Capacete e ciclista urbano: usar ou não usar?

um resumo que li ainda agora:
http://papodeciclista.org/grande-verdade-sobre-capacetes-e-7-motivos-para-voce-usa-lo-e-para-nao-usa-lo/
Alexandre Cypriano 21 de junho de 2014
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:
VI – para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo.
Em NENHUM momento o CTB (código de trânsito brasileiro) cita a obrigatoriedade ou não do capacete para ciclistas.
7 Motivos para você NÃO USAR capacete ao pedalar
1 – Capacete de Ciclismo é extremamente desconfortável
Uma das desculpas mais comuns para não se usar capacete que costumamos ouvir é sempre essa. E realmente é verdade. Aperta, incomoda, se não tiver no tamanho certo ele se mexe e atrapalha mais que ajuda.
2 – Capacete de ciclismo custa uma nota PRETA
Muitas vezes o preço de um capacete pode pagar uma bicicleta nova usada novinha hehehe
É claro que existem capacetes por preços menores, mas como sempre isso pode interferir em sua qualidade e diretamente no motivo 1 (conforto ZERO)!
3 – Capacete é estranho/feio
Bom, acho que ninguém nunca se sentiu mais bonito de capacete.
4 – Capacete não garante sua TOTAL segurança
Muitas pesquisas, principalmente no exterior (porque nenhuma foi feita no Brasil), mostram que o capacete não é nem um dos 10 pontos mais importantes no checklist de segurança para ciclistas.
Mas não se esqueçam que a maioria destas pessoas estão nesta luta porque em seus países o uso do capacete é OBRIGATÓRIO dependendo do estado onde estejam, da idade…e por aí vai. O que causa um número menos expressivo de ciclistas nas ruas por tal lei e consequentemente o ciclismo se torna algo mais perigoso já que existem estudos apontando que há menos chances de motoristas “causarem” acidentes com um grupo maior de pessoas pedalando.
E todos nós sabemos que o uso de qualquer equipamento de segurança (ou quase todo) é normalmente uma forma apenas de remediar outras faltas que existem principalmente para ciclistas urbanos: Falta de infraestrutura, falta de respeito no trânsito, entre outros pontos que andam em voga e em discussão.
5 – No verão esquenta
Não importa o quanto você tente, no verão aquele negócio na sua cabeça vai fazer ela ficar em chamas. E o pior, quando esquenta a tendência natural é coçar…E como faz isso? Não sei. Ainda mais pedalando! Nessas horas dá vontade de arrancar e jogar o capacete de ciclismo fora e ficar sem nada mesmo.
6 – Não é obrigatório
Bom, como falamos, o capacete não é um item obrigatório (pelo menos não é citado) no CTB. Os únicos itens citados são:
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:
VI – para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo.
Não estou vendo o espelho retrovisor do senhorzinho da foto, acho que foi isso que o gerou problema…
7 – Seus colegas de pedalada não usam
Mais desconfortável que o próprio capacete é o fato de você ser o único do grupo a usar capacete.
7 motivos para você USAR o capacete de ciclismo:
1 – Capacete É seguro

Não, o fato de eu dizer que o capacete é seguro não quer dizer que ele vai te salvar de um atropelamento. Primeiro porque são raros os casos em que um ciclista atropelado tenha tido apenas a cabeça por baixo do carro, mas sim várias partes do corpo (incluindo o pescoço que fica desprotegido). Aliás, os capacetes de ciclismo NÃO FORAM feitos para suportar o peso de um carro. Para isso os capacetes teriam de ser muito mais robustos e pesados, como os de motocicletas.
Por que isso acontece? Porque o capacete foi projetado sim para evitar fraturas por quedas leves que não envolvam outro veículo em velocidade. E ele realmente pode te livrar de um grande sufoco.
Até no caso de um atropelamento o capacete pode evitar, pelo seu formato, que você fique com a cabeça diretamente embaixo de uma roda.
2 – É melhor prevenir do que remediar
O capacete não vai te salvar de perigos maiores, é claro, mas um acidente de trânsito demora apenas alguns segundos para acontecer e, depois que ocorre, você não vai mais precisar colocar o capacete para se proteger.
3 – Capacete de Ciclismo Pode te salvar
(Segue-se relatos de casos pessoais)

