O espaço que os carros roubam às cidades

Partilhem exemplos neste tópico

Centro da cidade de Aveiro:

2 Curtiram

tudo arrecadações para guardar os popós?!

1 Curtiu

Consigo vislumbrar aí um belo parque ou jardim, cheio de árvores e cenas, para se passear, um quiosque com esplanada e quiçá um parque infantil para as famílias das redondezas usufruírem.

só que não.

7 Curtiram

Ninguém disse o contrário pois não?

Mas não deixa de ser triste como sociedade temos mais espaço dedicado ao automóvel que às pessoas… Jardins, parques, espaços desportivos, etc…

1 Curtiu

Ainda hoje estamos para saber como Roma enchia o coliseu dado na altura não haver carros… mistério!

Three, mas gosto mais desta postura menos beligerante em que apesar de não estarmos de acordo, conseguimos dialogar. Boa!

Obviamente que todos sabemos que o “carro” é um veículo imprescindível em muitas e variadas situações… muitos de nós usamos carro amiúde por razões mais diversas, ninguém está a dizer que os carros devem acabar totalmente. O que se pretende e deseja é que não ocupem tanto do espaço público/comum e tanto do erário público.

Advogamos muito a aposta no transporte coletivo, ferroviário, fluvial, até rodoviário, em detrimento do uso e abuso de infraestruturas e condições para as pessoas serem forçadas a escolher o carro como a melhor opção.

image

2 Curtiram

O exemplo dos Países Baixos é interessante nesse sentido. Dentro das localidades, as vias tem velocidade limitada e são estreitas para carros, frequentemente tendo ciclovia paralela (seja no passeio, seja ciclofaixa) ou no caso das ruas menores, Zona 30. Ao passo que as autoestradas sempre tem ciclovias paralelas. Dessa forma, para deslocações dentro das localidades, frequentemente o tempo de ir de bicicleta ou de automóvel será muito próximo, se a bicicleta não chegar primeiro.

[]s

1 Curtiu
1 Curtiu

“Quanto a essa planta, sabes bem que está distorcida, os espaços de garagem são regra geral minimalistas…”

Eu entendo essa planta como uma analogia/ironia, do espaço que um carro ocupa numa cidade(garagens + lugares públicos + faixas de rodagem, etc) em que poderia ser revertido em m2 de qualidade para uso dos cidadãos…

1 Curtiu

Three, olha os franciús…

1 Curtiu

Uma das matérias que não é praticamente debatida em Portugal de forma séria, é o facto de o país alocar enormes recursos financeiros para a construção e manutenção de garagens comuns, em espaços habitacionais, institucionais ou comerciais, para satisfazer o automóvel, mais especificamente o espaço que ele ocupa através do estacionamento. Além disso, várias empresas incorrem em enormes custos com as garagens que não o imputam de forma direta nos salários dos funcionários que as usufruem. Vários bairros sociais, apesar de terem habitações com uma péssima qualidade e sem infraestruturas sociais, são quase todos dotados com garagem. Várias autarquias através dos Planos Diretores Municipais obrigam que os prédios tenham garagem, em vários casos mais de um lugar por fração, mesmo que o empreendimento seja a custos controlados ou seja um bairro social. Em acréscimo a Lei encara o lugar de garagem como uma parcela inalienável da fração, comparando-o a uma cozinha ou uma casa-de-banho.

O espaço nos meios urbanos é uma ativo importante e oneroso, mesmo que esse espaço esteja alinhado verticalmente. Quando compramos um apartamento, não pagamos apenas os equipamentos, os trabalhadores que o fizeram ou as infraestruturas, nesse valor está uma quota parte referente ao custo do terreno, ou seja: espaço. Mas mais importante que isso, é que quando um promotor imobiliário opta por construir uma garagem num prédio habitacional ou comercial, sendo que em diversas situações os respetivos PDMs assim o obrigam, está a incorrer em enormes custos de construção e posteriormente de manutenção para os habitantes desse espaço.

(…)

As garagens públicas, privadas, em espaços institucionais, habitacionais ou comerciais, e os seus elevados custos para todos, são apenas mais um reflexo de uma país pobre, sem recursos energéticos endógenos e sem indústria automóvel própria, que tem alocado nas últimas décadas largos recursos financeiros para saciar as necessidades artificiais pelo facto de ter uma elevada taxa de motorização. As garagens são apenas uma pequena parte desses custos, pois temos todos em mente o que nos anda a custar as PPP rodoviárias, quantas pessoas morrem por ano de acidentes de viação, ou que 1/5 das importações do país são carros mais combustíveis. Tudo em nome da putativa mobilidade dos cidadãos, mas dados do censos do INE ditam que em dez anos, de 2001 a 2011 o tempo médio de deslocação pendular dos cidadãos diminuiu apenas um minuto e meio.

O automóvel e todas as suas infraestruturas conexas é como um poço financeiro sem fundo, quando mais dinheiro lhe injetamos, mais dinheiro é necessário injetar, sem que satisfaça, nem de perto nem de longe, o que supostamente deveria satisfazer: mobilidade.

1 Curtiu