Satisfação com a Ferrovia na Europa

Menos mau, então mudaram o plano inicial. Ouvi o ministro Pedro Nuno Santos no parlamento referir que não ia ser empréstimo porque a tap já estava altamente endividada.

Em qualquer caso da notícia que enviaste

No mesmo comunicado, a Comissão Europeia assinala que a TAP já enfrentava problemas financeiros mesmo antes de rebentar a crise no setor devido à pandemia. A dívida financeira da companhia totaliza mil milhões de euros.

O povo nestes casos tem um nome: emprestadado.

E os comboios britânicos? Também tens um seguro para pagar o custo das tarifas?

Nem sequer entendo o porquê dessa alergia a que seja o Estado a fornecer estes serviços, de forma a assegurar que têm o melhor preço final para o utilizador.

E esse artigo da Wikipedia, escreveste-o agora?

O problema dos bancos é complexo… porque se deixas cair um grande banco, vais deixar uma grande parte do tecido económico ir atrás, e tens de estar preparado para taxas de desemprego brutais e pancadas valentes no pib. E consequentemente… nas finanças públicas… é um caso típico onde a cura é pior que a doença. A solução que se encontrou foi o fundo de resolução, que muita gente diz que é uma péssima solução mas ninguém diz qual é a melhor. Todo o dinheiro que o Estado injecta nesse fundo, é a título de empréstimo e cobrando juros mais altos aos que o Estado se financia, pelço que acaba por ser uma polémica um pouco parva. Os verdadeiros injectantes de capital próprio no fundo são os próprios bancos.
Mas é precisamente por esses sectores serem importantes que devem fazer valer também as regras do mercado! O Estado pode e deve procurar regular e contratar os serviços, ao melhor operador ou àquele que melhor capacidade tem de prestar o serviço que o Estado quer que se preste.

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Mas porque é que as tarifas têm que ser caras por ser privado? Este sempre foi um dos problemas deste país e é por isso que se criou um estigma com operadores privados: porque os operadores privados normalmente prestam um mau serviço ou caro, e os públicos normalmente decentes e baratos, mas isso é porque o Estado enterra milhões nos operadores públicos, e apoia zero ou perto de zero os operadores privados. Como dizem os ingleses… you get what you pay for. Qual é a diferença de 1€ injectado na Carris e 1€ injectado na Fertagus? O custo é precisamente o mesmo… e todos os indicadores apontam que a Fertagus ainda assim presta um serviço melhor que a CP, e mais eficiente/com menos custos. Mas é mais caro para o operador final porque recebe zero do Estado (agora recebe algum por causa dos passes). Ainda não conseguimos perceber que um administrador público ou um administrador privado ambos são pessoas que trabalham… o mesmo para os motoristas ou maquinistas. 1000€ de salário custam exactamente o mesmo, independentemente de ser público ou privado, e o Estado deve ter a oportunidade de contratar o serviço que pretende, com quem achar mais capaz, e negociando os custos. Um serviço público é um serviço público… independentemente do prestador ser público ou privado, e o serviço deve ter apoios públicos por ser um serviço público, não por ser um operador público. O metro de Almada e do Porto são privados e não são caros porque recebem apoios do Estado… ainda que saiam um zilião de vezes (é mesmo uma grande diferença…) mais barato que o de Lisboa que é público.
Quando um serviço não é subsidiado, claro que se vai reflectir no preço de acesso. O estado estar limitado a operadores públicos é uma grande limitação… no dia que aceitar negociar com privados, tem um leque fantástico há escolha e um poder de negociação brutal porque… é o Estado.

Garantir o acesso universal a todos a um serviço é uma coisa… se quem o presta é uma entidade pública ou privada é outra coisa completamente diferente. O Estado tem de ser o garante, não o prestador. Isso é irrelevante… o que interessa verdadeiramente é que seja o garantido o acesso a serviços públicos essenciais. A saúde é um dos casos mais paradigmáticos. O sector privado da saúde tem uma capacidade brutal… a nível de hospitais, clínicas, consultórios, etc. Se abraçássemos um sistema misto passavas a garantir de repente um serviço com respostas brutais à população. O ano passado quando torci o pé no Gerês (podia estar partido… tais eram as dores), se tivéssemos um sistema misto, eu teria tido acesso a cuidados de saúde em Vieira do Minho não por ter um seguro de saúde, mas por ser cidadão português.

