Satisfação com a Ferrovia na Europa

Essa rua é um bom exemplo do desastre que é a mobilidade em Oeiras!

1 Curtiu

De carro ou de bicicleta, é a rua mais directa para ir da estação de Algés para a minha casa. Não a uso, vou à volta. É uma catástrofe autêntica. Acho que não conheço pior… quando vou a pé para a estação tenho de a atravessar. Problema: é uma rua com muito movimento e nenhum carro pára para me deixar passar porque eu não consigo passar na passadeira porque está permanentemente com um carro estacionado em cima.

Não é preconceito, vê o caso da aviação. A Ryanair foi a empresa que nos últimos anos mais voou para o Porto, exatamente aquele aeroporto que a companhia pública tap diz não querer voar por não ser rentável. A tap dá prejuízos, a Ryanair dá lucro. Os engenheiros conhecem muito bem um conceito que normalmente é ignorado pela esquerda: eficiência. Ter o máximo resultado com o mínimo dinheiro.

Quando as autarquias entregam a limpeza do espaço público a privados, estes vão executar exatamente a mesma limpeza que o público fazia, exatamente porque é a entidade pública a cliente da empresa privada, e é o cliente que decide o que quer. E invariavelmente é um processo sem retorno porque fica mais barato ao município.

Não escrevi que as escolas privadas são melhores que as públicas, então no caso das universidades é obviamente o contrário. Disse apenas que os pais, quando tinham essa opção, preferiam colocar os filhos nas escolas privadas, sendo que estas custavam menos ao estado por aluno.

E se os pais também preferirem levar os filhos à porta da escola de automóvel? Com menos custos para o Estado que não tem que investir em transporte escolar? Só não estás a contabilizar as externalidades todas. Ou seja, quando avalias as duas opções também tens de considerar a qualidade do ensino. E quanto aos custos, há relatórios que mostram que nalguns casos as privadas eram mais baratas para o Estado, noutros era a escola pública.

João aí estás a comparar coisas completamente diferentes… usar o carro tem fortes externalidades negativas. Um serviço público, por se tratar de um bem essencial, produz o inverso, externalidades positivas. Tal como em economia o ideal é internalizar custos quando eles são externos, o mesmo acontece com os ganhos, internalizar ganhos quando uma actividade produz mais benefícios para a sociedade do que aquilo em que é recompensada. São os chamados impostos pigouvianos e subsídios pigouvianos. Um exemplo clássico do primeiro é taxar a poluição, um exemplo clássico do segundo é subsidiar a educação. E certamente que um professor do público não exerce uma profissão mais nobre que um do privado… ambos são professores, em ambos a missão é passar conhecimento e formar futuros cidadãos.

Insistes na falácia. Uma empresa pública tem uma obrigação de prestar um serviço, quer ele dê lucro ou não. Agarrando nesse exemplo das companhias aéreas, que até nem me parece o melhor exemplo, uma TAP pode ter a obrigação de manter uma ligação não rentável enquanto uma empresa privada, simplesmente a deixará cair.

E insistes em ignorar aquilo que já aqui escrevi: se uma empresa pública não é bem gerida, a solução não é privatizá-la. A solução é passar a gerí-la melhor. Esse deve ser o objectivo, porque até nos EUA há gestão pública, e o que queremos é que os dinheiros públicos sejam bem geridos.

De resto, não tenciono voltar a este tema. Como ali em cima já tinha concluído, não vamos mudar de opinião.

Não leste sequer o que escrevi. Repito, a tap não voa para o Sá Carneiro no Porto porque diz que lhe dá prejuízo, a dita companhia pública de bandeira que deveria prestar serviço público em rotas não rentáveis. É esse o teu argumento. E quem é que voou mais para o Porto? A Ryanair. Eu acho, que na tua lógica, os contribuintes deviam sim subsidiar a Ryanair.

Claro, mas a história demonstra que isso é extremamente difícil. Se for privada, se der prejuízos, o problema já não é meu, é dos acionistas. Olha a PT, foi mal gerida enquanto pública e depois foi mal gerida enquanto privada. A pequeníssima diferença, é que agora enquanto privada, eu não pus lá o meu dinheiro, e não foi por isso que ficaste sem telecomunicações. Pelo contrário, nunca houve tanto acesso a telecomunicações como agora.

