A vaca-sagrada-goesa

Muito interessante o artigo do Economist colocado por Capitão Bina noutro tópico com muito elementos de reflexão. Aparentemente ali há filas de espera de vários anos para poder ter o selo de residente para poder estacionar na rua.

Em termos de propriedade de automóveis talvez não sejamos tão diferentes mas seria interessante ter dados estatísticos para comparar. A grande diferença está na escolha da mobilidade diária que está à vista de todos. Em resumo, lá como aqui as pessoas gostam de comprar carros e gostam de os estacionar na rua à porta de casa e querem pagar o menos possível por isso (Afinal, os do norte também são humanos!). No dia-a-dia, no entanto, preferem pedalar.

Alguns excertos do tal artigo que nos trouxe o Capitão Bina

"Amsterdam charges up to €5 ($5.30) an hour for parking on the street. Visitors can also park underneath office buildings or in large, clean park-and-ride garages run by the city. Drivers thus have many choices and the city raises a lot of money—€190m in 2015. Yet this diverse, market-based system covers only a small slice of parking in Amsterdam. Three-quarters of spaces on the streets of the city centre are occupied not by visitors or commuters but by residents. And the people of Amsterdam, who are so keen on pricing parking for others, would not dream of exposing themselves to market forces.

Anybody who lives in a home without a dedicated space is entitled to buy a permit to park nearby for between €30 and €535 a year. This is a good deal and, not surprisingly, the number of takers in many districts exceeds the number of spaces. So Amsterdam has waiting lists for permits. The longest, in the Westerpark area, is 232 months long. To free more spaces, the city has begun to reimburse permit-holders part of the annual fee if they keep their cars in suburban garages. Take-up is encouraging—which suggests that, despite the long queues, many people do not prize the opportunity to park close to their homes.

A more obvious solution would be to charge more for permits. But that is politically fraught. Amsterdammers believe they have a right to park near their homes, explains Pieter Litjens, the deputy mayor in charge of transport. (They also believe they should be able to leave their bicycles absolutely anywhere for nothing, which is another headache.) So the queues for permits are likely to grow. Amsterdam expects to build 50,000 more homes before 2025, which will mean between 20,000 and 30,000 more cars.

Even more than in America’s sprawling cities, car parking in Amsterdam is unsightly. “The canals are beautiful, and cars are parked along them all the time,” laments Mr Litjens. The city would love to sweep them away, but that would be unpopular. So in one district, De Pijp, a bold (and expensive) remedy is under way. Engineers have drained a canal and are digging an underground garage with 600 parking spaces into the marshy ground beneath. When the car park is finished and sealed, the canal will be refilled with water. The city will then abolish 273 parking spaces on the streets above.

falando em eficiência

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Isso está desactualizado, por exemplo o transporte aéreo é ligeiramente menos eficiente do que um comboio pesado, e a eficiência de um ciclista alimentado a carne de vaca aproxima-se de um automóvel a diesel

e se for um ciclista vegano e um automobilista que vai todos os dias ao McDonalds?

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Fundamentalista anti-leite? @Three, eu tenho tentado ser sério e sensato consigo nas palavras… não me desiluda agora dando ao desbarato certos termos mais radicais. Sou mesmo um fundamentalista anti-leite por já não beber leite desde há uns anos para cá? Leu a parte em que disse que bebia muito leite? Continuo a consumir produtos derivados do leite… e não deixei de o consumir por fazer bem ou deixar de fazer (não entro nessa discussão, há demasiada controvérsia), eu é que encontrei alternativas que são efectivamente mais saudáveis e equilibradas (muesli! e muesli não fica bem com leite… pelo menos para mim).

Não existe nenhum mal propriamente dito em encher o carrinho, só disse é que o volume de compras obviamente implica uma logística apropriada, coloca restrições ou obriga a que as pessoas se adaptem.

Conheço muitos sítios onde existe comércio local aberto até tarde. Claro que isto vai depender da zona onde vive… mas obviamente, há modos de vida que são dependentes de uma oferta de serviços que são próprias dos centros urbanos e não dos subúrbios dos subúrbios. Frequentemente gostamos de ir viver para longe das cidades porque as zonas são mais pacatas e são mais baratas… mas é importante termos noção de que existe aí um trade-off, em especial no que toca à oferta de serviços.

É que esta conversa que aqui estamos a ter cai obviamente toda por terra se tivermos a falar de alguém que viva em Fernão Ferro ou qualquer coisa assim… (embora se formos mais ou menos flexíveis seja sempre possível fazer as coisas).

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Um ciclista vegan não consegue subir a Avenida da Liberdade :smiley:

Muitos conseguem :
http://www.lemonde.fr/planete/article/2017/04/20/a-copenhague-le-velo-supplante-la-voiture_5113994_3244.html

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São boas notícias mas isto tem a ver com a utilização da bicicleta e não com a propriedade de automóveis por residentes que é o assunto deste tópico. Do que pesquisei, apesar de tudo, em Copenhaga o número de pedidos de residentes continua a aumentar e daí terem aumentado também os preços dos selos para residentes. O mesmo parece que sucede em Amesterdão (a confirmar)

Ivan, penso que interpretaste mal o tarifário Parisiense. Olhaste apenas para a secção “Les tarifs de la carte de stationnement”, faltou leres a secção abaixo sobre “Les tarifs du stationnement”.

