Em minha opinião, a sociedade civil, por si só, nunca conseguirá criar massa crítica suficiente para ter impacto.
Basta ver Aveiro que, comparado com o resto do país, até tem alguma cultura de uso da bicicleta e vários grupos, organizações e indivíduos que ao longo dos anos tem promovido acções de divulgação do uso da bicicleta. E, entre 2011 e 2021 perdeu 1/6 dos ciclistas pendulares que tinha.
Estas acções podem parecer-nos até ter grande adesão, mas tipicamente ficam circunscritas a um grupo muito restrito de pessoas.
Em Portugal, não existe abertura para discutir publicamente projectos. E muito dificilmente se consegue ter impacto num dado projecto em curso. Mas são mensagens que vão ficando e criando opinião pública, e que poderão ir moldando a opinião dos políticos de vários quadrantes e ter alguma influência em decisões futuras.
Isso também não aconteceu, refere o BE, que menciona ainda o projecto do metrobus da Avenida da Boavista, que, para já, não prevê a implementação de uma ciclovia ao longo do seu trajecto. No lançamento da empreitada, a Metro do Porto referiu que estava a avaliar, em conjunto com a autarquia, a possibilidade de inserir um canal ciclável. Sobre este processo, não há novidades. “A implementação de uma ciclovia na Avenida da Boavista continua ainda em avaliação. Como tal, a solução a adoptar deverá assegurar condições de melhor mobilidade entre os diversos modos de transporte”, responde a câmara.
Em Maio de 2020, quando o país reabria após o primeiro confinamento pandémico, a Câmara Municipal do Porto (CMP) anunciava um plano para “resgatar o espaço público” que incluía a criação de mais 35 quilómetros de ciclovias na cidade. Não aconteceu e o Bloco de Esquerda (BE), que tem um assento na vereação, quer saber porquê.
Copiei o parágrafo inteiro do Público q fala do Metro Bus e da ciclovia na Avenida da Boavista, que era o assunto discutido aqui nas últimas mensagens.
E a Avenida da Boavista?
Há também interrogações sobre a intervenção nas Avenidas Atlânticas, que prevê alterações na respectiva ciclovia. O relatório final da auscultação pública foi concluído há seis meses, sendo que autarquia referia à agência Lusa, em Outubro de 2022, que iria promover a discussão da solução com os partidos e que lançaria o concurso público para o projecto até ao final desse ano.
Isso também não aconteceu, refere o BE, que menciona ainda o projecto do metrobus da Avenida da Boavista, que, para já, não prevê a implementação de uma ciclovia ao longo do seu trajecto. No lançamento da empreitada, a Metro do Porto referiu que estava a avaliar, em conjunto com a autarquia, a possibilidade de inserir um canal ciclável. Sobre este processo, não há novidades. “A implementação de uma ciclovia na Avenida da Boavista continua ainda em avaliação. Como tal, a solução a adoptar deverá assegurar condições de melhor mobilidade entre os diversos modos de transporte”, responde a câmara.
“O sucessivo adiamento da concretização destes projectos – essenciais para promover uma política de mobilidade mais sustentável na cidade do Porto – tem sido motivo de preocupação, não só para o Bloco de Esquerda, mas também para várias organizações e munícipes", nota Sérgio Aires.
Obrigada pela partilha, Pedro
Tb vimos…e questiono-me porque é que ainda estão no plano das ideias…mostra o grau de importância que deram à ciclovia.
Enfim… nenhuma novidade quanto ao vosso pedido, suponho… (?)
@veralvespdiogo , “responderam” mas não responderam à maioria das perguntas. Nada sobre rede de ciclovias (“em estudo”), as intermunicipais só concluídas em 2025, nada sobre avenidas atlânticas, avenida da Boavista só manter a parte do Parque da Cidade.
Não, não existe na página da CMP um repositório das perguntas dos vereadores e respostas do Executivo (como na AR). Mas geralmente, o Bloco costuma divulgar as respostas à imprensa, por uma questão de transparência.
Desconstrução da construção – metodologias de ontem de hoje e de amanhã.
Não há tanto tempo atrás, lembro-me de uma acção de informação/protesto levada a cabo pelo BE junto à casa da música onde ilustravam com datas e números os montantes gastos na famigerada Avenida da Boavista e que revelavam ser os maiores gastos históricos, comparativamente a todas as outras artérias da cidade, efetuados pela autarquia, até a essa data.
