Num comentário de hoje no jornal Público (a propósito do trânsito no bairro do Arco do Cego em Lisboa), alguém escreveu: “…é normal ver ciclistas adultos a circularem em cima dos passeios e a passar com o sinal vermelho”. Não sei se é “normal” como ele diz, ou se é pouco habitual, mas já assisti por várias vezes (demasiadas) a comportamentos destes, que nada abonam a favor dos ciclistas. Para as atitudes agressivas de automobilistas, camionistas e motociclistas (como a que se descreve neste tópico) existe até uma minuta de queixa, mas como podemos fazê-lo em relação às atitudes irresponsáveis e perigosas desses utilizadores de bicicleta, se não existe nada na bicicleta que os identifique?
Alguma sugestão?
Luís
Como fazes quando uma pessoa a pé tem um comportamento perigoso? Ou uma pessoa num skate? Ou trotinete?
Vamos, todos juntos resolver este problema, o de pessoas sem matrícula visível.
Não é permitido? E um turista a fazer um vídeo na rua, também não é permitido porque não está regulado?
Tanta coisa parva em Portugal…
Boa noite Bina,
(Não sei se é mesmo capitão por posto militar, se é nome próprio, se apenas um desejo ou uma graçola. Mas tratar alguém por capitão… não me leve a mal, mas já lá vai o tempo).
Talvez eu não me tenha explicado de modo a que entenda onde reside o problema. Aqui vai então de forma mais concreta: quando tento defender a utilização da bicicleta e a menor utilização de carros particulares - junto de quem é automobilista inveterado e avesso a bicicletas no trânsito - o argumento que usam é sempre o dos maus exemplos dos ciclistas, principalmente o de passarem pelos passeios para contornar o trânsito e furar os sinais vermelhos pondo a sua vida e dos outros em risco. Ou seja, “como querem ser respeitados se não respeitam o código”? Como provavelmente compreenderá, não é com comparações despropositadas com skates e trotinetes que os convenço da justa reivindicação dos bons ciclistas, da sua causa e da necessidade de refrear a voracidade dos motorizados. Gostaria de poder dizer a essas pessoas que denunciem os casos de infração que vêem, pois só contribuem para dar uma péssima imagem dos ciclistas; no entanto é óbvia a impossibilidade prática de fazer tal denúncia. Só maior fiscalização sobre todo o trânsito poderá moderar maus comportamentos de todos os utentes. Quem vai de carro ou transporte público, claro que não pode parar no meio da via e correr atrás dos prevaricadores, obrigando-os a identificarem-se. Nem o poderia fazer! A questão é que me perguntam como denunciar um mau comportamento (sabendo que não há resposta), apenas porque querem mostrar que é a falta de identificação das bicicletas (que circulam pelas mesmas vias que os motorizados) que é o principal factor de impunidade. Para a minha pergunta claro que vale a mesma resposta: não é possível denunciar os prevaricadores que afinal estão a prejudicar a maioria. E tente perceber que os peões, os skatistas e os trotinetistas atravessam a via pública, mas, diferentemente dos ciclistas, não a partilham com os motorizados.
Matrículas para bicicletas só no dia em que:
- Um ciclista choque contra um carro e mate os 5 ocupantes
- Um ciclista choque contra uma casa e mande abaixo a parede
- Um ciclista rapte uma pessoa numa cargo bike
- Um ciclista suba um passeio, mate 3 peões e fuja de seguida
Os automóveis não têm matrícula nem seguro obrigatórios pelo simples facto de andarem na estrada: têm-no pela enorme quantidade de externalidades negativas concomitantes, que simplesmente não existem numa bicicleta, skate ou trotinete.
Querer meter tudo em pé de igualdade é idiota. É como exigir tacógrafos nos veículos ligeiros, só porque os camiões são obrigados a ter.
Por mais irreponsável que um ciclista possa ser (e há alguns por aí), nunca causará o dano de um mau motorista. Um ciclista irresponsável é inconveniente, é irritante, é um #firstworldproblem. Quantas pessoas morrem por ano em Portugal mortas por ciclistas irresponsáveis? E por motoristas?
furar os sinais vermelhos pondo a sua vida e dos outros em risco.
Dá-me um exemplo, um só, de um ciclista que causou a morte de outra pessoa ao passar um sinal vermelho em Portugal. Um só exemplo e eu calo-me.
Virando agora o jogo: como ciclistas temos de ser mais inteligentes e não aceitar quando nos dizem: ah e tal há ciclistas que não cumprem as regras! Cada ciclista não é embaixador nem representante de todos os outros. Por que é que um mau ciclista há-de dar “mau nome” a todos os ciclistas? Por que é que os ciclistas só terão direito a ser respeitados quando TODOS respeitarem o código da estrada? Passa-se isso com os motoristas???
