Caríssimos
Lisboa é o reflexo do que se passa em todo o país. Uma verdadeira manta de retalhos com troços isolados iniciados em algures para terminarem em nenhures.
O caso referido não é singular. A zona não é fácil de resolver porque se enveredou por duas tipologias que já de si são complexas de resolver: pistas para velocípedes bidireccionais quando em presença de interseções rodoviárias de geometria atípica e pistas para velocípedes unidirecionais colocadas em separadores centrais descarregando diretamente sobre interseções rodoviárias de movimento giratório (rotundas).
Muito do que tem sido construído é contra as melhores práticas em termos de segurança rodoviária em geral e segurança para utilizadores de bicicleta, em particular.
Como se não bastasse o mal que se faz por toda a cidade, foi publicado um Manual do Espaço Público que é uma verdadeira «Ode ao Disparate» no que concerne às infraestruturas para bicicleta e viola grosseiramente o Regulamento de Sinalização do Trânsito e a Convenção de Viena sobre sinalização rodoviária, bem como o próprio Código da Estrada e a Convenção de Viena sobre circulação rodoviária.
Como se tal não fosse suficientemente mau, quando se tenta fazer um trabalho sério, é imposto aos projetistas que sigam escrupulosamente tal manual, obrigando que estes violei o dever deontológico e ético a que estão obrigados, ato que é punível por Lei entre 1 a 8 anos de prisão efetiva. «Vale» o facto de termos uma justiça inoperante e o facto de as leis não serem para se cumprir em Portugal.
Perspetiva-se que em 2021, Lisboa possa apresentar aos forasteiros que visitem a cidade por ocasião do Velocity, cerca de 200 km de pistas para velocípedes.
Os acidentes com velocípedes e trotinetas estão a aumentar em catadupa. Grande parte da culpa está, sem a menor sombra de dúvida, na qualidade da infraestrutura, a começar pela largura (2,20 m) inferior à normal (2,50 m) e a paupérrima qualidade de soluções consideradas nas interseções rodoviárias.
O Parque das Nações é apenas constituído pela Alameda dos Oceanos e não liga a norte, à pista em direção ao Rio Trancão, nem a sul, à pista de Santa Apolónia. Entretanto já foram construídos vários quilómetros de troços isolados sem cerzir os troços que já existiam. São opções, a meu ver, erradas, que merecem o mais vivo repúdio.
Na carta que se enviar à CML deveria referir-se as descontinuidades que se verificam entre a pista de Santa Apolónia e o Rio Trancão.
José Garcia