Resumindo:

  • Tens de ter um cartão de residente. Como disseste, isso custa 45€/ano (ou 90€/ano). Mas esse cartão não dá o direito a estacionar gratuitamente.
  • Quem tiver o cartão de residente e queira estacionar tem de pagar 1,50€/dia de estacionamento, ou 9€ por semana.

Ou seja, para 52 semanas do ano, deves juntar 9€ x 52 semanas = 468€ por ano ao custo do cartão de residente.

Ou seja, em Paris custa cerca de 500€ por ano estacionar na rua para residentes.
Corrige-me se eu estivere errado, sff.

Abraço
joao

ps - Ah, e tal como cá, não há a garantia de teres lugar. Por isso muita gente (entre a minoria detentora de automóvel) prefere pagar mais € para ter lugar numa garagem.

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Tens razão JPedro. Eu não tinha a certeza e por isso disso ‘‘parece’’. De qualquer forma e reportando-nos ao tema deste tópico - o custo da ocupação do espaço público - arriscaria dizer que o preço de uma esplanada em Paris deve ser muito superior ao preço de Lisboa. Seria interessante, por curiosidade, saber as proporcionalidades.

Mais abaixo andei a ver se descobria valores de outras capitais e a verdade (se aquilo que googlei estiver correto) é que me pareceu que o estacionamento para residentes era bastante barato. Não faço ideia mas acredito que as taxas de ocupaçao de espaço público sejam ainda mais deproporcionais noutras capitais. (Atenção que é mero palpite meu). Madrid pareceram-me baratos os selos tendo em conta o custo de vida.

Acho que nesta discussão é importante distinguir a taxação da propriedade (compra e manutenção) e a taxação da utilização do espaço público pelos residentes.

Paralelamente achei curioso o que li sobre a quantidade de pedidos de selos de residente para estacionamento automóvel em Amesterdão e Copenhaga. Parece que utilizar a bicicleta nestas cidades não significa abdicar da propriedade de um automóvel mas apenas da utilização.

Just Food for thoughts

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eu estava a ironizar, mas você não percebeu. De facto nem percebe que emissões de CO2 não tem nada a ver com consumo de energia, e o gráfico apenas referia consumo energético por unidade de espaço percorrido, não emissões. Coloca tudo no mesmo saco. Debater para quê?

vi este video e lembrei-me do topic :slight_smile:

E os fundamentalistas de Estocolmo?

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Curioso estes termos que os fundamentalistas usam…

A Vaca Sagrada!

Ou ainda este sobre a Vaca Sagrada

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Esse video de estocolmo é muito bom! :slight_smile:

Os artigos (e o comentário dos teu amigo dos states) também :stuck_out_tongue:

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Muito bom, mas o fundamental é dar o “empurrão” correcto, e é aqui que reside o busilis da questão!

Concordo completamente com a crítica ao abate de árvores, mas tomando o exemplo de Copenhaga, vemos que houve uma grande aposta no transporte eléctrico, os TRAMs com frequências de 10 minutos e transporte fluvial… Em lisboa, arrancam os carris e levar o 15 até santa Apolónia vai levar 1 ano.O transporte fluvial limita-se a atravessar o rio e até suprimiram as carreiras que iam até à expo. Há uns anos propuseram uma carreira fluvial desde Vila Fanca de Xira até à expo mas nunca saiu do papel.
Tal como já foi demonstrado em muitas cidades, criar novas avenidas e estacionamentos não melhora a circulação, apenas atrai mais viaturas para dentro da cidade pelo as obras devem numa primeira fase criar alternativas como ciclovias, carris e faixas BUS sem interrupção, e só depois suprimem-se faixas de circulação aurtomóvel.
Mas têm de existir alternativas credíveis, e quando digo credíveis, não são os 30 minutos de espera por um autocarro apinhado de gente e onde tenho de usar um título de transporte especial porque o do metro ou comboio já não dá e acabo por gastar 5 € e 1 h para ir dos Jerónimos ao Lumiar

o problema é que não cabe tudo

“as obras devem numa primeira fase criar alternativas como ciclovias, carris e faixas BUS sem interrupção, e só depois suprimem-se faixas de circulação aurtomóvel.”

de onde vem o espaço para faixa bus e para a ciclovia? tem de se “roubar”, aos carros ou aos peões.

p.ex. na republica para n tirarem aos popos a ciclovia ficou mais desconfortável do que era preciso, tipo interrupções para ir contra uma paragem de autocarros… e a mini ciclovia da f.p. melo também é super estreita… não estou a ver obras nos próximos tempos para as alterar

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