Para quando ferrovia pública, com operadores privados?

Mas é público, logo, é bom

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Um debate sério que deveria ser feito em Portugal - impossível no recente clima geringonceiro - deveria ser debater porque motivo não há operadores privados no sistema ferroviário, ao contrário da grande maioria dos países da Europa, onde funcionam bem. O único caso que há em Portugal é, diz o Tribunal de Contas, um bom negócio para o estado, e ademais presta um bom serviço ferroviário de acordo com os clientes: Fertagus.

Na concessão Fertagus, o serviço de transporte começou por custar ao Estado cinco cêntimos em média por passageiro-quilómetro, valor que baixou para cerca de dois cêntimos entre 2005-2010, deixando de ter custos a partir de 2011.

Reparemos ainda, como as comissões de utentes, que deveriam ser verdadeiramente independentes na defesa dos utentes, são na prática braços armados do PCP e dos seus ideários.

https://www.dinheirovivo.pt/empresas/mais-de-cem-personalidades-subscrevem-manifesto-pelo-fim-da-concessao-ferroviaria-a-fertagus/

Reparem o que seria entregar a Fertagus à CP: era colocar os comboios da ponte na bandalheira das supressões, atrasos, entregue aos sindicatos e ao sabor da lotaria das greves. Mas sempre “ao serviço do povo”!

Sem estresse: a porca burguesia capitalista e pequeno-burguesa de esquerda motorizada anda sempre de popó! Hão de ver os carros da administração da CP: acham que andam de comboio? Imaginam o CEO da galp a abastecer na BP? Imaginam o Elon Mosk a andar de Nissan Leaf? Imaginam Bill Gates a usar iOS? Imaginam o CEO da CP a andar de carro no seu dia-a-dia? Claro que sim!

Nunca usei o Fertagus, mas já me disseram que é comum ir à pinha e que também não são assim tão pontuais quanto isso…

Algumas vezes já ponderei usar o serviço deles, mas há duas coisas que constato: os horários são fracos, pelo menos bastante mais fracos que os suburbanos da CP, e são muito mais caros. Claro que isto (na minha opinião) não tem a ver com o facto de ser privado… mas com o facto do Estado não gostar de subsidiar serviço público, quando este é oferecido +por operadores privados.
Eu como utente (ocasional, mas já fui regular quando era o meu transporte diário) da linha de Cascais, o que tenho a dizer é que o serviço da CP é extremamente pontual. Não é comum ocorrerem atrasos significativos, quando os há estamos a falar de coisas que giram à volta dos 2 minutos. Supressões também não são comuns… quando as há, ou é porque há uma greve, ou é porque há um problema com a linha. O maior problema da linha de Cascais é o estado apocalíptico em que se encontram algumas estações, assim como o material circulante a cair aos bocados e a linha que faz o comboio ir aos solavancos o tempo todo.

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Falou-se disso nesta conferência (só vi algumas partes):

A parte da tarde foi só sobre ferrovia (e foi aqui que alguém referiu operadores privados):

http://www.canal.parlamento.pt/?cid=3108&title=conferencia-sobre-transportes-publicos

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O preço da Fertagus Lisboa - Setúbal é de 4,50€, e considerando que são cerca de 50km, dá cerca de 9 cêntimos/km

Na CP fazeres Lisboa Santa Apolónia- Castanheira do Ribatejo custa-te 2,25€, o que em cerca de 40km, dá-te 5,6 cêntimos/km.

Logo, tens toda a razão. A Fertagus é mais cara que a CP cerca de 60%, quando analisado o custo para o passageiro por km (isto são bilhetes simples, não faço aqui as contas aos passes e afins).

A grande diferença é que a Fertagus custa zero aos contribuintes. Repara que eu não acho que deva custar zero, custa zero pois a empresa sabe que se custasse algo, teria o PCP e o BE aos berros no Parlamento. Já a CP é um sorvedouro de dinheiro público.

E este é um dos motivos porque temos os canalhas da direta-autoólica constantemente contra os transportes públicos. Imaginas no transporte aéreo a TAP ser a única operadora? Pois eu lembro-me, além de custar dinheiro aos contribuintes pois raramente dava lucro, um bilhete LIS-AMS custava 500€. Agora arranjas por menos de 100€.