4 – Não está no CTB, mas continua sendo indicado
Dica: use sempre o capacete, até para ir na padaria! Use sempre roupas claras. Sinalize sempre para os motoristas. Respeite o próximo. Seja cordial.
Não podemos comparar o Brasil com o primeiro mundo. Mesmo assim, os números que tenho são outros: quando não se usa o capacete, a mortalidade é de 67% por trauma craniano. Com capacete, desce para 7%. Só em 11% dos acidentes com bike há automóveis envolvidos, e em 74 % o ciclista cai sozinho. Dos 11% que se envolvem com automóveis, menos de 2% são atingidos por trás.
5 – Mesmo quem diz para você não usar capacete de ciclismo, usa!
Eu realmente concordo que o capacete não é um dos principais itens de segurança para um ciclista, assim como o falou Chris Boardman no site road.cc. Porém, se você fizer uma busca rápida pelo nome dele no Google, você vai encontrar ele de capacete em 95% das fotos em que ele está pedalando (não fazendo pose, claro).
Isso pelo mesmo motivo número 1 da lista de porquê USAR capacete. Na maioria dos casos os ciclistas das fotos estão ou fazendo MTB onde o capacete pode sim ajudar ou em corridas de velocidade onde o maior “perigo” é o seu próprio equilíbrio.
O capacete não é uma “armadura” para a “luta” contra os carros. Até porque ele facilmente perderia e o argumento de usá-lo iria junto.
6 – Capacete de ciclismo dá exemplo
Precisamos lembrar de quando começamos a pedalar e de cada queda que tivemos. Eu mesmo tenho muita marquinha pelo corpo de ter caído MUITO quando era criança e, como toda criança, eu me inspirava nos mais velhos e tive sorte que todos da minha família utilizavam capacete (inclusive para outros esportes) e me davam esse exemplo. Mesmo que para eles o capacete fosse “desnecessário”.
E quando damos este exemplo para crianças ou ciclistas iniciantes NÃO estamos colocando o ciclismo como algo perigoso ou terrível e NÃO, não “precisamos abolir o capacete para atrair mais pessoas para o ciclismo”. Apenas estamos dando o que a pessoa precisa, segurança.
A vida é perigosa estejamos pedalando ou parados no sofá. Nada garante a nossa segurança, mas não é por isso que deixamos de nos prevenir de que algo possa nos acontecer e não é por isso que ficamos esperando alguma coisa de ruim acontecer também.
Se você é tão seguro de si que “não precisa dessas coisas” deixe a porta de casa aberta e sem trancar, não utilize camisinha, não use cinto de segurança, não atravesse na faixa, fume 2 maços de cigarro por dia, beba álcool e dirija, faça tudo para mostrar para os outros que nada vai acontecer. Tenho CERTEZA que você já fez alguma destas coisas pelo menos uma vez na vida e NADA de errado aconteceu, certo? Isso quer dizer que você tem que ignorar sua responsabilidade de se prevenir?
7 – Te dá maior visibilidade
Bom, um dos argumentos utilizados para não se usar capacete é que ao utilizar você estará pragmatizando que os ciclistas “corretos” são apenas aqueles que utilizam capacete, apesar de este item não estar no Código de trânsito brasileiro e não ser verdade. Com isso, estaremos criando uma “má imagem” de quem REALMENTE não tem condições de adquirir um (a maioria dos ciclistas brasileiros) e consequentemente os prejudicando.

É claro, sou a favor que o capacete seja opcional. O que aliás, já é.

A charge que o BPereira postou é horrível. Mas faço uma “piada de humor duvidoso”. A vantagem para o ciclista estraçalhado: quando no caixão a tampa poderá ficar aberta, todos os pedaços cobertos com flores mas sua face íntegra exposta…desculpe a brincadeira…

@fernando acredito perfeitamente na sua experiência profissional, não acho aliás que qualquer pessoa duvide dela.