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Um negócio público tem um objectivo: fornecer um serviço à comunidade.

Um negócio privado tem um objectivo: lucro. Porque é que o Estado há de subsidiar o lucro de privados?

Por terem como objectivo o lucro, os privados só estarão interessados nos negócios que forem rentáveis. Os outros, ou o Estado banca, ou eles abandonam-nos. Não é à toa que, quando se fala de privatização da CP, só as áreas rentáveis estão no pacote. O que é deficitário, fica para o Estado.

Não me parece lógico comparar a Fertagus com a Carris. São serviços tão diferentes que não são comparáveis. Do mesmo modo, também me parece disparatado comparar os sistemas de metro ligeiro de Almada e do Porto, com apeadeiros em vez de estações, quase por completo à superfície, com um sistema de metro pesado quase por inteiro em subterrâneo.

Não conheço Vieira do Minho, por isso não sei que serviços de saúde aí existem. Temos a agradecer ao Sócrates o início da delapidação do sistema nacional de saúde. O que referi no início sobre os lucros na ferrovia é válido na saúde e na educação (a história das escolas privadas que ameaçaram fechar depois de o Estado acabar com os subsídios é mais uma aberração dessas manias neo-liberais).

Respondes aqui às tuas próprias perguntas. Fazes mesmo questão que as paredes das escolas sejam do estado? Que as esferográficas dos professores sejam públicas? Fazes mesmo questão que os tipos que limpam a tua rua sejam funcionários públicos? Ou queres apenas resultados: que as crianças tenham boa educação e que as ruas estejam limpas? Se o estado quer as ruas limpas, tem de pagar a um privado para fazê-lo, e na maior parte dos casos o privado faz melhor e mais barato. Não é por acaso que há cada vez mais autarquias a entregar a limpeza a privados, e não é por acaso que com custos mais baixos por aluno, os pais preferiam colocar os filhos nas escolas privadas a colocá-los na escola pública.

Sim, escrevi agora apenas para ti

Consegues aceder?

Em relação ao estudo das investigadoras cm referência aos alunos da Univ. do Porto e as respetivas notas no primeiro ano de faculdade, não será porque os privados colocam muitos mais alunos na universidade? Se o público colocar apenas apenas os dois ou três melhores (no meu último ano de secundário, numa escola pública, apenas eu e outro fomos para faculdade), e se o privado colocar metade da turma, é natural que o público apareça melhor colocado na faculdade. Sem dados de percentagens não podemos inferir nada. É uma falácia muito comum na ciência: cherry picking.

Isso está respondido no artigo.

Quando analisam as escolas secundárias, por uma questão de representatividade da amostra, apenas consideram as que tenham lá colocado pelo menos 45 estudantes. Ficam ao todo com 64 escolas. A principal virtude desta amostra é que caracteriza muito bem os estudantes das duas universidades envolvidas. O principal defeito é que os rankings das escolas são feitos apenas com base em parte dos seus estudantes. São excluídos da amostra todos os que vão para outras instituições de ensino superior e também aqueles que abandonam os estudos.

A verdade é que também conseguem colocar mais alunos por outros motivos.

" there is a possible effect of private schools that tend to inflate grades more than public schools, and that tend to place a higher percentage of students at the university (and therefore have more representative samples). The grade inflation of private schools is likely to place their students at the same level of students from other schools on entry, but clearly ‘on exit’ private schools’ students perform worse at university. However, private schools are better than public schools in terms of the direct paths of success, and on the average grades obtained in national exams. Therefore, they are more likely to guarantee entrance of their students in HE than public schools, although their students, on average, perform significantly worse in higher education than their colleagues coming from public schools."

