, Alto Minho, Coimbra e Médio Tejo, com valores superiores a 80%. Apenas 12% dos residentes empregados recorre ao transporte coletivo, cerca de 1/4 destes estão na Área Metropolitana de Lisboa.

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Só um em cada quatro portugueses vai a pé ou de transportes coletivos para o trabalho (24,9%), segundo os dados dos Censos de 2021 divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. Há uma década a percentagem era de 29,1%. Portanto, ao contrário do desejável, a utilização desses modos de deslocação diminuiu e aumentou o uso do automóvel, tornando mais distantes as metas definidas pelo Governo para 2030.

Os dados sobre dinâmicas territoriais agora discutidos pelo INE focam-se nas deslocações para o trabalho, sem incluir a ida das crianças para a escola. E mostram que ir a pé para o trabalho tornou-se ainda menos frequente na última década: era a escolha de 13,5% dos portugueses em 2011 e passou para 12,7% em 2021.

O mesmo aconteceu com a utilização de transportes coletivos, como comboio, autocarro, Metro ou barco, a caminho do trabalho: passou de 15,6% em 2011 para 12,2% em 2021.

Pelo contrário, aumentou o uso do carro. Há uma década era o meio usado por 68,3% dos portugueses na ida para o trabalho, agora subiu para 72,6%.

Numa altura em que mais de um terço (34,1%) da população empregada trabalha num concelho diferente daquele onde reside, a rede de transportes e o tempo de deslocação são fatores importantes a ter em conta de hora de decidir que meio de transporte escolher.

E o que os Censos mostram é que a "população residente empregada que utilizava o automóvel ligeiro no trajeto casa-trabalho demorava em média 18,8 minutos [em 2021], enquanto a população empregada que recorria ao transporte coletivo despendia 43,5 min”. Ou seja, em média, a nível nacional, quem usa transportes ainda demora mais do dobro.do que quem vai de carro para o trabalho.

AS METAS

Para 2030, o Governo ambiciona a meta de ter 35% dos portugueses a ir a pé para o trabalho ou para a escola. É esse o objetivo que ficou fixado na Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Pedonal. Em 2021, apenas 15,7% da população ia para o trabalho ou para a escola a pé, segundo os Censos, sendo menos do que os 16,4% dez anos antes.

Apesar dos esforços dos últimos anos para aumentar a utilização de transportes coletivos, os Censos mostram que, em geral, também há agora menos pessoas a deslocarem-se diariamente de transportes para o trabalho ou escola (16,2%) do que em 2011 (20%).

Nenhum destes caminhos contribui para o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050, que requer necessariamente a alteração dos padrões de mobilidade para opções mais sustentáveis.

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Há uma publicação do Cycling Professor:

Em Portugal, o tempo nas deslocações pendulares passou de 21.5 min, em 1991, para 19.9 minutos, em 2021.
Nestes 30 anos, gastámos mais de 30 mil milhões na construção de mais estradas, e o número de carros multiplicou várias vezes. Mas tb praticamente não conseguimos diminuir o tempo de deslocações.

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Tem gráficos e tabelas muito fixes:

https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2636/html/primeiro-caderno/investigacao/uso-do-carro-cresceu-em-96-dos-concelhos