No entanto, temos que ter em consideração as seguintes questões: ela só contribui directamente para responder à pergunta “A) Qual é a eficácia mecânica do capacete quando um ciclista cai de cabeça.” do meu texto. Sendo uma pergunta importante, é muito limitada (como poderá ler no meu texto, contribui mas não resolve todas as outras). Sendo uma pergunta eminentemente científica, a sua experiência empírica, é certamente impressionante, e por isso mesmo, contribui decisivamente para a sua opinião pessoal sobre as perguntas seguintes. O problema (e vantagem) da sua profissão é que lida com as excepções estatísticas - isto é, lida diariamente com eventos estatísticos extremamente raros. De facto não conheço nenhum profissional de emergência médica quem não ache que devemos todos usar capacete. O problema é quando, baseados na sua experiência de vida, tentamos responder às outras perguntas, sem visões mais abrangentes de saúde pública (o que não parece ser o seu caso, porque aliás parece ser contra a lei de obrigatoriedade). Repare que é perfeitamente normal que um profissional de saúde, que trabalhe em emergência médica, tenha uma visão diametralmente oposta a um outro que trabalhe diariamente com o problema da obesidade (por exemplo). Este último poderá dizer que o verdadeiro perigo é o sofá e não cair de cabeça em determinadas e raras circunstancias. Parece também fácil de perceber que a sua experiência, direta e dramática, perante ciclistas que caiem de cabeça no chão (e é importante sublinhar a segunda parte da pergunta A), é bem mais forte e impressionável que um profissional de saúde que observa crianças com problemas de saúde com efeitos de longo prazo devido ao sedentarismo (mas possivelmente mais dolorosos e que até podem levar a vidas extremamente miseráveis ao longo de décadas). Perante a sua experiência directa perante um acidentado, os custos para a sociedade de obesos, diabéticos, deprimidos acaba por ser mais difícil de dar importância. É perfeitamente normal e aceitável que um profissional de emergência médica dê menos importância a custos sociais como, as alterações climáticas, cancro de pulmão, obesidade, depressão, etc… Da mesma forma que um profissional dedicado a estes problemas, e que raramente lide com ciclistas acidentados que caiem de cabeça no chão, dê menos importância à questão do capacete. Por isso é que é preciso algum racionalismo e frieza estatística para avaliar políticas públicas.

Apesar de algumas incertezas, já temos dados que apontam claramente numa direção. Mesmo que sejam valores aproximados, são de tal forma tão esmagadores, que dificilmente se poderá concluir que a resposta correcta, para uma gestão racional da saúde pública, seja a implementação de leis de obrigatoriedade do uso de capacete para ciclistas. Estes dados questionam também, e claramente, a racionalidade de campanhas oficiais para o uso do capacete, quando os recursos são escassos e o investimento público seria bem melhor aplicado, se dirigido a outro tipo de alteração de comportamento.

Três gráficos e duas imagens que poderão ajudar a colocar a questão noutra perspectiva:

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@fernando, obrigado pelo texto do Alexandre Cypriano. Apesar de equilibrado e explanar os argumentos mais comuns no debate sobre o capacete, acho que tem alguns erros estruturais e factuais.

Em relação aos erros estruturais, o mais importante (infelizmente demasiado frequente), é que por vezes mistura um pouco as diferentes questões que eu tentei separar na minha primeira mensagem. Acho importante todos nós recusarmos entrar num “debate sobre o capacete” - isto é, sem antes especificarmos muito bem qual é a pergunta que pretendemos responder. É talvez esse o erro mais importante que todos cometemos e que me fez escrever o primeiro artigo. O “debate sobre o capacete” é um pântano.

