Racks para bicicletas nos autocarros da Carris

Foi hoje aprovada em Assembleia Municipal uma recomendação do PAN para instalação de racks frontais nos autocarros da Carris. A ver quanto tempo demorará a ser concretizada!

Recomendação – Bicicletas – Mais Estacionamento e Transporte nos Autocarros

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Bicicletas – Mais Estacionamento e Transporte nos Autocarros

De acordo com o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, em Portugal 80% dos adultos não pratica a atividade de exercício físico ou desporto recomendada pela Organização Mundial da Saúde, tendo os mais jovens padrões semelhantes: 64% das crianças com 10-11 anos são pouco ativas fisicamente, e mais de 95% dos jovens com 16-17 anos também. Porém, sabe-se que a atividade física diminui o risco de obesidade e uma variedade de doenças como a doença coronária, a hipertensão, a trombose (AVC), o síndrome metabólico, a diabetes tipo II, o cancro da mama e colorretal e a depressão.

A falta de atividade da população reflete-se na despesa com saúde, pois, estima-se que se mesmo que somente metade (50%) da população portuguesa não praticasse atividade física, os custos seriam de cerca de 900 milhões de euros.

As deslocações quotidianas são uma forma possível de introduzir exercício ligeiro no dia-a-dia, pelo que incentivar os meios de mobilidade ativa, nomeadamente caminhada e bicicleta, é, por diversos motivos, de grande relevância, para além da central questão ambiental e da ambicionada neutralidade carbónica.

A autarquia de Lisboa nos últimos anos, em consonância com outras cidades, tem executado diversas infraestruturas no sentido de incentivar o uso de bicicletas.

No passado dia 25 de setembro foi aprovada em Reunião de Câmara a “Visão Estratégica para a Mobilidade de Lisboa 2030”. Esta estratégia, que se encontra para apreciação nesta Assembleia, refere que a Câmara Municipal pretende expandir a rede de ciclovias para em 6 anos triplicar o total de viagens em bicicleta.

O Grupo Municipal do PAN, desde o mandato passado que apresentou diversas recomendações[1] em matéria de mobilidade suave e de incentivo à utilização da bicicleta enquanto alternativa ao veículo motorizado individual, com o objetivo de potenciar o uso de transportes públicos e os modos suaves em rede.

Considerando que:

– Algumas destas recomendações, aprovadas nesta Assembleia, ainda não foram objeto de concretização, motivo pelo qual vimos reforçá-las por entendermos serem importantes para a cidade, complementando-as com novas propostas, como a necessidade de adequação dos autocarros ao transporte de bicicletas, nomeadamente através de equipamento denominados “racks”[2];

– De acordo com a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (EMNAC 2020 -2030), aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 131/2019, o setor dos transportes é responsável por cerca de 25 % das emissões, que cabe ao Governo, em parceria com diversos atores, nomeadamente os municípios, a promoção do transporte público, a eletrificação dos veículos e a transferência de utilizadores para modos de deslocação mais sustentáveis e ativos, como a bicicleta;

– A referida Estratégia reconhece que são necessárias alterações à situação atual de forma a incrementar o peso relativo do transporte coletivo e da intermodalidade, e que para isso é preciso melhorar a articulação da rede de ciclovias e com o sistema de transportes públicos;

– Alguns dos motivos apontados para a não utilização de bicicletas nas deslocações pendulares são as descontinuidades na rede ciclável, a semaforização desadequada, a ausência ou insuficiente visibilidade de informação útil e a dificuldade de articulação com transportes públicos.

– A promoção da intermodalidade e integração com os transportes públicos inclui o transporte de bicicletas, o qual deve tornar-se mais prático, em modo ferroviário, fluvial e também em modo rodoviário nas deslocações interurbanas e urbanas, e “os estacionamentos para bicicletas deverão servir adequadamente a procura”;

– A Estratégia foca ainda, e entre outras medidas, a necessidade de os regulamentos municipais deverem garantir a concretização e execução de lugares para o estacionamento de bicicletas e massificar a instalação a disponibilização de estacionamentos de bicicleta em todos os destinos que constituam polos geradores e atractores de deslocações, sendo que ambas as medidas as PAN já tinha recomendado, mas não foram acolhidas pelo Executivo.

Visando ainda com a presente proposta contribuir para que Lisboa, uma vez mais, caminhe para o cumprimento da Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente do seu Objetivo 11, ao proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária através da expansão da rede de transportes públicos; e ao reduzir o impacto ambiental negativo per capita prestando especial atenção à qualidade do ar, o Grupo Municipal do PAN propõe que a Assembleia Municipal de Lisboa delibere recomendar à Câmara Municipal de Lisboa :

1. A concretização da Recomendação 01/096 – Mais estacionamentos para bicicletas em Lisboa, votada nesta Assembleia Municipal a 23 de fevereiro de 2016, deliberada por pontos, aprovados por maioria;

– A criação de lugares de estacionamento de bicicletas seguros (de preferência com circuito filmado) perto de terminais de transporte (Cais Sodré, Terreiro do Paço, Rossio, Entrecampos, Oriente, etc.), onde as pessoas possam deixar a bicicleta durante a noite, sendo estes estacionamentos preferencialmente cobertos;

– A criação de lugares de estacionamento de bicicletas em todos os jardins públicos, com número de lugares dependente da dimensão do jardim, mas em local bem visível do público em geral;

– A criação de lugares de estacionamento de bicicletas à entrada de todos os estabelecimentos de ensino públicos e privados, com número de lugares dependente da dimensão do estabelecimento de ensino, mas em local bem visível do público em geral;

– A criação de uma regra para que todos os estacionamentos pagos (empresas, centros comerciais, da EMEL, etc.) sejam obrigados a ter uma área para estacionamento de bicicletas correspondente a 10% do número de vagas do estacionamento (se o estacionamento tem 500 vagas de carros, seria obrigado a ter 50 vagas para bicicletas), ajustando-se à medida das necessidades reais observadas no terreno.

