A primeira vez que ouvi falar neste assunto foi na faculdade de economia… portanto acho que eles não andam assim tanto a dormir e sabem onde as externalidades estão. Simplesmente existem interesses… é tão simples quanto isso. Maior parte dos economistas portugueses, como qualquer bom português, anda de carro para todo o lado… logo gosto muito que o seu transporte particular seja subsidiado.
Quanto à se ocupação de espaço é ou não externalidade… tanto o Aónio, como o João têm razão. Externalidade é em grande medida um conceito um pouco subjectivo, e a grandeza da externalidade deverá variar consoante o que se considera. Mais, as externalidades nunca são calculadas com precisão, são estimativas. É como o pib. E como qualquer estimativa, ela responde a uma série de pressupostos…
Ou seja, à partida, incluir custos do estacionamento incorpora maior rigor na análise, mas como já se começa a entrar num campo onde a quantificação é mais difícil, não é grave que seja ignorado… além de provavelmente estar longe de ser a rubrica que mais pesa.
Tudo o que tem um impacto directo nas contas do Estado é evidentemente uma externalidade, mas não tem que ter esse impacto para que assim seja. Externalidade é qualquer impacto que tenha sobre terceiros.
Um bom exemplo de como a quantificação de coisas em economia não é linear, é o conceito de custos. E os custos podem ser calculados sobre a óptica financeira, contabilística ou económica! Sendo que muito raramente algum destes 3 valores se iguala.
Um lugar de estacionamento na via pública, à primeira vista não teve nenhum custo contabilístico nem financeiro, mas tem muitos custos económicos! Isto porque a câmara, ou o Estado, abdicou de algo (eventualmente mais produtivo, seja em termos de - e aqui cá está mais uma subjectividade - euros, ou de bem-estar) para ter antes ali um lugar de estacionamento.