No entanto o artigo do Cypriano tem uma vantagem: começa de forma excelente a delimitar a questão: os prós e contras se devemos ou não usar capacete (no fundo uma tentativa de avaliar a minha pergunta “E) Devemos usar capacete?” Com implicações sobre parte da minha pergunta D) - se devemos ou não recomendar (entre amigos e conhecidos) o seu uso. Estas duas perguntas são muito importantes, para tomarmos decisões quotidianas. O problema é que a resposta a estas duas perguntas é extremamente contextual, como tento explicar no meu texto. Raros são os que nunca usam capacete, assim como os que usam sempre o capacete. No fundo somos todos “máquinas de avaliação de risco” ao decidir colocar ou não o capacete, tentando avaliar o “custo” e desconforto do uso do capacete, dependendo do risco de queda, que é função da forma como usamos a bicicleta. O problema é que, de facto, na avaliação do risco, temos muito poucos dados estatísticos de forma a tomar uma decisão racional. Há quem afirme que racionalmente é melhor usar capacete na banheira que a pedalar…

Os erros factuais do artigo do Cypriano, são pouco importantes mas demonstram como é pernicioso misturar as questões. Por exemplo, o Chris Boardman nunca disse “para você não usar capacete de ciclismo”! Aqui notamos que o Cypriano está a misturar uma opção individual perante o risco (sobre a qual o Chris nada diz), e uma opção de política pública (que é a única coisa sobre a qual o Chris opina). É perfeitamente coerente e racional usar capacete, em determinadas circunstancias (ou mesmo em todas as circunstancias), e mesmo assim afirmar que: “O capacete não está nem mesmo na lista das 10 coisas mais importantes para a segurança de um ciclista” - ao afirmar isto, o Chris está a falar de política pública e não de uma decisão individual tomada circunstancialmente e segundo o contexto do risco avaliado por cada um. De facto o que ele diz de seguida, explica bem onde ele queria chegar com a afirmação: “Apenas 0,8% dos ciclistas holandeses usam capacete, e mesmo assim, o país tem a menor taxa de trauma crânio encefálico do globo. Já nos Estados Unidos e Reino Unido, os lugares mais encapacetados do mundo, a taxa de traumas na cabeça são as maiores do planeta.” Podemos concordar com estas duas afirmações (de facto, a segunda é factual), seja qual for a nossa opção de usar ou não capacete. E mais: seja qual for o país em que vivemos. A primeira convicção é perfeitamente legítima quer vivamos no Brasil, em Portugal ou no Reino Unido - porque a segunda afirmação é precisamente um facto inegável. Isto é, em termos de decisão individual é legítimo achar que é arriscado pedalar em determinadas circunstancias no Brasil sem capacete e mesmo assim achar que “O capacete não está nem mesmo na lista das 10 coisas mais importantes para a segurança de um ciclista”. Não há contradição - podemos achar que o mais importante, em termos de política pública, é que se faça muitas outras coisas, antes de recomendar ou obrigar o uso do capacete.

Mesmo assim o artigo do Cypriano é útil para chamar a atenção de algumas coisas específicas do Brasil, mas que podem facilmente ajudar a perceber o problema noutras regiões do globo:

1 - Em climas quentes e tropicais (húmidos) o desconforto do capacete pode ter um efeito ainda mais forte no desencorajar o uso da bicicleta - que, como já vimos, é um efeito desastroso para a saúde pública.

2 - Em países mais pobres e com mais desigualdades sociais, a obrigatoriedade ou recomendação do uso do capacete pode ter um efeito ainda mais forte no desencorajar o uso da bicicleta - que como já vimos é um efeito desastroso para a saúde pública. Para além dos problemas éticos adicionais que se levantam.

3 - Se bem entendo do artigo, o CTB (Código da Estrada Brasileiro) não obriga o uso do capacete, mas recomenda. Esta recomendação pode ser problemática, não só do ponto de vista ético, mas também da promoção da mobilidade sustentável:

…mas também do ponto de vista jurídico: um ciclista vítima de colisão com um veículo motor sem capacete, pode ser posteriormente vítima de “culpabilidade contibutiva” por um juiz que interprete que o facto do ciclista não ter seguido o conselho do CTB pode ter contribuído para os danos sofridos.