Queres eliminar os maus ciclistas, que andam nos passeios e passam sinais vermelhos? Faz campanha por boa infraestrutura ciclável: direta, conveniente, segura, segregada, com o mínimo de cruzamentos com veículos motorizados.
Pronto. Já tirei a dúvida: ‘capitão’ é por aspiração subconsciente. Boa noite e não se excite muito, ou ainda atropela alguém.
Parto então do princípio que não consegues responder a nenhuma das minhas questões, daí que tenhas de tentar fazer uma graçola com o meu nom de guerre.
Eu acho piada a essas acusações de que os ciclistas são irresponsáveis, à coisa de um ano, no hospital ouvi a conversa de um enfermeiro, com um taxista, que se queixava ter ido parar ao hospital por se ter assustado com dois ciclistas que se atravessaram à frente dele, e o enfermeiro cheio de moral e bons costumes, dizia que na marginal era só ciclistas a passar o vermelho. Passei-me da marmita e só lhe perguntei se ele (enfermeiro) sabia porque é que os ciclistas faziam isso, e se ele sabia do risco que havia para um ciclista ao arrancar ao mesmo tempo que um automóvel… respondeu-me que não havia pensado nisso… já o facho do taxista que adormecia a meio das frases, que via a dobrar, e que sofria da apneia, era um herói.
Logo um taxista, com visão dupla e micro-sonos… um herói do transito…
Sou condutor diário e por cada irresponsabilidade que vejo de ciclistas, vejo centenas de asneiras de automobilistas. Não fosse um condutor hiper defensivo, já tinha quinado à muito tempo, e nunca foi com ciclistas. Hoje menos, mas passava milhares de horas ao volante, NUNCA, NUNCA, tive problemas com ciclistas.Já camiões e taxistas… (Taxistas, Amadora e rotundas… um mix que é um mimo).
Ainda assim, um taxista não representa a sua classe, porque senão o jorge máximo, que acha que as meninas virgens são para ser violadas, deve ser o epitome do ser-taxista.
E da mesma maneira que se faz diferença entre motards e “quem anda de mota”, tem de haver necessariamente diferença entre quem anda de bicicleta na garagem, e quem a usa como meio de locomoção. Não me custa nada que adultos andem no passeio assim havendo espaço, porque normalmente quem o faz é porque está inseguro em relação à estrada. Tem medo, e por isso anda mais devagar, desvia-se das pessoas e passa a vida com os pés no chão… alguns quase que nem precisavam de ter pedais lolol…
E também não me custa que usem as passadeiras porque não representam perigo para os peões, pelo menos com este grau de utilização da bicicleta no meio urbano.
O que noto, é muito fundamentalismo irracional, para com o ciclista. Não percebi ainda a razão, mas para talibans, já basta os que a CIA fabricou.
Para não ficar completamente off-topic, espero que consigas levar isso para a frente e que as imagens sejam consideradas como válidas.
Parece-me que pode ser uma questão de jurisprudência, se já houver casos em que as imagens foram aceites, pode-se sempre referir esses casos como reforço para a aceitação das que fizeste tu.
Sim, já há jurisprudência, se não estou errado.
Além disso, conheço 5 casos em que o video serviu para emitir autos de contra-ordenação (um deles é meu).
Boa tarde!
Ontem recebi um novo email, desta vez da GNR de Leiria reforçando o email anterior onde dizia que o meu caso seria enviado para o tribunal de Alcobaça! Hoje recebi um telefonema da GNR de Leiria onde me foi dito que o processo tinha sido transferido para o tribunal de Leiria e que possivelmente teria de me deslocar ao mesmo para prestar depoimento!
Resta esperar que este tipo de situações que cada vez são mais recorrentes, comecem a ter outro impacto nas autoridades e não fechem os olhos a estas infracções perigosíssimas para os ciclistas! Abraço ao pessoal que tem acompanhado o meu caso e tem dado aquela força para não baixar os braços!
Força. Caso vás a tribunal, prepara-te para teres um advogado de defesa a deitar-te a baixo. Mesmo a acusação não te facilitará a vida. Se precisares de apoio, é capaz de haver aqui 2 ou 3 utilizadores do fórum que já passaram por isso (eu inclusivé). Força.
CB
Obrigado por ires com este processo para a frente. Pode eventualmente não parecer, mas é um esforço real em prol da mobilidade em bicicleta. Força!
Boas! Um advogado de defesa a mandar-me a baixo? Explica lá que não percebi!
O advogado de defesa vai tentar passar a imagem que tu és o ciclista mais irresponsável do mundo, descredibilizando-te e assim fazendo cair a acusação. Espera perguntas como:
- Por que ias no meio da via?