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S030504831930427X

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Enganei-me… queria naturalmente comparar a Fertagus com a CP, não com a Carris. Não sei como pude trocar os nomes lool.

Essa separação entre o que é um negócio público e um privado e para que servem é demasiado simplista.Os lucros dos privados existem porque pagam salários e servem para a empresa e crescer e fazer investimentos (porque ninguém trabalha para aquecer… afinal o que é lucro? lucro é o que todos tiramos dos nossos empregos). No público isso é substituído por défices… o que não tem mal nenhum. A questão é que isto pode acontecer em ambos os cenários. O que me interessa a mim, são as contas do Estado, nunca as do privado, e como utente a qualidade do serviço e a universalidade de acesso. Nada disto implica que quem presta o serviço seja uma entidade pública ou privada. É só isto.
Se só as partes rentáveis da CP são cobiçadas por privados, é porque estes sabem (ou desconfiam…) que se ficassem com elas receberiam zero apoios do Estado, e não haveria como o serviço sobreviver. Mas a ser assim, não era o privado que estaria a abandonar o serviço, seria o Estado. Para se comparar esse cenário, tem que se comparar com o cenário em que o Estado deixaria de pôr euros na CP. O que achas que aconteceria? É difícil dizer… mas desconfio que no mínimo muitas linhas suburbanas desapareceriam porque jamais teriam capacidade para gerar receita suficiente. Nesse aspecto operadores públicos e privados são sempre iguais… ninguém vive sem ganhar… a diferença é que sempre achámos os primeiros merecedores de apoios e os segundos não, ainda que tudo seja serviço público. Mas ambos, seja público ou privado, são contratados pelo Estado… o único motivo que existe para que não façamos verdadeiros contratos de serviço público (eles já são feitos… às vezes são é maus porque o Estado não presta apoios como devia a um serviço que é público) com operadores privados é meramente ideológico.

Se 1€ de dinheiros públicos investido num operador privado resultar num melhor serviço para o mesmo preço por utente que o mesmo € investido num operador público, ou a mesma qualidade de serviço acontecer com menos custos para o Estado quando o operador é privado, então prefiro o negócio com o privado sem dúvida. Independentemente desse negócio dar lucro ao privado ou não. E empiricamente… estes cenários não são raros! É essa a questão.
Por isso é que acho que todos nós, e o Estado, nos devíamos de despir de preconceitos em relação a tudo o que é privado, e que o Estado faça bem as continhas na hora de investir salvaguardando todas as opções, em vez de partir logo para operadores públicos sem estudar todas as hipóteses.

Vieira do Minho é sede de um concelho onde há volta existe muita população. Reside mesmo muita gente ali à volta em muitas vilas naquela zona. O único prestador de saúde público de que dispõe é um centro de saúde que funciona só a partir das 20h… numa zona muito mal servida de transportes públicos e que se precisares de fazer um raio-X urgente ou vais ao privado ou arranjas forma de ir a Braga (porque nem o centro de saúde tem radiologia…). De resto, tem várias clínicas e consultórios a prestar cuidados de saúde à população, incluindo radiologia.
E agora pergunto, e se for mais barato o Estado assinar um protocolo com alguns desses prestadores em vez de alargar o horário do centro de saúde e dispor o mesmo com equipamentos de raio-x, com tudo o que tal implica? Olha que não é nada rebuscado que o protocolo saia mais barato… o oposto parece-me mais difícil.
Tenho a sorte da minha empresa me pagar seguro de saúde, ainda que mesmo que não tivesse o mais certo era ter ido ao privado em vez de ir até Braga na mesma porque felizmente não passo dificuldades. Mas isto representa uma desigualdade de acesso à saúde, com a qual tive o (des)privilégio de ter contacto numa vila do interior e que certamente acontece em muitas outras (porque embora tenha seguro de saúde, costumo dar preferência ao público). Aquela gente também paga impostos… e é muita gente.

