Caro António Lourenço
Há mais de 10 anos que eu projeto infraestruturas para velocípedes. Felizmente que poucas para Portugal, porque não tenho nenhum prazer em fazer infraestruturas quando tenho por interlocutores pessoas - ditos técnicos - que denotam pouco conhecimento sobre a matéria e alguns nem sequer usam bicicleta ou projetam a partir do gabinete sem sequer se deslocarem por uma vez ao local.
Como decerto imaginará, desde a Suécia a França, dos EUA à Austrália, conheço bem e possuo todos os manuais de referência, quer os disponíveis gratuitamente, quer os pagos, encomendados.
Em 2009 reclamei para os Espaços Verdes sobre o tipo e qualidade da Infraestrutura que se estava a construir na cidade. Preferiam ignorar.
Em 2016 caracterizei todas os troços, identifiquei todos os tipos de patologia e apresentei soluções para as situações mais gravosas e preocupantes. Assobiou-se para o lado e optou-se por gastar 1,2 milhões de euros para mudar da cor vermelha para a cor verde.
Não vou aqui desfiar o rol de patologias e de erros pois são imensos e nos mais variados aspetos.
Deixo só como «acepipe», os 11% de inclinação longitudinal em cerca de 200 metros de extensão no troço que ladeia o jardim do Vale de Alcântara. Estou curioso de ver pessoas a subir e a descer em bicicletas sem auxílio de motor elétrico.
Mas é claro, o que interessa é atingir os 200 km em 2021 a qualquer título.
Por último, resta-me acrescentar que o Artigo do João Pimentel apresenta muito do que se deve e não deve fazer, mas ainda assim - com todo o respeito que lhe tenho - só levanta uma parte do véu, no que concerne à parte concecional.
Há muito mais para além do referido quer do ponto de vista concecional, quer do ponto de vista da construção e penso que o próprio João o reconhecerá. Aliás, no passado já falamos sobre isso e a nossa opinião é muito coincidente em quase tudo.
José Garcia