O Movimento de Cidadãos @Contra o Fim da Linha Amarela felicita esta iniciativa do PCP e as posições tomadas pelo PSD, CDS e Bloco de Esquerda, que aprovaram esta Moção, dando continuidade a esta justa luta!
Notícia do Expresso, 17/11/2021; 11:10h
Câmara de Lisboa aprova proposta para travar Linha Circular do Metro
Responsabilidade para a reconfiguração do Metro de Lisboa é do Governo central, mas Câmara aposta em aumento da pressão para travar o projecto.
Proposta do PCP foi aprovada com os votos favoráveis do novo executivo, de PSD e CDS. Ao Expresso, o Vereador comunista João Ferreira diz que o Governo tem tido sempre “posição de obstinação, contra tudo e contra todos”
Apresentada pelo PCP, a proposta para recomendar ao Governo a suspensão imediata das obras da Linha Circular do Metro foi aprovada esta manhã na reunião da Câmara Municipal de Lisboa (CML), uma das primeiras depois de conhecida a distribuição de pelouros da equipa de Carlos Moedas. A moção do PCP inclui ainda o pedido para que o Governo não assine a concessão da obra dos viadutos do Campo Grande (que servirá para fechar o círculo do ‘novo’ metro), que articule com a autarquia as prioridades para a linha e que estude os impactos financeiros de refazer os projectos. Foi aprovada com os votos a favor de PSD, CDS, PCP e Bloco de Esquerda e votos contra do PS e do Livre.
A oposição à nova configuração da linha é antiga, com um diferença em relação ao que aconteceu há mais de um ano, quando a mesma CML aprovou uma deliberação para manifestar ao Governo a discordância com o projecto. É que na altura o presidente era Fernando Medina, defensor da linha circular. Desta vez, é Carlos Moedas, alguém que desde a campanha eleitoral tem reforçado essa oposição.
Ao Expresso, João Ferreira, um dos dois vereadores do PCP na autarquia, reconhece que “é de alguma forma simbólico” aproveitar uma das “primeiras oportunidades pós-eleições” para recuperar o tema, e admite que tem “havido ocasião” de PCP e PSD o discutirem, antes e depois das eleições, e “até no mandato anterior”. A convergência entre os partidos ficou agora plasmada com esta recomendação, a que o PCP espera que se siga uma pressão maior sobre o Governo de António Costa do que a feita pelo anterior executivo camarário.
A decisão é sempre do poder central, mas nem o facto de o Governo se encontrar em fim de ciclo travou as intenções comunistas de pôr o tema na agenda. “Temos um Governo em funções, que é o Governo que determinou o avanço do projecto”, lembra João Ferreira, além de que esta “é uma tomada de posição que se impõe pelo curso dos acontecimentos: quanto mais avançar o projecto, menos pode resultar dessa reavaliação de opções”.
A linha circular é “uma ideia errada”, que “tem vários prejuízos”, dos quais o vereador comunista ouvido pelo Expresso lembra “um mais sublinhado”: o facto de a linha circular vir “quebrar a ligação de algumas freguesias altamente populosas da cidade, que hoje têm ligações directas ao centro da cidade”, como Odivelas, Lumiar ou Telheiras. Na nova configuração, a linha amarela (de que Telheiras passará a fazer parte) acaba no Campo Grande.
GOVERNO TEVE “POSIÇÃO DE OBSTINAÇÃO, CONTRA TUDO E CONTRA TODOS”
O projecto está dividido por fases, algumas já em execução. A linha circular prevê a criação de duas novas estações na parte sul da cidade, Estrela e Santos, ligando assim o Rato ao Cais do Sodré. Por esta altura, segundo o Metropolitano de Lisboa, há escavações em curso a uma média de quatro metros de túnel por dia.
O PCP reconhece a dificuldade em relação a essa primeira fase, mas nota que a oposição ao projecto vem de trás, o que permitiria que ele tivesse sido travado mais cedo, e foi “relativamente consensual”. Aliás, em Fevereiro de 2020, o Parlamento aprovou a suspensão da linha, por proposta do PAN, votada favoravelmente por PSD, BE, PCP e PEV e com a abstenção da IL, CDS e CH (voto contra apenas dos socialistas), que levou o Governo a falar em “irresponsabilidade” e a ameaçar recorrer ao Tribunal Constitucional. Marcelo Rebelo de Sousa pôs água na fervura, lembrou que o Parlamento não tem poderes para interromper o projecto, e que se tratava de uma recomendação. A obra avançou.
“Houve sempre uma posição de obstinação do Governo, contra tudo e contra todos”, nota João Ferreira. “Contou nessa atitude com a Câmara Municipal de Lisboa. A maioria que tínhamos na Câmara associou-se a essa opção e tomou-a como dela.”
O argumento de que travar a linha circular seria pôr em causa fundos comunitários, já que a obra é por eles co-financiada, também não colhe para João Ferreira, que lembra que o questionou enquanto eurodeputado junto da Comissão Europeia. “O que responderam foi que o Governo podia reafectar as verbas”, afirma, e que o compromisso é com a modernização do metro, não com este projecto em particular.
O PCP garante que “é possível impedir” a última fase da linha circular, dos viadutos do Campo Grande que permitem concretizar o círculo, embora não dê “nenhuma das fases por adquirida”. Ao contrário de Carlos Moedas, que tem falado sempre na “linha em laço”, isto é, não fechando o círculo no Campo Grande, João Ferreira responde que “há um conjunto de possibilidades” e que há melhorias mais urgentes e “mais estudadas” que não avançaram por causa da prioridade dada à linha circular. O PCP identifica-as: estender a rede a Alcântara e à Zona Ocidental de Lisboa; ligar a Loures, através da Linha Amarela; e ligar a Benfica pela linha verde, via Telheiras.
Segundo o Metro de Lisboa, as obras de expansão vão custar quase 200 mil milhões de euros, 83 mil milhões dos quais vindos da União Europeia. Se não forem travadas, a previsão é que as obras estejam concluídas no final de 2023.
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