Olha esta notícia: https://www.publico.pt/2018/04/06/sociedade/noticia/ja-ha-mais-hospitais-privados-do-que-publicos-1809344
Alguns destes hospitais privados se calhar existem em sítios onde não há um hospital público (faz sentido… um gap por preencher no mercado). Achas que sairia mais barato ao Estado nesses locais construir um hospital de raiz, ou fazer um protocolo com os que já existem? Num caso destes, até mesmo que saísse mais barato construir (coisa que nunca seria possível…) e o fizéssemos, significa ainda assim que a economia portuguesa (temos de começar a pensar mais vezes assim em vez de Estado vs Privados, porque no fim do dia as contas são feitas por todos e com todos, existe um número limite de recursos dentro da nossa economia onde todos operamos) alocou recursos 2x em algo que bastava 1x… isto em economia é uma má afectação dos recursos. Significa que o Estado podia ter alocado esse dinheiro noutra infraestrutura qualquer, ou o mesmo raciocínio para o Privado… a diferença é que o privado, como tem de gerar lucro como dizes e bem (afinal de contas, não trabalha para aquecer… nem os funcionários públicos trabalham para aquecer, o dinheiro vem sempre de algum lado) age de acordo com a lei da procura e da oferta e vai procurar investir onde há mais lacunas ou mais população a ser servida (em sectores como o da saúde… serão locais onde o investimento público fica aquém das necessidades da população). O público pode gastar sem racionalidade, como tem sido sempre feito.

No caso dos transportes, eu sou utente regular da linha de Cascais, mas também uso com frequência a Fertagus (e futuramente… passará a ser numa base diária), e digo-te que a Fertagus recebe muito menos apoios públicos que a CP (antes nem recebia nada, e era por isso que era cara, hoje faz os mesmos preços e recebe o equivalente das validações de passes o que é muito menos de tudo o que a CP recebe, sem gerar buracos a serem tapados pelo Estado como a CP) e presta um serviço muito melhor, sem supressões nem sequer atrasos nos horários. A Margem Sul é composta essencialmente por eleitorado comunista ou de esquerda, e ainda assim a grande maioria prefere que a concessão continue entregue à Fertagus do que passar para as mãos da CP.
Falaste no aspecto dos metros um ser subterrâneo e os outros dois serem de superfície… e dou-te razão nisso. Mas quanto aos serviços, o de Lisboa anda frequentemente com perturbações na linha, ou com as composições a não cumprirem os intervalos de tempo estipulados… e isso nunca acontece no metro de Almada. O metro de Almada cumpre os horários/intervalos de tempo religiosamente e é raro ter perturbações no serviço… e quando tal acontece, é porque algum carro se espetou contra o metro.
E depois surgem inúmeras notas do Tribunal de Contas onde é frequente o custo por aluno ser mais baixo em escolas privadas que públicas, ou onde hospitais públicos geridos por contrato de concessão apresentam melhores contas (sem poupar na qualidade do serviço).

Eu não quero com isto dizer que se deve entregar tudo aos privados cegamente porque isso seria passar do 8 para o 80 e eu acho que a virtude está no meio… quero é dizer que devemos deixar de recorrer cegamente à gestão pública como sempre fizemos.
O importante é a qualidade do serviço e o seu acesso (preço…). Ponto. E a qualidade do serviço e o preço é algo que se acorda nos contratos, assim como o dinheiro a ser metido pelo Estado para que o privado consiga fornecer aquele serviço com aquele preço. De resto… se o operador é público ou se é privado parece-me irrelevante. Isso não tem impacto no acesso a um serviço e a sua qualidade, que é o que importa (a não ser que o Estado faça contratos de treta…).

Essa é a maior falácia dos neo-liberais! O Estado fornece educação, transporte, saúde, etc. mesmo onde não dá lucro. Os privados ficam de fora desses locais. É normal que os seus rácios de rentabilidade pareçam mais positivos.