É no entanto importante assinalar, que do ponto de vista da avaliação do risco individual, é normal e compreensível que muitos ciclistas sintam mais necessidade de usar capacete no Brasil, que por exemplo quando pedalam em Amesterdão. O problema desta avaliação empírica do risco é saber se também deverão usar capacete como peões ou na banheira… Na dúvida a melhor forma é recolher informação, e finalmente confiar na intuição de forma a que o resultado seja pedalar descansado e confortável, seja qual for a decisão final que tome.

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Você é filósofo ou estuda lógica, é advogado? suas dissertações são muito
bem elaboradas e didáticas. gosto de ler os seus escritos. fico-lhe grato
por me responder.
realmente tudo depende da nossa avaliação do risco. eu acredito que “estar
vivo já é um milagre diário”.

agora aos 67 anos de idade (vivi em Rebordoza até aos 02 anos) nos feriados
da pascoa vou iniciar um curso de mergulho em alto mar. isso inclui grandes
riscos como sabemos. mas há que se fazer todos os exames médicos
treinamentos para minimizar os riscos. atitude que devemos adotar em todos
atos, até onde deitar-se.
saudações. dou-lhe noticias dos mergulhos após a páscoa.

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O capacete não protege a face :wink:

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Eu só tenho um comentário a este tema mais que recorrente. Toda a gente que já montou uma bicicleta sabe que os capacetes existem. Em Portugal não são obrigatórios. Portanto, usa quem quer. Eu tenho dois e 99% das vezes não uso nenhum. As pessoas têm a noção de risco e algumas mais medo que outras. Todos conhecemos casos de ciclistas que tiveram acidentes horríveis e que se safaram por causa dos capacetes. Deveríamos conhecer as probabilidades disto acontecer. Há quem tenha lesões cranianas graves por causa de quedas insignificantes. E há quem tenha andado de capacete toda a vida e esteja vivinho e nunca tenha caído de uma bicicleta. Desconfio que se eu por acaso for albarroado por um automóvel a 50 km/h, nem um capacete de downhill me safa de lesões cervicais ou pior. Posso escolher nem saír de casa se levar isto muito a sério. A realidade é que em Portugal, neste contexto, tirando os reflectores e iluminação obrigatória à noite, tudo o resto é opcional. E cada qual se apetrecha com os acessórios de segurança (muitas vezes aparente) que quiser e conforme o risco que pensa que vai correr. Nem que seja comprar a ignóbil tinta da Volvo! Temos livre arbítrio, pessoal (por enquanto)! Vamos lá pôr essas cabeças a pensar por conta própria!

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Partilho apenas um dado empírico interessante visto trabalhar na Holanda numa instituição europeia e numa cidade com uma comunidade internacional muito significativa.

Na Holanda só os estrangeiros usam capacete! Porque será?

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Porque na Holanda ninguém usa capacete? :smiley:

Bem, ontem na minha deslocação habitual diária, durante a semana de trabalho, para sul da Marinha Grande, pela EN242 (eu 4 dias por semana estou aqui e não no Porto) passei por cerca de 30 utilizadores de bicicleta! Bendito bom tempo.
Agora dados muito signficativos: destes 30, 20 eram nitidamentes “ciclistas” a fazerem o seu “treino” de final de dia, alguns em grupos de 3, e mais cerca de 10 pessoas em deslocações locais e a conversar, numa lógica intra-localidades. Eu era o único a fazer uma deslocação utilitária inter-localidades.
Outro dado muito interessante: era já tarde, num dia muito sombrio, lusco fusco com muitos carros com os mínimos e alguns com os médios - eu era o único com luzes, nenhum dos cerca de 30 levava luzes. Os 20 em treino para além da lycra e dos óculos aerodinâmicos levavam todos capacete.
Conclusão: a noção de segurança é passiva e não preventiva… não estão preocupados com a possibilidade de levarem com um carro em cima, mas se levarem estão protegidos, pensam eles…

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Dados de observação de uma deslocação nos municípios de Lisboa e Oeiras no dia 13.04.2015, um dia de semana normal, durante o fim da manhã:
Lisboa
~1 hora (~20km) na artéria eixo principal da cidade Lumiar - T.Paço 11km e na ciclovia ribeirinha T.Paço - Algés 9km, cruzei-me com:
50 pessoas a deslocarem-se de bicicleta. 10 com capacete (incluindo um agente da PSP)
(13 mulheres, 3 das quais com capacete)
Oeiras
~30 minutos (~10km) ao longo do litoral entre Algés e Oeiras
8 pessoas a deslocarem-se de bicicleta. 2 com capacete (2 mulheres, ambas sem capacete)

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Lá está, cumpriu a sua função!

