O que está a emergir na Avenida de Berna não é uma ciclovia. O que ali surge com o nome de ciclovia é um esforço grotesco de agradar a gregos e a troianos e é o que acontece nesses casos, não só não se agrada a ninguém como até enfurece todos.
Infelizmente esta “ciclovia” que terá permanentemente carros estacionados (quem duvida?) em cima do seu percurso, que obrigará os cidadãos que se deslocam em bicicleta a invadir os passeios em todas as zonas de contacto com paragens, vai ser de tal forma disfuncional que a decisão lógica vai ser:
Abandonar de todo o uso da “ciclovia” e usar outra faixa, com tudo o que acarreta usar-se uma faixa de rodagem com uma “ciclovia” ao lado, sujeitando-se às razias “educativas” e às buzinadelas (quem anda de bicicleta sabe bem os riscos para a sua vida que isso comporta).
Simplesmente abdicar de circular de bicicleta nessa artéria, reforçando o argumento das “ciclovazias” e dos fundos gastos nelas.
Usar inicialmente a ciclovia para com a experiência se perceber que com o seu desenho de “corrida de obstáculos” o mais funcional e rápido é mesmo abdicar da bicicleta e ir a pé.
Esta decisão recente na Avenida de Berna reflete a nossa tragédia como apoiantes do uso da bicicleta para mobilidade urbana.
Temos um executivo municipal que olha com simpatia para a mobilidade suave, mas que não tem qualquer coragem de enfrentar resistências sérias (ou esgotou-a na Almirante Reis) ao redesenhar das nossas ruas nem contestar os privilégios que foram tacitamente adquiridos pelo trânsito automóvel. Desenha ciclovias disfuncionais com propósitos panfletários, mas cuja disfuncionalidade induz maus comportamentos em todos os protagonistas da mobilidade urbana (seja pelos percursos “corrida de obstáculos” ou de conflito com peões, seja pelos absurdos cruzamentos onde os sinais luminosos só permitem atravessar avenidas por etapas, etc.). Promove indirectamente um uso não democrático da bicicleta ao reduzir o seu uso a pessoas com vigor físico e uma enorme resistência à sensação risco.
A prazo tudo isto vai municiar toda a resistência contra o uso da bicicleta para lógicas que não o lazer e em percursos “assépticos”.
Lamentavelmente acabamos por dosear a contestação porque sabemos que ela serve sobretudo uma alternativa muito pior, mas com isso poderemos estar a validar decisões pouco ambiciosas e disfuncionais.
…é uma das artérias que uso no movimento pendular para o trabalho e parece-me que com o desenho que se afigura vou ter de optar por ignorar a ciclocagada e continuar estoicamente a usar a faixa de rodagem para seguir para o destino.
Muito mau!! Muito mau mesmo… quase que mais valia não fazerem nada!
Obter espaço para a sua construção sempre à custa da remoção do espaço alocado ao automóvel e nunca do pedestre. Caso tal não seja politicamente possível, simplesmente não fazer nada.
Terrivelmente deprimente.
Pois. Os passeios ficaram pequenos e temos uma “ciclocagada”.
Notei que os separadores colocados em frente à Gulbenkian há 1 semana já apresentam muitas marcas dos choques dos carros. Uns já foram destruidos.
Vamos ter problemas nos cruzamentos. Os ângulos de curvatura não foram corrigidos – são muito suaves a vão permitir viragens à direita com velocidades elevadas.
Esse é um dos problemas. O mobiliário é outro. A passagem em zonas pedonais outro. Mas como dizem… “assumimos que existem problemas já conhecidos mas esta solução é pop-up”.
Muito sinceramente, para fazer isso, mais valia não fazerem.
Era o mesmo que fazerem uma autoestrada para os carros, onde a cada km, passava pela nacional, e depois por terra batida, etc…
É uma ABERRACAO para agradar a gregos e troianos, que não funciona e que gastou mais uns milhares de euros, unica e exclusivamente para colocar nas estatisticas…
Que nódoa! Preferia mesmo que não se tivesse feito nada. Mas vale que não esteja lá nada do que criar esta desculpa para acossar deslocações em bicicleta fora desta ciclofarsa.