O que aconteceu nas autárquicas, em Lisboa, onde um voto contra as ciclovias foi responsável por uma parte da penalização eleitoral do PS, não é circunscrito à capital portuguesa. Mesmo nos países escandinavos, os movimentos contra qualquer medida limitadora da circulação automóvel são fortes e têm peso eleitoral. Nas últimas eleições locais na Noruega, em 2019, um partido criado apenas com o propósito de bloquear as taxas de circulação dos automóveis ficou em terceiro lugar na segunda cidade do país e elegeu um representante em Oslo, tendo assumido um papel de destaque na agenda das próprias campanhas. Os coletes amarelos em França ou o voto fora das cidades em Trump são um produto do descontentamento popular com um progresso que sentem ser feito da imposição política de um modelo de vida que sentem incompatível com a sua vida e as suas dificuldades.
Bike lanes aren’t just good policy, they’re good politics. As my friends Janette Sadik-Khan & Seth Solomonow the authors of this Guardian article said: From New York to Milan, the world’s most ambitious mayors keep winning reelection as the cries of backlash prove not to be the voice of voters.
À boleia da primeira reunião pública de câmara — e já depois de questionado pelo Bloco de Esquerda sobre a suspensão dos programas — o Executivo lisboeta deverá aprovar o reforço do orçamento do Programa de Apoio à Aquisição de Bicicletas e do Programa Municipal Comboios de Bicicletas.
Ao Observador, o vereador responsável pela pasta da mobilidade Ângelo Pereira garante ainda que a inclusão das bicicletas Gira no passe Navegante a partir de janeiro tambémavançará sem “qualquer retrocesso”.
O que é verdadeiramente decisivo para aferir a postura do novo executivo é saber o quão dispostos estão a garantir e expandir espaço público dedicado aos meios de mobilidade suave.
Despejar dinheiro em apoios à aquisição ou a questão do passe social se integrar com a Gira é o tipo de medidas que se prestam propagandisticamente a quem na verdade não quer pôr em causa a hegemonia do carro/motas no espaço público.
Ainda o veremos enquanto elimina ciclovias a dizer “Mas eu sou a favor das bicicletas, até entreguei x em apoios à aquisição…”.
“Vimos comunicar, com imenso pesar, que o projeto SELIM - Banco de Bicicletas vai ser suspenso a partir de 2022 por falta de verbas.
Esta foi uma decisão difícil, e a nossa equipa foi incansável na procura de uma resolução contrária à que estamos a anunciar.
Temos, no entanto, de encarar a realidade dos números, mesmo que a motivação e esforço pessoal nos tenham trazido tão longe, para lá do sustentável.
A realidade resume-se ao seguinte: o SELIM está a funcionar sem apoio da Câmara Municipal de Lisboa desde Abril de 2021.”
Já vêm desde o tempo do Medina, mas o Moedas podia ter dado um empurrão…
Pelos vistos o executivo quer "reduzir o tráfego, oferecendo os primeiros 20 minutos de estacionamento fora da zona de residência e desconto de 50% nos restantes períodos em todas as tarifas EMEL”. Alguém me pode explicar o racional?
Acha que as restrições aos carros não são solução?
As restrições aos carros devem existir. E irão existir no futuro, progressivamente. Mas mais do que isso, como é que vamos restringir os carros que têm mais de dez anos que poluem a cidade? Como é que vamos ter mais carros elétricos? Temos de pensar em grandes números e o que podemos fazer com eles. Lisboa gasta 4 milhões de metros cúbicos de água por ano, 75% dos quais utilizados para fins não potáveis. Outro exemplo: a transformação das nossas luminárias em lâmpadas LED.
Mesmo assim, ao menos parece já ter percebido que se for só pró-carro e anti-resto vai encontrar resistência da sociedade civil, para além da oposição na AML e CML. Cheira-me que vamos ter 3 anos de nada (um já passou).