Uma questão de motivação?

Por vezes é complicado gerir os motivos que nos levam a utilizar a bicicleta como meio de transporte primário. Estará a sociedade em geral preparada para pensar sequer no assunto? Quando se ouve um membro do governo dizer que se estão a preparar para passar todos os transportes em Portugal para 100% electricos em x anos, onde entrará a bicicleta na equação? Será equiparada a um peão? O que me faz a mim, ir para o trabalho todos os dias de bicicleta, de casaco e cachecol, vinte minutos para lá e vinte minutos para cá, ao frio e à chuva, quando poderia pegar no carro que está na garagem e demorar o mesmo tempo ou até menos? Tenho estacionamento gratuito e garantido no local de trabalho e até poderia ir a ouvir música ou as notícias no quentinho. Tenho garagem em casa e não tenho qualquer problema de estacionamento. Não é por uma questão monetária, pois felizmente pouca diferença me faria utilizar o carro. Olho para as pessoas pelo caminho a apanharem autocarros, metros, a andarem de carro, para percorrer distâncias mais curtas que a minha. Qual a motivação que é necessária para andar de bicicleta e deixar o carro em casa? Será que a maior parte da população já pensou nisso a sério? Será que existe alguma entidade interessada em lembrar isso à população portuguesa? Em vez do slogan “Pela sua Saúde, Mexa-se!” do SNS, seria muito radical um “Pela sua Saúde, Vá de Bicicleta!”? Será assim tão tresloucado e fora do contexto nacional? Será impróprio para professores universitários, políticos, advogados, médicos ou juízes? Cair-nos-ão os “parentes à lama” por andar de bicicleta? Muita gente parece pensar que sim. Muitos outros países europeus pensam que não. E vós? Qual a vossa motivação?

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Provavelmente falta aqui a introdução de algo inovador no processo ou no veículo. Em primeiro lugar a continuidade nas ciclovias sem conflitos com trânsito motorizado irá motivar uns quantos. Depois a população em geral adere a novidades e convenhamos que a bicicleta convencional não traz nada de novo e muitos são os que já não sabem andar nem querem voltar a tentar. Tentar divulgar veículos alternativos como o tadpole trike por exemplo poderia ajudar,

Por outro lado tens uma população que saiu há relativamente pouco tempo de um regime totalitário onde a pobreza e restrições às deslocações eram mais que muitas. Quase todos temos ou tivemos avós que só tinham bicicleta ou um burro para se deslocarem e isso continua a ser conotado com as situações de pobreza generalizada da época. Demora tempo a apagar essas memórias e levará pelo menos mais uma geração até mudarem as mentalidades.

Finalmente não esquecer a segurança. Bicicletas são veículos fáceis de roubar no todo e em partes e ninguém está para perder bicicletas para os amigos do alheio.

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Olá @j_a_miranda_santos!

A minha motivação actual é a felicidade que andar de bicicleta me trás.
Eu sou dos poucos que deixou de vir de carro para Lisboa (sou da Amadora) e comecei, em primeiro lugar, a deslocar-me de transportes públicos e depois apenas de bicicleta. Quando deixei o carro não foi por querer andar de bicicleta, foi porque o trânsito em Lisboa era (e é) caótico. Tentei arranjar uma alternativa e então comecei a vir de comboio e a apanhar uma bicicleta Gira até ao Saldanha. Contudo, ainda tinha que andar um bocado até ao meu local de trabalho e por isso pensei em ter a minha própria bicicleta para não depender das da Gira. Quando a tentei trazer nos comboios da CP da linha de Sintra para Lisboa, percebi que seria má ideia. Em primeiro lugar, não há condições para trazer a bicicleta em segurança e em segundo lugar as pessoas estão a borrifar-se para quem traz bicicleta (mesmo que seja o espaço reservado a elas). Assim, comprei uma de ciclismo e comecei a fazer o percurso todo. Passei a poupar cerca de 100€ de gasolina por mês.
Antes andava sempre irritado com o trânsito ou com aquele “palerma” que era chico-esperto numa ou outra manobra, de bicicleta tenho outra liberdade e sinto-me mais feliz. É óbvio que nem tudo é um mar de rosas, o inverno é tramado, as razias deixam-nos por vezes inseguros mas quero pensar que estou a “lutar” para que outros possam andar de bicicleta sem medo, se essa for a sua escolha.
O caminho ainda é longo mas criando as infraestruturas certas e seguras as pessoas vão aparecer com as suas bicicletas.

Boas pedaladas.

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A minha motivação (não de bicicleta, mas de trotinete elétrica) é o estacionamento difícil no local de trabalho. Estaciono no meu local de trabalho se for de trotinete, enquanto de carro o estacionamento é longe o que acaba por fazer-me demorar mais tempo a chegar ao trabalho, com o estacionamento e percurso a pé do estacionamento para o local de trabalho.
Quando chove não vou de trotinete, vou de carro, pela insegurança de circular com piso molhado e também pelo desconforto.
Confesso que diariamente é uma luta pela minha segurança com as razias que me fazem, pois o percurso é feito por estradas estreitas e cheias de carros com muita pressa de chegar, independentemente de eu circular próximo do lancil ou em zona primária.
Também admito que a questão do desporto não me motiva, pois quando quero exercitar-me corro, opção mais adequada ao meu gosto e perfil de exercício. Julgo que a questão do exercício pouco motivadora, é a minha opinião.
Os meus filhos falam em querer ir de bicicleta para a escola, quando forem para o 5º ano (e fariam apenas 1000m), mas o comportamento desrespeitoso dos automobilistas em geral demove-me de os deixar. Acho que vou apenas deixá-los ir a pé.

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Não é a minha motivação pois uso a bicileta apenas como meio de transporte. Mas posso dizer que faço o mesmo com a corrida (com calções, camisola, sapatilhas e GPS :slight_smile: ):

“What we can learn from all this is that this kind of countryside cycling offers similar experiences and benefits to other outdoor physical activities, despite its perception as a hobby for competitive men trying to defy the ageing process. Perhaps this insight could help raise awareness of both the physical and psychological merits of the sport and encourage a wider range of people to take part.”

Their motivations are much more complex, tied to the desire for good mental as well as physical health and fuelled by technology.

Sendo mulher, também tenho a mesma motivação com a corrida, o meu desporto de eleição. :smiley:
A trotinete eléctrica para mim também é um mero meio de transporte, não uso para melhorar a minha condição física. Aliás, para mim, caminhar (para o trabalho, ou ir a algum lado), ou circular de bicicleta em meio urbano, não é “desporto”.

Confesso que tb despertei agora nos meus 40 anos para o ciclismo de estrada em modo de actividade física / desporto e tenho estado a adorar!

E as mulheres não lhe ficam atrás, estas moças da Fuga Rosa, das quais conheço apenas uma pessoalmente, vão fazer um evento inédito já este fds, a NAcional 2 de ponta a ponta de seguida, para comemorar o Dia da Mulher e promover o ciclismo feminino!

http://fugarosa.pt/category/fugas-que-nos-inspiram/

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