Passo a transcrever excertos de um artigo do jornal da CMP que compõe o que acima refiro:
“Obras da Avenida da Boavista terminam” - 16 de agosto de 2015
…este troço será completamente aberto à circulação, dando-se por encerrada a empreitada lançada ainda pelo anterior executivo, que custou cerca de cinco milhões de euros e demorou cerca de dois anos a completar.
Em 2005 tinha já sido requalificada parte da Avenida da Boavista, junto ao Parque da Cidade, o que tinha custado também cerca de cinco milhões de euros. O conjunto destas duas obras totaliza, por isso, cerca de dez milhões de euros, aplicados em 2,5 km de extensão, em dez anos.
Ficam ainda por requalificar cerca de 2,3 km de avenida, entre a rua O Primeiro de Janeiro e o Parque da Cidade, obras que, para já, não estão adjudicadas pelo actual executivo.
Em fevereiro, Rui Moreira lembrou que “as obras já executadas decorreram de forma faseada e ao longo de dez anos”, tendo custado no total cerca de dez milhões de euros e que “o resto da requalificação terá que ser feito com todos os cuidados, uma vez que terá lugar numa zona particularmente problemática da avenida e representa um investimento igualmente elevado”.
O autarca calcula para requalificar o resto da avenida será preciso um investimento semelhante ao já feito ao longo dos últimos dez anos, não se comprometendo com datas, mas não excluindo a possibilidade de virem a ser feitas, o que dependerá, também, da existência de fundos comunitários que ajudem a amortizar os custos já pagos pelo actual executivo.
Como poderão corroborar com as notícias que se avolumam aqui e ali (ver mais alguns exemplos nos links no texto mencionados), e sem ter ido longe na linha temporal, desenha-se um padrão na forma e acção de como os anteriores executivos camarários – do PSD ao PS, passando pelos Independentes, gerem a nossa autarquia. A Mensagem - Desconstrução da construção - “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce…” torna-se mais límpida, transparente quando se identifica Deus. Quem é ele? Que tudo, às suas ordens, constrói e destrói e volta a construir? O Capital – uma espécie de polvo de três compridos braços tentaculares: um extractivista, o segundo expansionista e o terceiro exploracionista.
Mas afinal o que tem a ver a MUBI com o Capitalismo? Como poderá uma invenção tecnológica, que resistiu ao teste da passagem do tempo como sendo um belo exemplar de uma invenção positiva, progressista – a Bicicleta estar relacionada com Deus?
Digam me lá das vossas opiniões. A minha é a seguinte: manter e sobrevalorizar o que se provou útil e sobreviveu à passagem do tempo e diminuir e subvalorizar o que é útil mas não sobreviverá à passagem do tempo. O esforço camarário ao contrariar a Natureza do Mundo – é cada vez maior e mais custoso para todos nós (não nos iludamos, pois não há nada a fundo perdido). Quando se lançaram os carris (1895) e os cabos elétricos (1959) para que elétricos e tróleis servissem o grosso da população metropolitana nos seus deslocamentos interurbanos e periféricos, tinha-se lançado uma linha progressista com futuro, que com a passagem do tempo se ia ajustando não às necessidades das grandes empresas e de um punhado de gente – necessidade essas de destruir e construir, e voltar a destruir, mas à vontade do Mundo, da maioria, às necessidades de todos nós – Biosfera e incluindo também as outras esferas planetárias.
Não nos iludamos, nós ciclistas sonhadores, que a atual liderança da CMP e outras que virão, filhas do mesmo modelo social, politico e económico, tenha capacidade para sonhar. A sua linguagem é bífida como a língua das serpentes.
Em 2021, o projecto foi apresentado como um passo para uma “mobilidade urbana mais verde”, mas Câmara Municipal do Porto não explica como vai incentivar a substituição do automóvel pela bicicleta se, chegando à cidade, quem pedala não vai encontrar uma rede de canais para circular. Há vários troços de ciclovias na cidade, mas muitos não têm continuidade nem estão ligados entre si. Contactada pelo PÚBLICO, a autarquia não tem nada a acrescentar.