Ministro do Ambiente recusa dar ainda mais apoios ao sector automóvel, diz que a aposta é no transporte público

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Os dados da Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) mostram que a compra de carros ligeiros de passageiros em Maio registou uma quebra de 53,2%, apesar da reabertura progressiva da economia em muitos países, como Portugal. No espaço da União Europeia (UE), as vendas em Maio de 2019 tinham sido de 1.217.259 unidades. Um ano volvido, venderam-se 581.161 em Maio de 2020.

Os dados portugueses relativos a Maio já eram conhecidos desde o início de Junho e indicavam um recuo de 74,7% no segmento de ligeiros. Agora conclui-se que o mercado português regista a segunda maior quebra no espaço da UE a 27 (já sem o Reino Unido). Pior do que Portugal só a Croácia. Na Europa Ocidental (que inclui os países da EFTA e o Reino Unido), os mercados com as reduções mais drásticas, em termos homólogos, foram o Reino Unido (-89%), a Croácia (-76,2%), a Islândia (-74,4%) e Portugal.

A culpa é do confinamento mundial por causa da pandemia, que atingiu diversos sectores económicos. O dos automóveis reclama ser um dos mais afectados, com as vendas desde o início do ano na Europa a descerem 41,5%, em termos homólogos. Em 2019, tinham-se vendido 6,31 milhões de ligeiros de passageiros nos primeiros cinco meses. Em 2020, foram 3,56 milhões no mesmo período.

Espanha tem um dos piores resultados da Europa. Em Maio, a quebra foi de 72,7%, para 34.337 viaturas, com as vendas desde Janeiro a tombarem 54,2%. Reino Unido, Itália e França são três mercados grandes e importantes que também estão entre as quebras mais elevadas e logo a seguir vem Portugal, onde o recuo desde Janeiro é de 47,6%. A Alemanha, principal produtor europeu, tem uma quebra menos significativa, de 35%, nos primeiros cinco meses de 2020.

Espanha dá 3750 milhões

Dado o cenário, diversos governos europeus criaram mecanismos de apoio à indústria e ao comércio. Portugal não segue por esse caminho, apesar do consenso entre ambientalistas da Zero e os industriais e comercializadores da Associação Automóvel de Portugal, que defendem que o país deveria ter um programa de apoio ao abate de veículos em fim de vida para estimular dessa forma o mercado automóvel. O que, no caso dos ambientalistas, deveria funcionar para a compra de eléctricos.

Na Alemanha, o pacote de estímulos à retoma da economia no valor de 130 mil milhões de euros proposto pelo executivo de Angela Merkel estabelece um apoio de 6000 euros para a compra de carros eléctricos (o dobro do praticado em Portugal) e corta temporariamente 3% no IVA. Mesmo assim, os fabricantes alemães criticaram Berlim, por deixar de fora medidas para os veículos a gasolina e a gasóleo.

Em Espanha, o executivo de Pedro Sánchez apresentou na segunda-feira um plano de 3750 milhões de euros para toda a indústria automotora, a executar em 2020 e 2021. Isto inclui um programa de apoio à compra de carros no sector público (eléctricos e com motor a combustível fóssil) no valor de 300 milhões de euros.

Madrid elegeu o sector automóvel para o primeiro plano sectorial de apoio à retoma. As ajudas irão variar em função das emissões dos veículos, com os menos poluentes a serem mais beneficiados (o preço-limite é de 35 mil euros).

Espanha tem um dos parques automóveis mais envelhecidos da Europa (12,4 anos), menos do que Portugal (12,9) mas bem acima da idade média dos carros na Europa (10,8). Já teve um plano de apoio para o sector entre 2012 e 2016, por alturas da crise das dívidas na zona euro. Nessa altura, foram beneficiados 1,17 milhões de consumidores.

Lisboa sem programa, apoio a empresas esgotado

Questionado pelo PÚBLICO sobre um eventual plano de apoio ao abate de veículos antigos, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática (MAAC) não se compromete. O gabinete do ministro Matos Fernandes frisa que o país já “tem um programa de apoio à aquisição de veículos eléctricos” e realça que este “se inscreve nos objectivos do Governo para a descarbonização da mobilidade”.

Esse apoio tem sido dado através do Fundo Ambiental, que esgotou, ao fim de cinco meses, os apoios à compra de eléctricos por parte de empresas. Havia 600 mil euros para 300 candidaturas, sendo que o número de candidatos (811) ultrapassou largamente o orçamento.

É nesta componente que os ambientalistas queriam ver um substancial reforço do apoio público, até porque o mercado empresarial é o que pesa mais nas vendas anuais de carros. O Governo destaca que em 2020 já tinha reforçado estes apoios com mais um milhão de euros e agora acrescenta que, esgotado o apoio para empresas, as verbas remanescentes poderão “ser reajustadas”, tal como no passado, ou seja, as verbas disponíveis podem transitar para linhas de apoio esgotadas.

Para a compra por particulares, 73% da verba está entregue. Havia 2,1 milhões de euros, com 3000 euros para 700 candidaturas. Até ao momento foram aceites 511. A compra é apoiada para veículos que custem no máximo 62.500 euros.

Sobre a renovação do parque nacional, através do apoio à compra de veículos mais jovens, menos poluentes e eventualmente reduzindo a importação, “trata-se de matéria no domínio da designada Fiscalidade Verde, que envolve várias áreas governativas”. “Naquilo que é da competência exclusiva do MAAC, continuamos a defender a aposta na promoção do uso de transporte público colectivo por parte dos cidadãos, criando as condições para que tal seja possível”, afirma o ministro. Essa “é uma das principais âncoras para reduzir a utilização do transporte individual, com os necessários impactos em matéria de emissões”.

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O idiota que defende a obra que vai introduzir mais carros em Lisboa a partir do Norte do Campo Grande, ou seja a Linha Circular, veio dizer isto?!

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políticos, they dance the dance!

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para quem recusa continua a dar muito apoio… só garganta!

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Este indivíduo parece mais um vendedor de carros eléctricos e um promotor do betão do que propriamente um ministro do ambiente.

Não percebi o contexto…