Se os pais pagam impostos que devem incluir as externalidades (eu sei, não chega), quem sou eu para censurar a opção deles. Se o problema está nas externalidades do automóvel, e está, não é criando outro problema que resolves o anterior. Tens que internalizar os custos ao automóvel, ponto.

Calma aí, também não ficou claro que as escolas secundárias públicas são muito melhores que as privadas, aliás o artigo que citaste é vago nisso, apenas deu outra perspectiva para contrastar com a classificação dos exames nacionais, onde as privadas estão todas no top 10. Não faças cherry picking.

E já agora, mesmo em teoria, deve um pai ser prejudicado pelo facto de querer colocar o filho numa escola com menor qualidade de ensino? Não sabes a motivação do pai. Imagina que fica perto do seu trabalho? Que tem aulas de natação? Que fazem Ioga? Também não tem isso externalidaes positivas? A métrica para “qualidade” seria tão complexa, que a melhor solução mesmo é deixares os pais escolher.

1 Curtiu

Sim, eu sei que num caso são externalidades negativas e noutro positivas. Era só para mostrar que ele não estava a contabilizar os efeitos todos na avaliação.

@jmpa vis este tedtalk e lembrei-me de ti :smile:
combina transportes com uma crítica acérrima ao controlo da economia, a sério, vais gostar

@MarioJAlves vê também :slight_smile: o tipo é “dos bons”

1 Curtiu

É extremamente complexo arranjares uma métrica para isso, e por isso é que o Marxismo é uma utopia. Lembro-me de ler partes d’O Capital, onde Marx fala do preço dos produtos, e que é injusto o preço das coisas depender apenas dos valores de mercado, que segundo a sua teoria, não repercute de forma rigorosa e objetiva o custo dos inputs (extração, processamento, trabalho, etc.) ao longo da cadeia de produção. Tal como foi exposto posteriormente ao longo da história, o problema reside na complexidade dessa metrificação, sendo que a experiência dita-nos que é sempre muito mais fácil, simples e eficaz deixar os agentes económicos decidir sobre o preço das coisas em função da oferta e da procura.

Nesta situação sou pouco liberal. De que me serve que paguem mais impostos se as crianças vão ter doenças respiratórias na mesma? Vai haver dinheiro para pagar os tratamentos? Não é esse que deve ser o objetivo.

Já conhecia essa ted talk, e apoio a opção deles, mas parece-me que te esqueces sempre do problema das soluções de mercado. Só quem tem dinheiro é que vai poder poluir ou congestionar as estradas ou beneficiar do descongestionamento no seu automóvel. Agora aplica isso a Lisboa:

https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/ricardo-paes-mamede/nao-e-lisboa-que-e-privilegiada-sao-alguns-dos-que-ali-moram-11552449.html

Mas já que falaste em escolas, lê este artigo agora por causa do vírus:

Na América Latina eles não optaram pela solução de mercado e tiveram aquele esquema com as matrículas pares e ímpares. E depois tinhas pessoas (quem podia) a comprar dois carros para ter as duas matrículas. A solução de mercado é mais simples, fácil e a que menos provoca esquemas e mercados paralelos. Claro que há impactos sociais na desigualdade, mas pensa sempre no que disse aquele filósofo francês, quando comparou a vontade de todos terem carro, com as casas à beira-mar. Não há costa suficiente para que toda a gente possa viver à beira-mar. E como é que resolves o problema? Não é usando a solução de mercado, mesmo sabendo que os pobres não poderão comprar casas à beira-mar?

isto é reduzir muito o objectivo de um privado, ou não?

