Para quando ferrovia pública, com operadores privados?

Não há mal nenhum em não gostar das condições laborais da Ryanair. Não há trabalhadores da Ryanair obrigados, há? Se a Ryanair cumpre a legislação laboral portuguesa, é tudo o que preciso de saber, e obviamente as regras comunitáris de segurança aérea que qualquer companhia de aviação está obrigada a cumprir.

Um coisa eu sei. Se hoje houvesse apenas a TAP, além de nos custar dinheiro todos os anos a nós contribuintes, uma viagem entre Lisboa e Amesterdão rondaria os 500 euros. E hoje chega a custar menos de cem euros. Quem ficou beneficiado? As pessoas com menos rendimentos.

Gostaria de saber a distribuição social dos passageiros Ryanair vs TAP para saber qual das duas serve de facto “o povo”.

Não cumpre, e a própria Ryanair confirma-o ao afirmar que apenas cumpre a lei Irlandesa

Novamente, esse valor é inferior ao preço de custo e abrange apenas parte dos lugares disponíveis. E quando a segurança é colocada em causa para obter baixos preços entramos noutro domínio

A ideia global que tenho é que na ferrovia os operadores privados dão muito bons resultados. Basta comparar o metro de Lisboa com o metro do Porto…

Acho é que muitas vezes, quando em causa está um operador privado, em Portugal o estado pura e simplesmente abstém-se de subsidiar serviço público… só o faz quando o operador é público.

1 Curtiu

Repara que quando a velha CP há uns anos foi dividida em dois, Refer (atual IP) e CP, a primeira ficando a ser a gestora da infraestrutura e a segunda a operadora do material circulante, o propósito era exatamente esse, ou seja, a infraestrutura sendo pública tal como as estradas o são, mas permitir que operadores privados pudessem entrar no mercado ferroviário. A Fertagus é o único caso que existe, de sucesso, e todos os dias recebe críticas da esquerda. E atenção que a Fertagus tem de pagar, como é correto, o aluguer da infraestrutura ao estado, através da Infraestruturas de Portugal (IP, antiga Refer) que é proprietária das linhas.

É desta que a ferrovia singrará, não tenhamos dúvidas

“A liberalização do serviço ferroviário de passageiros terá aberto o mercado português às empresas estrangeiras, nomeadamente, à Renfe, mas também à DB (através da Arriva), à SNCF e até a operadores portugueses de que a Barraqueiro (que já é um grupo rodoviário, ferroviário e de transporte aéreo) é um exemplo.”

Já não basta a ferrovia estar à apodrecer, estes ainda dão mais um prego no sistema. É preciso ter muita lata

Operadores privados, públicas virtudes.
Sobre a lamentável tragédia em Génova:
"…concessionária rodoviária de âmbito nacional em Itália, foi privatizada. A entidade Instituto per la Ricostruzione Industriale foi substituída por “um grupo estável de accionistas hoje liderado pela Edizione Srl”, uma “companhia controlada pela família Benetton”.
O que é privatizado é bom!
Para quem aprecia a exploração privada de sectores-chave, pode entreter-se a ler a estatística de como cresceram (e de que maneira) os acidentes ferroviários ingleses pós-privatização.
Não é coisa bonita de se ler, mas é pedagógico.

Consegues fazer uma correlação estatística e causal entre sinistros provocados por operadores e infraestructuras privados vs públicos, ou é só puro achismo? E a ponte de Entre os Rios? E a ponte da mesma empresa da de Génova que colapsou na Venezuela?

Desde a sua criação que a CP é pública e os sinistros são frequentes. Seriam mais se fosse privada? Não sei, mas acho que tu também não.

Nunca ouvi falar em qualquer causalidade entre as duas coisas… e ‘causalidade’ é quase o meu nome do meio. Não vejo motivos para que um operador público ou privado seja mais propenso a acidentes pelo mero facto de ser público ou privado…

Vai-se a ver e na volta o contrato de concessão daquela ponte é semelhante ao da nossa ponte 25 de Abril: a concessionária fica com os euros, mas é ao Estado que cabe a manutenção. Sendo Itália… não me surpreenderia nada.

1 Curtiu
2 Curtiram

Excelente notícia. Obrigado @jmpa

1 Curtiu

Um aspecto a resolver com a chegada da liberalização.

There’s a government agency in Germany - “Verkehrsverbund” - whose sole mission is to make riding public transportation easier.

How Germany standardizes signage, service and fare payment across separate transit providers
The customer experience of transit starts before you ever board a bus, train, tram, or ferry. For transit to compete effectively with driving, it needs to be easy for a person to make the informed decision that transit will offer a superior experience.

1 Curtiu

Não é só no público que há greves:

Excelente ??? Duvido, podes contar com isto

1 Curtiu

Lol, agora tiveste piada @Three.

Infelizmente nesse sector… Esta é particularmente gravosa pois essas carreiras são o único TP disponível em muitas aldeias e pequenas povoações. Greves destas deixam pessoas com idade considerável literalmente isoladas.

1 Curtiu

O problema é de regulação e não é muito diferente do setor aéreo. Quem é que regula tarifas, rotas, condições de acesso e direito dos passageiros, no espaço aéreo?

E porque motivo viajar LIS-OPO já é mais barato de avião do que de comboio? Já te questionaste?

Viagem de Lisboa para o Porto, só de ida, para 1 passageiro, classe turística

23 de Outubro

Avião: 22€

Comboio: 15€ (à 1 da manhã), ou 24,70€ (a horas normais)

20 de novembro

Avião: 9€

Comboio: 12,5€

Mas dantes, com a TAP pública e a prestar a todos os cidadãos “serviço público”, só andavam de avião entre Lisboa e Porto os ricos.

Eu jamais andei de avião entre Lisboa e Porto pois acho que é totalmente irracional, além de ser ambientalmente pouco sustentável, e o meu transporte favorito entre cidades até 500km é o comboio. Quero é relevar que não podemos de todo ignorar a questão ideológica. A ferrovia sempre esteve nas mãos do monopólio estado, e o resultado está à vista.