Exacto, porque só os fachos do PSD é que sabem gerir países, viu-se bem o estado em que ficou da última vez…

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Algo claramente abaixo do custo real… borlas todos querem mas quando corre mal a culpa é do governo.

Também trabalhas de borla?

Por acaso o pessoal da Mubi trabalha de borla.

Mas os funcionários das companhias de aviação privada trabalham de borla?

Chamar isso de trabalho é discutível, mas mesmo assim não é teu ganha pão

Há quem se esforce por isso e muitos simplesmente deixam essas empresas, vê o exemplo da Ryanair.
Mais impressionante é um passageiro confiar a sua vida a uma tripulação descontente e desmotivada.

“debater porque motivo não há operadores privados no sistema ferroviário, ao contrário da grande maioria dos países da Europa, onde funcionam bem”
O caso mais evidente é a Inglaterra, não? Livra…

Em relação ao caso Inglês há muito que se diga. Não julgo que em Inglaterra haja pior ferrovia que em Portugal. E muitos dos problemas do caso Inglês, como por exemplo a intermodalidade entre vários operadores, é hoje facilmente resolvido com a tecnologia e passes intermodais electrónicos. Ademais tens o caso da Suécia ou Holanda, onde apesar de serem empresas públicas, são operadas por entidades privadas. Não há nenhuma, repito nenhuma, razão racional ou económica para o facto de os maquinistas em Portugal serem equiparados a funcionários públicos.

Não há mal nenhum em não gostar das condições laborais da Ryanair. Não há trabalhadores da Ryanair obrigados, há? Se a Ryanair cumpre a legislação laboral portuguesa, é tudo o que preciso de saber, e obviamente as regras comunitáris de segurança aérea que qualquer companhia de aviação está obrigada a cumprir.

Um coisa eu sei. Se hoje houvesse apenas a TAP, além de nos custar dinheiro todos os anos a nós contribuintes, uma viagem entre Lisboa e Amesterdão rondaria os 500 euros. E hoje chega a custar menos de cem euros. Quem ficou beneficiado? As pessoas com menos rendimentos.

Gostaria de saber a distribuição social dos passageiros Ryanair vs TAP para saber qual das duas serve de facto “o povo”.

Não cumpre, e a própria Ryanair confirma-o ao afirmar que apenas cumpre a lei Irlandesa

Novamente, esse valor é inferior ao preço de custo e abrange apenas parte dos lugares disponíveis. E quando a segurança é colocada em causa para obter baixos preços entramos noutro domínio

A ideia global que tenho é que na ferrovia os operadores privados dão muito bons resultados. Basta comparar o metro de Lisboa com o metro do Porto…

Acho é que muitas vezes, quando em causa está um operador privado, em Portugal o estado pura e simplesmente abstém-se de subsidiar serviço público… só o faz quando o operador é público.

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Repara que quando a velha CP há uns anos foi dividida em dois, Refer (atual IP) e CP, a primeira ficando a ser a gestora da infraestrutura e a segunda a operadora do material circulante, o propósito era exatamente esse, ou seja, a infraestrutura sendo pública tal como as estradas o são, mas permitir que operadores privados pudessem entrar no mercado ferroviário. A Fertagus é o único caso que existe, de sucesso, e todos os dias recebe críticas da esquerda. E atenção que a Fertagus tem de pagar, como é correto, o aluguer da infraestrutura ao estado, através da Infraestruturas de Portugal (IP, antiga Refer) que é proprietária das linhas.

É desta que a ferrovia singrará, não tenhamos dúvidas

“A liberalização do serviço ferroviário de passageiros terá aberto o mercado português às empresas estrangeiras, nomeadamente, à Renfe, mas também à DB (através da Arriva), à SNCF e até a operadores portugueses de que a Barraqueiro (que já é um grupo rodoviário, ferroviário e de transporte aéreo) é um exemplo.”

Já não basta a ferrovia estar à apodrecer, estes ainda dão mais um prego no sistema. É preciso ter muita lata