Nesse caso específico, podemos assumir que o capacete cumpriu a sua função. No entanto, pela descrição do acidente, podemos também assumir outras conclusões:

  • o ciclista rolava a uma velocidade que envolve algum risco, mas que não é a velocidade habitual de um ciclista urbano, pelo que poderá fazer sentido utilizar o capacete;
  • o ciclista abordou um entroncamento/cruzamento e passou à confiança, sem se certificar que não vinham outros veículos em rota de colisão e, naturalmente, sem efectuar uma das regras primordiais de segurança, que é estabelecer contacto visual com os automobilistas com que nos cruzamos.
    Tendo em conta os ferimentos que o ciclista sofreu sem ser na cabeça, eu diria que não ter morrido dos mesmos foi uma enorme sorte.

Por outro lado, essa fotografia poderá ter resultado em mais pessoas não usarem a bicicleta, assustadas com o estado do capacete, e com o que lhes poderá acontecer se circularem de bicicleta na estrada. Se, em vez de um capacete destruído, tivesse sido partilhada a história completa, destacando os pontos que acima referi, talvez mais vidas pudessem ser salvas por informar melhor os ciclistas dos cuidados a ter, independentemente de cumprirem o Código e de não serem os culpados pela colisão.

abraços

RF

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Relativamente a esta controversa questão escrevi há uns dias o seguinte texto:

Capacete obrigatório? Não, obrigado!

Um dia destes fui questionado por um amigo sobre a obrigatoriedade do uso do capacete para andar de bicicleta, na sequência de uma situação que lhe tinha acontecido, numa das suas últimas voltas. Um suposto “ciclista” tinha-lhe abordado e apontado a falta do capacete! Este amigo não gostou nem da abordagem em si, nem da forma como foi feita. Já agora, o resultado da mesma foi zero, já que ele continua a circular sem capacete!

Este é um dos temas que tem aquecido o debate e que divide os utilizadores da bicicleta. Considerando uma utilização utilitária e citadina, não concordo com a obrigatoriedade do uso do capacete! É normal que na competição a realidade seja exatamente a contrária e mesmo em lazer, sempre que implique, velocidade, obstáculos, terreno irregular, etc., o seu uso será sempre recomendado.

Por mais contraditório que pareça, nas minhas voltas semanais, seja em que vertente for, não está em causa não usar o capacete, é automático, mas nas minhas deslocações diárias pela cidade, nunca o utilizo! Considero-me um adulto ponderado e com bom senso, e estou plenamente consciente dos riscos que corro.
Seria mais uma coisa para me atrapalhar e preocupar, à qual não estou disposto a submeter-me. Ando todos os dias da forma mais simples e descomplicada possível, que para complicar e render-me ao comodismo pegava antes no carro!

O meu filho gosta de andar de bicicleta e como criança que é, nem sempre consegue medir o perigo de certas situações. Há uns tempos atrás, numa das suas incursões fora de estrada, quando menos esperava teve uma queda tola, na qual caiu mal e com algum aparato de costas sobre umas pedras aguçadas. Nem quero pensar no resultado do sucedido se não fosse o capacete, que ficou bem marcado! Desde sempre que ele só não usa o capacete em algumas situações pontuais e específicas.

Seja como for, argumentos, e muitos deles válidos, não faltarão de ambos os lados. Não gosto é de fundamentalismos, nem mesmo quando estes têm por base o nosso suposto bem-estar e segurança. Não deixam de ser fundamentalismos na mesma! Se me perguntarem se gostaria de ser abordado a apontarem-me a falta do capacete diria prontamente que não! Talvez agradecesse a intenção, mas certamente também a iria ignorar…

Mais do que achar a obrigação do uso do capacete contraproducente para o que se pretende das bicicletas no campo da mobilidade, já que se desvirtua a natureza simples e acessível destas, é essencialmente a liberdade de escolha consciente que acho que não faz sentido perder!