Na limpeza, tens uma especialização numa determinada actividade e uma partilha dos seus recursos entre vários municípios, conseguindo assim economias de escala. Se cada município tiver os seus camiões do lixo, é normal que estes não sejam tão bem rentabilizados. Mas os varredores de rua continuam a ser funcionários públicos…

De facto, não é por acaso. É porque ao longo de duas décadas, as políticas neo-liberais têm levado a cabo autênticas sabotagens dos serviços públicos de saúde, de educação e de transportes. E criou-se o mito de que as escolas privadas são melhores do que as públicas. Eu andei numa escola privada, que era óptima. Pelo que sei do que lá vai hoje em dia, está longe de ser óptima e, possivelmente, já não vale o que ali se paga (e nem sequer é das mais caras).

Finalmente, se é possível desenvolver uma determinada actividade por X, em vez de X + Y, o que se deve almejar é que a operação do Estado atinja esse custo de X, e não simplesmente passá-lo para privados. Na verdade, se o privado consegue por X, o Estado deveria conseguir por X - Y, sendo Y o lucro do privado.

No meu tempo, havia os famosos externatos onde muitos se inscreviam para os últimos anos de Liceu, sabendo que saíam dali com médias mais altas.

Errado. Os lucros dos privados são a distribuição de dividendos que é feita entre os acionistas no final de cada exercício. No Estado, se houver excedente / lucro, este reverte para o serviço (directa ou indirectamente). No privado, serve para comprar iates, porsches, etc… (o dono da Barraqueiro é um excelente exemplo).

Pois eu prefiro que se optimize o negócio do Estado para que o Euro de dinheiro público seja realmente bem empregue. A prioridade deveria ser conseguir a melhor gestão dos dinheiros públicos e obter do Euro público o que dizes que se obtém do Euro privado. Quanto mais não seja porque o Estado existirá sempre, e quanto melhor for gerido, melhor será para todos.

Se calhar, alguns surgiram depois do Sócrates ter fechado um fechado um hospital público. Foi a tal sabotagem que mencionei acima.

Resumindo, ao se insistir nesta febre de privatizações, está-se a insistir no mito de que o que é do Estado não pode ser bem gerido, e de que o que é privado é bem gerido. Não é verdade, e o objectivo não pode ser privatizar mas, sim, procurar a melhor gestão possível dos dinheiros públicos. A mania das privatizações é um ciclo vicioso que leva a absurdos como, por exemplo, nos EUA, terem prisões privadas! O próximo passo será o quê? Tribunais?

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Isso é tudo muito bonito mas… o Estado não é uma empresa. Nem é suposto que seja. Portanto nunca vai ter o know-how de empresas que operam nos respectivos sectores há anos.
Não existe nenhuma febre com privatizações. Nunca existiu. O que existiu sempre foi a insistência em manter-se tudo debaixo da alçada do Estado.
Há tempos li algures uma notícia que até dizia que dentro da UE, somos o país onde o SNS é o mais eficiente ou está entre os mais eficientes, no que diz respeito a qualidade/custo. Por cima disso e ainda assim, os hospitais públicos geridos por privados conseguem mais alguma poupança sem poupar na qualidade. Nem imagino nos outros países… não me parece sensato achar possível alcançar o feito onde 1€ num público fosse sempre mais eficiente que num privado. Nunca ninguém conseguiu tal. Vai sempre aparecer alguém com mais visão, com maior aposta na inovação, com empresas mais modernizadas, e a apostar em mais ou melhores ferramentas de apoio à decisão/gestão. Estas são peças centrais nas preocupações dos privados (pelo menos, dos mais competitivos) porque são peças-chave para o seu sucesso e para a sua rentabilidade. O Estado não consegue acompanhar isso… as preocupações centrais de um Estado são outras. Nem o Estado conseguirá geralmente roubar quadros de topo às outras empresas…