- A lei diz que os veículos devem circular o mais à direita possível. Tu ainda tinhas 3cm à tua direita. Por que não ias o mais à direita possível?
- Fizeste de propósito para te chegares à esquerda quando viste o condutor a ultrapassar?
- Porque não abrandaste ou paraste?
- Sabes qual é o limite de velocidade nessa estrada?
- Qual a cor da tua roupa? Não tinhas amarelo fluorescente com luzinhas e sininhos? Como esperas que um condutor te veja quando ias a alta velocidade assim vestido?
- Tinhas luzes?
- Tinhas capacete? Um ciclista sem capacete, mesmo legal, demonstra falta de cultura de segurança, isto é não sabe o que anda a fazer na estrada, mete-se em situações perigosas e acusa motoristas de o fazer.
- Tinhas refletores frontais, traseiros e nas rodas?
- A que altura está o refletor frontal?
- A bicicleta foi inspecionada pela polícia no seguimento da ocorrência?
- Por que andas com câmara?
- Essa câmara está registada na Comissão de Protecção de Dados?
- Andas à procura de problemas para gravares com tua câmara?
- Tens alguma formação para andar de bicicleta?
- Tens carta?
- A que velocidade ias? Não sabes? Nem sequer sabe a que velocidade vai, Meretíssimo!!!
- A que velocidade ias? 25km/h? Que fique registado que a testemunha ia a uma velocidade irresponsável e perigosa.
Be fucking prepared.
He he he, bem se for um questionário desse tipo é para rir!
Eu diverti-me mais a escrever do que tu te vais divertir. Força, pá.
Olá, Filipe!
Vi o vídeo. Assustador e revoltante. Já partilhei.
Fazes muito bem em denunciar. Temos mesmo que nos fazer ouvir por todas as vias.
Força!
Desculpa, só agora me apercebi que o caso vai a tribunal.
Obrigada pela coragem, pois realmente é um serviço a todos os utilizadores.
Eu já estive em tribunal, na sequência de um acidente de viação com a minha bicicleta. Mas foi por atropelamento de um peão, sendo eu a acusada.
Foi em Junho de 2013, no cruzamento entre Antero de Quental e Constituição, no Porto.
Uma senhora atravessou a rua com sinal vermelho, nem olhou, pois não ouviu nada…travei, gritei, mas não pude evitar chocar contra ela…caímos ambas.
Segundos depois de se levantar e se queixar, diz-me logo. “Mas vai-me pagar…” “Vou pagar o quê?” "O champô…"
Perante o insólito da situação fiquei pasmada, até que percebo que ela está a apontar para o saco plástico no chão, donde efetivamente se via um frasco de champô a verter no chão.
Inicialmente, pela vontade de resolver a situação, até lhe disse logo, “ok, vamos la´comprar o shampô”. Mas a senhora, depois, influenciada por um homem que surgiu do outro lado da rua a vociferar contra mim, decidiu chamar a polícia, Ficou registada a ocorrência. Quase um ano mais tarde, recebi intimação, e em sequência fomos a tribunal para um julgamento que o meu advogado oficioso classificou como “um número de circo”.
A senhora D. Rosalina pintou a história de todas as cores, alegando que estava verde quando passou, e desta feita já queria pagamento por cosméticos vários, já não era só o champô… Beneficiou-me muito o facto de ela não ter um discurso minimamente lógico. Inclusive, interrompeu o Juiz, enquanto este a interrogava! Também me beneficiou ter uma testemunha, que mesmo não tendo visto o acidente, viu a D. Rosalina entrar e sair do seu estabelecimento, imediatamente antes da ocorrência. Melhor ainda, a D. Rosalina, estupidamente, desmentiu que estivera no dito estabelecimento, quando isso não provava nada…
Bom, que sirva de anedota esta história e para pensar que há julgamentos que correm bem, para o nosso lado.
De salientar que em situações destas, convém procurar assegurar testemunhas, quanto antes. E ter muito cuidado com os peões, especialmente se levarem sacos com champô!
Espero que a abundante distribuição de estupidez humana também te favoreça!
Boa sorte!
Boa tarde! Obrigado pelo apoio, beijinhos!
Boa noite pessoa!
Passei só para dizer que em relação ao meu caso, fui ontem ouvido na GNR e entreguei o vídeo a pedido do Ministério Público, vinha também uma minuta que pedia que eu pormenorizar-se os acontecimentos! De louvar o profissionalismo do GNR que me atendeu que ficou assustado quando viu as imagens e mostrou total indignação com a manobra do condutor, segundo ele, quando o Ministério Público pede imagens e declarações ao pormenor quer dizer que a coisa ficou preta para o lado do condutor! Para o pessoal que já passou por alguma situação parecida, pediram algum tipo de indemnização? Sempre que houver novidades vou mantendo actualizado o post, beijos e abraços!