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Certo! ninguém usa e os que usam são na maioria estrangeiros como ja foi referido.

Acho curioso e também já aconteceu comigo uma vez. Não comigo mas a alguém que viajava comigo. Quem deu o conselho (quase uma ordem) para colocar o capacete foi o chefe de pelotão de um clube ou conjunto de ciclismo de estrada. É claro que nós seguiamos de capacete e o meu amigo só o tirou uns minutos por causa do calor. O pelotão passou por nós em treino, e lá veio a boca do capacete. A minha opinião é que o universo de ciclistas é muito diversificado, e os ciclistas desportivos têm tendência, e bem, a enquanto estão a treinar ou a competir, usar capacete. No ciclismo urbano, já usa uma minoria pois as velocidades, em princípio são muito menores e o risco de acidente mais “trágico” também. É claro que em Portugal todos sabemos que o uso de capacete não é obrigatório. Mas também tenho a certeza que não o é pelas razões erradas. A legislação, ao dar a possibilidade às crianças com menos de 10 anos de andar em cima do passeio, está na realidade a dizer que as crianças com menos de 10 anos DEVEM andar nos passeios. E, assim sendo, não optou por obrigar as crianças com menos de 10 anos a andar de capacete. Não foi por acaso que já um casal de idosos dentro do seu automóvel ameaçou chamar a polícia por eu seguir com o meu filho mais novo, na altura com 8 anos, talvez, por seguir na faixa de rodagem, com capacete e cumprindo rigorosamente o código da estrada. Quando lhes tentei explicar o óbvio e que à luz da legislação portuguesa não estava a fazer nada de ilegal, e ainda por cima, lhes quis emprestar o meu telemóvel para fazerem a chamada para a polícia, desistiram imediatamente. São as mentalidades que temos, infelizmente. Esta casal de idosos apenas não se apercebeu que, se havia ali alguém potenciador de risco, eram eles, e se, não existissem os automóveis, a segurança para todos os outros aumentaria 10000%. Como a legislação, como de costume, não é perfeita, cada um tem que fazer as suas regras. As minhas são: estrada em viagem e BTT, capacete. Cidade, 1% das vezes, quando tenho frio nas orelhas ou está a chover muito (tenho um capacete de snowboard para isso). Filhotes: Até aos 14 ou até eu ver que já conseguem dominar a bicicleta e, principalmente a relação com os automóveis, capacete. Depois disso, fazem como eu e usam se quiserem. De resto, cada qual faz como quer. A utilização de luzes à noite também deveria ser uma obrigação deontológica para os ciclistas em qualquer situação, mas, infelizmente, ainda se vê a maior parte das bicicletas sem qualquer iluminação, ou então com iluminação insuficiente. Neste ponto, a lei é clara, está bem feita (pelo menos não está muito mal) e ainda falta muita gente começar a aplicá-la.

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Achei este caso tão ridículo que tive mesmo de o colocar aqui.

Vale a pena espreitar este artigo do Theo Zeegers (NL) que basicamente afirma e prova que a grande maioria dos estudos que têm sido usados para promover o capacete, são invalidos: http://www.fietsberaad.nl/?lang=nl&repository=Overestimation+of+the+effectiveness+of+the+bicycle+helmet+by+the+use+of+odds+ratios

Overestimation of the effectiveness of the bicycle helmet by the use of odds ratios
Theo Zeegers
2015
Any case-control study in which the control is formed by hospitalized bicyclists is unreliable and likely to overestimate the effectiveness of the bicycle helmet.

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"My mom says"

Ainda esta semana via este episodio com o meu filho (na tradução portuguesa) :smiley:

Válido para qualquer contexto… se vais de cabeça ao chão… mais vale ter capacete!!!