Por exemplo (e este até calha bem porque sei ou acho que és de Oeiras), em Oeiras a Vimeca presta um serviço horrível. Mas isso acontece porque não recebe o mesmo tipo de apoios, nem pouco mais ou menos, que a Carris.
Agora imagina o seguinte cenário: o Isaltino de repente acorda e apercebe-se que está em 2020 (que bom que era…) e além de ciclovias e cenas, quer dotar o concelho de um bom serviço de transportes públicos, digno desse nome, e depara-se com duas hipóteses: ou cria uma empresa municipal, ou faz acordos com a Vimeca.
Numa escolha destas, importa ter em atenção activos importantes que a Vimeca (a bem ou a mal) possui e que só se constroem com o tempo e a experiência de operar num sector, tais como conhecer melhor os movimentos de pessoas, porque sempre que se valida um passe ou se compra um título, a Vimeca como qualquer operador fica com a informação acerca da paragem onde entrou, data e hora, e isto representa muita informação - big data - que trabalhada ajuda a prestar um melhor serviço, e isto pura e simplesmente perde-se se um dia quisermos substituir a Vimeca por uma empresa municipal. E conhecerá as melhores rotas para ligar o ponto A ao ponto B porque ninguém (nem mesmo a câmara) conhecerá melhor quais os troços onde apanham mais ou menos trânsito, ou onde apanham mais ou menos pessoas pelo caminho, ou como conjugar eficientemente esses dois factores na balança ou ainda como não tornar uma carreira demasiado longa para se tornar inatractiva (não sei se esta palavra existe mas percebes o que quero dizer…) para que faça sentido. Fora toda a infraestrutura que existe montada como escritórios, oficinas e garagens, e ainda os veículos…
Não quero com isto dizer que uma empresa pública saísse mais caro porque só me atreveria a afirmar tal se se fizessem contas, mas é para mim um exemplo onde me parece muito difícil a câmara de Oeiras gastar menos dinheiro ao criar uma empresa municipal, do que negociar com a Vimeca (ou com qualquer outro que apresentasse melhores condições ou um melhor serviço para as mesmas condições…).
Já que falas do dono da Barraqueiro, o dono da Barraqueiro faz um excelente trabalho no que ao metro de Almada e Fertagus diz respeito. E faz melhor na TST do que os seus congéneres privados… agora o que ele faz com o que recebe daí, é lá com ele. Quero é que o serviço seja bom e que o Estado não seja roubado pelo caminho, isto é, tome a melhor opção! E a verdade é que a melhor opção nem sempre é recorrer a um operador público…

Eu toda a vida fui cliente do banco público (ainda sou… mas a prazo), recentemente envolvi-me num processo de crédito à habitação e a Caixa naturalmente foi um dos bancos que consultei… e o spread que me apresentou foi simplesmente pornográfico. E todos os meus amigos que compraram casa nos últimos anos (tudo malta jovem em idade de iniciarem a sua vida com as respectivas ou respectivos) nenhum fez crédito na Caixa, porque a Caixa é cara. Está aqui o exemplo de uma entidade que é pública mas que facilita menos que os seus congéneres privados no acesso a um bem essencial. E hoje em dia é também um bem essencial (praticamente) ter uma conta à ordem, no entanto há bancos que não cobram para ter uma, a Caixa cobra. Sim, eu sei que há os serviços mínimos bancários. Cheguei a ter. Mas como eu e a minha namorada tivemos que abrir uma conta conjunta no banco onde fizemos o crédito (e onde não pagamos comissões…) passo a pagar comissões na Caixa. Conclusão: vou fechar a conta da Caixa…
Ainda assim conseguiram abrir aquele buraco enorme… nem consegui ainda perceber bem como isso aconteceu mas pronto.
Este é apenas um exemplo onde num mercado com muitos operadores, o público ficou muito aquém. Acontece. E em qualquer mercado (seja ele de saúde, educação, transportes, etc) operam muitas entidades, sejam públicas ou privadas. O Estado deve optar pelo melhor. Ponto. E o melhor nem sempre será o operador público.
Porque é que o Estado decidiu acabar com a PPP do hospital de Braga, que era uma referência a nível nacional na gestão de um hospital público em todas as vertentes? O motivo foi meramente ideológico… não serviu nem os utentes, nem os contribuintes.