2. Que a Câmara Municipal de Lisboa desenvolva os seus melhores esforços junto do IMT no sentido de viabilizar a introdução de um sistema de transporte de bicicletas tipo “racks” ou semelhante, já adotado noutras capitais da Europa, no exterior frontal do autocarro e que a Carris possa gerir o seu desenvolvimento na frota de forma progressiva;

3. Garantir que os ciclistas não terão um custo acrescido por transportarem as bicicletas nos transportes públicos, nomeadamente pelo uso das “racks”;

4. Enviar esta recomendação para as associações que defendem o uso de meios de mobilidade suave e associações de defesa e proteção ambiental.

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Na Europa, penso que só a Russia tem racks frontais. Os restantes casos são no Estados Unidos e Australia e não conheço mais. Que capitais eles se referem? Alguem sabe?

A propósito:

A solution for transporting bicycles on busses can be the assembly of a rack on the busses.
These racks can be mounted on the front or rear side of the bus and have normally a capacity
of 2 or 3 bicycles per bus unit. Most experiences with bicycle racks are found in North America
in cities like Vancouver and Portland (OR). Also in the Russian Federation front side racks are in use in cities like St. Petersburg. Due to safety regulations in the European Union front racks are not allowed. The main reason for not allowing front racks is the estimated risk of pedestrian injury because of protruding parts on the busses. Research in the USA however shows that in fact no high accident risk is observed due to introduction of bike racks on front of urban busses.

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Teríamos de fazer um programa piloto experimental aprovado pelo IMT para pôr os suportes à frente…

Também se podem pôr atrás, como fez Viseu, mas é muitíssimo melhor ficarem à frente.

Esta página fala com algum detalhe do assunto: http://www.bikesonbuses.com

E aqui um estudo inglês de 2004 que pode ser aproveitado: https://trl.co.uk/sites/default/files/TRL592.pdf

A única questão com os suportes à frente parece residir no aumento da gravidade dos atropelamentos de peões… seria preciso ver por quantos atropelamentos é responsável a Carris, e tratar de os reduzir ao máximo.

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There are no pedestrians in USA , that’s why the risk is low :smiley:

Mas porque não colocá-los atrás?

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O risco de se ser arrastado quando se está a pôr ou tirar a bicicleta, ali no ângulo morto, à mais pequena distracção do motorista, parece-me bastante evidente. Racks atrás serão bons para viagens longas, não para carreiras urbanas.

Como diz o pessoal dos www.bikesonbuses.com:

On the front the driver can see that the bikes are loaded safely.

On theback they will be:
Out of site of the driver, and user (cyclists usually stay next to the driver)
Much more liable to theft
Loading and unloading will be much slower
Probably more dangerous - the driver cannot see if the user is still taking a bike off
Once taken off, the user is in the middle of the road, so in a very vulnerable position. They are much more vulnerable if the bus reverses.

Also, on the front, the bike and bus combination is also much more visible, bringing great PR benefits.

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Não concordo, se o motorista controla as entradas e saídas de todas as portas da viatura também pode controlar a carga e descarga de bicicletas, bastava colocar uma cãmara de marcha à rectaguarda no autocarro!

Nos EUA eles são uns safety freaks, e isto deve estar bem estudado, o IMT deve olhar para isto…

Imensas cidades norte-americanas têm a possibilidade de transportar bicicletas à frente.
As vantagens à frente são enormes, tal como já foram aqui elencadas. É mais rápido meter a bicicleta e entrar logo na porta da frente. Não esquecer que um dos grandes argumentos contra isto é que poderia diminuir a velocidade comercial dos autocarros. Mas as pessoas idosas a entrar e sair dos autocarros atrasam bem mais do que meter uma bicicleta ou tirar - que é literalmente 5 a 7 segundos.
Aliás, o rack tem suporte para publicidade, e rende quando está fechado (sem bicicletas) - na perspectiva americana :roll_eyes: É um investimento que fica pago em pouco tempo!

Não concordo que devam ser colocados progressivamente, pois a sua utilização depende muito da fiabilidade em se poder usar em qualquer autocarro que passe.
Mas vá, um passo de cada vez, é preciso agora pressionar o IMT.

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Não sei se o IMT vai autorizar o transporte de bicicletas sem fixação e tendo em conta o estado do pavimento nas ruas das cidades. Seria ver as bicicletas a saltar do suporte sempre que passassem num buraco.

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com estes sistemas elas ficam bem fixas, não te preocupes com isso :wink:

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Olá a todos. Não sei se este tópico será o mais indicado, mas a CML lançou um inquérito para os utilizadores de bicicleta com o objetivo de procurar melhorar a intermodalidade com os transportes públicos, nomeadamente os autocarros da Carris (https://www.lisboa.pt/inquerito-carris).

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