Masculinidades

Compreendo.
O que quero dizer é que os aspetos genéticos são incontornáveis.

Uma pessoa pode ser do género feminino e ter o sexo masculino é certo. Pode até mudar de sexo, mas isso não é natural, será sempre medicamente assistido. Também não poderá ter filhos e não gerará leite materno. Portanto nunca terá todas as funções do sexo feminino, será mulher conceptualmente (no género).
Por outro lado, em determinado período havia sociedades que consideravam que as mulheres tinham menor capacidade intelectual e com base nesse preconceito distinguiam o seu papel social. Mas a natureza não nos produziu diferentes a esse nível.

O aspeto genético acaba sempre por se sobrepor, a sobrevivência da espécie assim o determina. Podemos construir os conceitos que quisermos mas nunca poderemos negar ou minimizar o impacto da nossa própria natureza.

No caso da utilização da bicicleta diariamente em tráfego intenso, penso que a avaliação do risco está mais relacionada com questões genéticas do que de género. Mas não tenho dados científicos, é apenas a minha percepção.

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O que somos enquanto seres humanos não são apenas conceitos que se escrevem são sentimentos que se vivem.
Genética e cultura interinfluenciam-se, não é sempre a primeira que se sobrepõe, como por exemplo no que respeita à intolerância à lactose que seria “natural” e o deixou de ser nos países do hemisfério norte; à redução do tamanho dos pés pelas mulheres chinesas, às mulheres pescoço de girafa na Tailândia, entre outros exemplos.
Também nunca faria essa experiência,mas deduzo que o risco de uma mulher pegar numa bicicleta e sair sozinha para as ruas de Riade seja bastante grande!!

As imposições sociais podem parecer-nos pouco salientes, mas existem e condicionam significativamente as nossas acções. Nós tendemos a agir de forma coerente com aquilo em que acreditamos, e há inúmeras experiências científicas em psicologia em que formas subtis de priming psicológico resultam em diferenças de performance, desde habilidade matemática à velocidade da passada.

Eu desconfio que a tese da maior aversão ao risco por parte das mulheres como justificação para a menor proporção de mulheres a andar de bicicleta é uma falácia. Acho que tem mais a ver com as diferenças de carga horária de trabalho e natureza das tarefas que as mulheres têm a cargo face aos homens, entre outros factores (como a diferença na forma como o exercício físico e o esforço físico são encarados e enquadrados por homens e mulheres).

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Não me querendo intrometer, não é totalmente verdade. Os povos sino-tebetanos (por exemplo chineses) têm muito mais intolerância à lactose que os indoeuropeus, e mesmos nestes, a intolerância é menor nos povos nórdicos.

E a razão é que os indoeuropeus algures no tempo desenvolveram mutações genéticas que os tornou, em parte, resistentes à lactose, pois em períodos de grande carência, sobreviveram aqueles que conseguiram tirar proveito do leite, em vez de matarem logo a vaca.

Em relação à diferença dos sexos, entre homem e mulher, já escrevi sobre isso:

Mas resumidamente há duas componentes, a humana e a biológica. Na humana somos todos seres humanos e existe género, não sexo, e podemos ter homens com género feminino ou vice-versa, visto que a psique humana é muito complexa. Na vertente biológica existe sexo, e tal é na maioria dos casos claro e imutável pois está relacionado com a genética e com os cromossomas. Foi o sexo, que permitiu início do paleozóico aumentar a variabilidade genética devido à seleção natural e que fez explodir a biodiversidade.

E claro que há características sexuais secundárias que promovem o dimorfismo sexual, recomendo a leitura:

E não há nenhuma razão para pensar que o Homo Sapiens não tenha dimorfismo sexual. Dito isto, somos todos pessoas, seres humanos, e é isso que nos une na civilização.

Em suma, todos diferentes, todos iguais.

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Nature and nurture

Uns tendem a valorar mais um ponto, outros outro ponto, mas ambos tomam um papel relevante. Obviamente que numa sociedade onde as mulheres culturalmente são inferiorizadas, como por exemplo as teocracias islâmicas, a cultura molda o cérebro através da denominada plasticidade neuronal.

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Ora aqui está um fundamentalismo bacoco anti-leite. As comunidades não se “apropriaram” do leite. As comunidades capazes de alimentar as suas crianças durante um período alargado graças ao leite de mamíferos obtiveram uma vantagem evolutiva ao garantir a sobrevivência de mais filhos. Por outro lado em épocas de escassez, privilegiar a utilização do leite em vez de abater o ruminante parece-me uma alternativa lógica em termos de sobrevivência a longo prazo.

Tudo o resto são delírios fundamentalistas infundados. Também comemos carne e não somos leões, comemos cereais e não somos ruminantes, comemos peixe e não somos aves. A intolerância tem simplesmente a ver com a disponibilidade do produto.
Desejar a intolerância generalizada é condenar à morte milhares de recém nascidos cujas progenitoras por diversas razões não os conseguem alimentar.

Curioso ninguém se insurgir contra o queijo e iogurtes. Qualquer dia tudo é proibido em nome de conceitos idiotas.