Estados Unidos é capitalismo selvagem. É um extremo. Não creio que seja exemplo para ninguém…

Não vou voltar a repetir aquilo que já escrevi. Muito do que escreves é puro preconceito. Os gestores, e os trabalhadores em geral, podem ser bons ou maus, e o que se deve almejar é que todos dêem o seu melhor, seja no público, seja no privado. Nos anos 90, trabalhei num banco privado e garanto-te que havia muito daquilo que se acusa de haver no sector público: malta que vai lá picar o ponto, agarrado ao tacho.

Em relação à Vimeca, não uso há décadas, mas sei que as queixas abundam. Não sei que apoios recebem do Estado, mas a ScottUrb, que também opera em Oeiras, presta um serviço muito melhor do que a Vimeca, e imagino que receba o mesmo tipo de apoios.

Quanto ao gajo da Barraqueiro, que sei que é milionário, imagina que, em vez de ele ter enriquecido com as concessões de transportes públicos que foi conseguindo (e algumas é questionável se foram legítimas), os lucros gerados por essas empresas tinham servido para reinvestir nesses transportes, ou em mais transportes!

Eu não digo que não haja má gestão do Estado. Mas aquilo que é exigível é que o Estado melhore a sua gestão, porque isso é que deve ser o caminho em determinados sectores.

Não há febre de privatizações? Como é que achas que os EUA chegaram ao ponto em que estão? Privatiza-se a saúde, a educação, os transportes (que, por sinal, em muitas cidades dos EUA são miseráveis), a água, a electricidade, acho que eles já têm prisões privadas, também já têm forças militares privadas…

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Vamos concordar apenas que temos opiniões diferentes :slightly_smiling_face: sei que não vou conseguir mudar a tua e também dificilmente mudarás a minha, e não tem mal desde que sejamos cordiais e nos respeitemos, que é o caso e ainda bem. A democracia só faz sentido quando não pensamos todos da mesma forma.

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Concordamos nisso!

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So um “pormaior”, que eu saiba a scotturb opera em cascais e sintra. O serviço é bom, porque os bilhetes individuais sao carissimos em que os turistas podem suportar. Ou seja as receitas/serviços nao eram para as nossas carteiras…

A domingo, 14/06/2020, 20:59, Ricardo Ferreira via Fórum da MUBi [email protected] escreveu:

Eu acho que o Ricardo não quis dizer que o serviço é bom… apenas que é melhor que a Vimeca.
Olhando para a tarifa na internet, os preços são basicamente os mesmos praticados pela Vimeca. Nunca andei na Scotturb, mas quando vou a Cascais não consigo deixar de reparar que vejo muitos mais autocarros a circular do que vejo em Oeiras (de longe), e sei que a câmara de Cascais assinou alguns protocolos com a Scotturb tendo em vista o melhoramento do serviço à população.

Não conheço as rotas, mas eles chegam, pelo menos, até à estação de Oeiras. Na verdade, acho que nunca usei ScottUrb, e acho que não entro num autocarro da Vimeca há uns 25/30 anos :slight_smile:. Mas vou estando atento aos comentários de ambos os lados (Cascais e Oeiras) sobre os serviços.

Não sei como era o serviço da Vimeca há 25 anos. Mas sei como era há 15. Está igual.
E acho que um dos problemas para melhores transportes em Oeiras, passa precisamente pela conivência com o mau estacionamento na via pública. O autocarro que mais vezes uso é a 114, e passar na avenida da República em Algés de Cima é um martírio… com carros estacionados no meio da estrada… de um lado e do outro… carros a cruzarem-se com o autocarro… outro autocarro a cruzar-se com o autocarro… com carros estacionados em cima do passeio e no meio da estrada. Um troço de alguns metros não raras vezes é feito em longos minutos… é uma grande ginástica de manobras que autocarros e carros têm de fazer. Os transportes públicos jamais serão bons enquanto não se acabar com o flagelo do mau estacionamento. Não prevejo tal acontecer em Oeiras…

Edit: diria na verdade que o serviço degradou-se, pelo menos na 114. Noto que o mau estacionamento aumentou nos últimos anos e isso só piorou o serviço da carreira.