1 Curtiu

Mesmo que o único objetivo seja o lucro, e é-o muitas vezes, o problema que eu vejo na esquerda como por exemplo na retórica do @jmpa , é que nunca reconhecem externalidades positivas na busca pelo lucro. Ora é essa a essência do progresso capitalista, tal como muito bem explicado por Adam Smith, que posto em termos económicos modernos seria o seguinte: as externalidades positivas provenientes do egoísta que visa unicamente o lucro, permitem o progresso social, tecnológico e humanista. Quando eu abro um café no bairro, porque viso única e exclusivamente o meu lucro e os meus rendimentos, passo a servir pequenos-almoços à comunidade local, crio um efeito sinergético no bairro, dou emprego, pago impostos que visam apoiar as políticas sociais do estado, crio procura a montante na cadeia económica (electricidade, rendas, etc.). Eu visei apenas o lucro, mas as externalidades positivas são tantas, que quando analisamos as diferenças entre os dois regimes das Coreias, praticamente exatamente o mesmo povo, a mesma cultura, a mesma língua, as mesmas famílias divididas entre um regime comunista onde o estado controla toda a economia e outro onde as empresas visam apenas o lucro egoísta, não tenho a menor dúvida que o atraso civilizacional de Portugal não reside na cultura do sul da Europa, mas no Landgeist vigente nos intelectuais portugueses, que é essencialmente socialista, e uma aversão católico-cultural ao lucro, ou como dizem os Castelhanos “gananzias”.

1 Curtiu

Há inúmeros exemplos de soluções bem sucedidas para tirar carros das cidades em todo o mundo. Quando começas progressivamente a eliminar estacionamento no centro de uma cidade ou a fechar ruas ao trânsito, sem mexer no preço do estacionamento e sem introduzir portagens urbanas, isso não é uma solução de mercado. E tem funcionado melhor que por exemplo as congestion e emissions taxes de Londres, que continua super poluída.

Eu não sou de esquerda, só que como estás apenas a apontar as vantagens do liberalismo, alguém tem de apontar as falhas e defender os argumentos sociais. Esta é a minha referência económica:

Os privados podem querer o lucro acima de tudo… mas não buscamos todos? Eu também não trabalho para aquecer… nem os funcionários públicos trabalham para aquecer! Toda a gente precisa de receber. Na vontade de se ter lucro, há qualquer coisa que se constrói pelo caminho. Uma grande empresa que vale milhões jamais o seria se não criasse algo muito útil para muita gente.

Claro que o Estado pode e deve procurar gerir os recursos públicos do modo mais eficiente possível como diz o Ricardo. Mas já há quem se tenha empenhado muito a tornar os processos mais eficientes, não é preciso reinventar a roda. Até a maior das empresas chinesas (um país comunista) de sucesso nos vários sectores são privadas… não têm liberdade política, mas têm muita liberdade económica (caricato para país “comunista”), e é isso que lhes tem permitido dar um boost à economia. Às vezes a hipótese mais eficiente em termos de custo-benefício é mesmo contratar um privado, e não há nenhum mal nisso.

1 Curtiu

João liberalismo também é restringir coisas! O liberalismo (não confundir com capitalismo selvagem) alinha-se pela máxima de “a liberdade de um acaba onde começa a de outro”. Para o liberalismo, liberdade é o valor máximo e absoluto.

A solução que apontas de reduzir lugares de estacionamento é obviamente uma solução de mercado. Estás a cortar a oferta… nesse caso o reajustamento do mercado será feito não pelo lado do preço mas pelo lado da quantidade. Seja pelo preço ou pela quantidade, ambas as opções levam a procura a ajustar-se inevitavelmente, até que o mercado volte a encontrar um ponto de equilíbrio (às vezes isso não acontece e a isso chama-se falha de mercado, que é quando o Estado deve intervir para corrigir ineficiências que o mercado produz - embora seja comum desequilíbrios ocorrerem por o Estado intervir quando não devia… mas a falha neste cenário seria a procura por lugares nunca diminuir, e em vez de termos mais carros estacionados temos mais carros a circular à procura de lugar - mas sabe-se que não é isto que acontece, o mercado tende a equilibrar-se e ajustar-se sozinho). A diferença é que actuar neste mercado pelo lado do preço ficará muito aquém quando comparado pela quantidade, porque empiricamente sabe-se que o uso do carro tem uma procura muito rígida. Oscilações grandes nos custos (seja ele combustível, impostos, portagens, estacionamento, etc) de usar um carro produzem efeitos muito reduzidos no seu uso.

1 Curtiu

Certo.

O grande problema é quando entramos nos serviços sociais essenciais, que são difíceis de ser lucrativos sem causar preversidade, por exemplo:

Saude, no extremismo, acabamos como os americanos, ou pagas, ou morres.

Educação, ou pagas ou chumbas.

Etc, …