Boas Rui
as pessoas não deixaram de usar a bicicleta apenas porque ficaram mais ricas. O PIB per capita na Holanda é mais do dobro do português. As pessoas deixaram de usar a bicicleta porque o carro passou a ser o alfa e o ómega das políticas levadas a cabo pelo estado. Porque ficou inseguro e perigoso usar a bicicleta. Mudas esse paradigma e as bicicletas voltam. Aliás, não diria que quem usa a bicicleta em Lisboa sejam os mais pobres, diria que é o contrário, são pessoas informadas e normalmente com formação superior, tendencialmente com mais posses.
Se o index é para avaliar friamente o quão amiga das bicicletas é uma cidade, o melhor indicador é dado pelas pessoas (teoria dos grandes números não falha), e não por critérios burocráticos.
Creio que o comentário do Rui era no sentido de que o relativismo cultural também se nota dentro do mesmo país. Em todo o caso, é necessário ter em conta o contexto e história quando tiras conclusões.
Por exemplo, a comparação com a Holanda é descabida (relativismo cultural) e também errada. Na verdade, quando os holandeses viram o seu poder económico crescer brutalmente após a 2ª Guerra Mundial, deixaram de facto de usar bicicleta e o número de automóveis cresceu imenso. Aconselho veres este vídeo sobre como os holandeses conseguiram as suas ciclovias: https://www.youtube.com/watch?v=XuBdf9jYj7o
Cito o q escrevi “o pres. CM Aveiro disse várias vezes q quando era criança as pessoas andavam de bicicleta, mas deixaram de o fazer pq as pessoas ganharam poder económico para ter carro, q andar de bicicleta ainda é encarado como um meio de deslocação dos pobres, etc. Nunca disse q andam poucas pessoas de bicicleta em Aveiro pq não existem percursos seguros e cómodos para o fazer.”
Estás a esquecer a mudança que se deu entre 80 e 90: Depois dos anos 80 com a entrada na UE e com o acesso a crédito as pessoas queriam ter o que não podiam ter antes, carro para todos e não só para os ricos. O carro aí como estatuto social…na holanda imagino que isso terá acontecido antes. Curiosamente, nunca houve tantas bicicletas como desde essa altura, também pelo aumento do poder de compra e pelo aumento da oferta de bicicletas mas estao nas garagens e quintais…
Agora estamos a começar a retroceder nesse aspecto, o carro já começa (lentamente) a não ser considerado um símbolo de status mas um utilitário. Em frança estatisticas recentes mostram que os jovens já não querem ter carro.
Neste momento em Lisboa, ve-se as duas coisas. Ha cada vez mais bicicletas a serem utilizadas como alternativa económica em classes mais baixas. É o que eu vejo porque moro numa zona muito misturada. Reparas em bicicletas de gama muito baixa, curiosamente na maioria das vezes em cima do passeio
sim, de facto é verdade, mesmo na Holanda, reparo empiricamente que marroquinos e turcos (ou descendentes), assim como emigrantes do sul da Europa, têm mais tendência a usar o carro, do que os “holandeses”. Não sei se haverá influência também do Calvinsimo que preconiza uma vida de austeridade, como uma virtude. Todavia, devo confessar após anos a investigar estas coisas, que o fator mais importante é mesmo o sistémico, o de paradigma, as infraestruturas. E depois, como refere o @antoniopedro, andar de bicicleta é muito mais barato e tal deveria ser um incentivo em países com menor poder de compra.
Conheço muito bem esse vídeo, e apenas me estás a dar razão. Foi a mudança estrutural e de paradigma no espaço público, que fez mudar os hábitos de mobilidade. Esta avenida na Haia, na Holanda, tem a largura da av. 5 de Outubro em Lisboa.
Claro, claro; mas o IUC sempre foi ridiculamente baixo, o mesmo o ISV (antigo IA), e o estado durante as últimas décadas mais não fez que construir rodovia e parques de estacionamento, e naturalmente as pessoas seguiram o caminho; por exemplo na linha de Sintra em vez de se alargar a linha ferroviária quadruplicando a linha, colocou-se o IC19 com perfil de AE (3 vias em cada sentido) e gratuito, investiu-se milhares de milhões na A5 e deixou-se a linha de Cascais ao abandono; ou seja, a culpa não foi das pessoas/utilizadores, foi da tirania estatal que nos impôs a todos, perante o atavismo da sociedade civil, um modelo de mobilidade centrado unicamente no automóvel.
E ainda a proposito desta publicidade descarada ao carro
Ha uns dias a @ana_santos apresentava numa conferencia o exemplo de um intervalo publicitario em hora de jantar com 8mn e 5anuncios de carro. Era algo assim, nao era Ana?
De facto a malta é programada desde a tenra idade, mas felizmente outros paises estao a ver alteracoes nestes comportamento. Chegará ca tambem
Já para não falar na quantidade colossal de publicidade a automóveis em horário nobre da TV. Reparem no pormenor qual é sempre a primeira publicidade do primeiro intervalo dos telejornais das 20:00 (a mais cara de todas).
Não amanso “nada”. Quando leio o Observador sei ao que vou, tal como quando leio o Avante! Mas prefiro estes jornais aos outros, que sob a capa de neutralidade, são mais influenciáveis. Nos EUA quase todas as edições dos jornais apresentam orientação política pública e dizem mesmo que candidatos defendem.
Mas não comparar o Observador com o Avante. Este tem um propósito político assumido. O Observador tem o mesmo propósito mas escondido, assumindo-se como “isento e apartidário” (Desculpem o off-topic).
É óbvio que o Observador é de direita, basta ver a lista dos comentadores. E é da direita clássica, pois faz uma coisa que para mim sempre foi estranha, que é juntar liberalismo com catolicismo. Mas ter ideologia não implica ter partido. O Avante tem ideologia e tem partido.
É precisamento isso que me faz espécie. Não é ser de Direita. É ser anti- liberdades individuais, de costumes, onde o ciclismo urbano (que é político, pois altera meios e comportamentos do dia-a-dia) é também afectado negativamente.
As políticas pró-automóveis que há muito tempo marcam a realidade portuguesa (e não só) são antagónicas às liberdades individuais. Só um estúpido não o entende.
Em temos diz alguma pesquisa superficial sobre a existência destes rankings aplicados a Portugal.
As minhas questões:
Como está este projeto?
Porque não utilizar integralmente ou adaptando, um dos muitos rankings existentes? A vantagem de reutilizar seria também a de poder comparar os resultados com outras geografias.